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Carnaval de Araguari é ruim? Ruim para quem?

Da jornalista Talita Gonçalves na Gazeta do Triângulo, hoje:

Ok, confesso que também já olhei o festejo de nossa cidade com certo desdém, mesmo porque essa é de longe a data do ano que menos gosto. Mas não vou tecer críticas severas ao Carnaval; a colega de profissão que agora é fenômeno no Twitter e no Youtube, Rachel Sheherazade (com “ch”), tratou de fazer isso com elegância jornalística.

Carnaval bom era o de antigamente. Pode até ter sido, não sei, mas é uma pena, agora estamos vivendo em outros tempos. E por que hoje ele não é bom? Não sei, ou melhor, talvez eu saiba, mas não é disso que se trata esse artigo de opinião, e justamente por isso preciso começar a expressar a minha.

Neste ano resolvi deixar a pretensão de lado e fui até o Parque de Exposições Rondon Pacheco para prestigiar o desfile das escolas de samba de Araguari. Deparei-me com lugar lotado de pessoas que se divertiam, um lugar com uma boa estrutura, com boas bandas. Quanto ao desfile, seria um absurdo compará-lo ao das capitais paulista e carioca, mas vi muita alegria, uma alegria verdadeira que não vejo em clubes renomados e outros lugares requisitados.

Em meio à multidão – sim meus caros, não foi a cidade inteira que saiu correndo para as águas quentinhas de Caldas nem para os supostos “verdadeiros carnavais da região” em outras cidades - pude ver momentos que me impressionaram: a criatividade da Arrastão do Miranda em organizar uma ala com o time Cobra de basquete sobre rodas, marcando cestas durante o desfile, o Fordinho 29 do saudoso Afif Rade revivido pela Acadêmicos do Futuro, um pai incentivando o filho a seguir firme com o compasso do bumbo, um casal de namorados a sambar graciosamente, mestre sala e porta bandeira de uma festa que é boa para quem participa dela.

Apesar dos jogos de interesse envolvendo o Carnaval e tudo mais nessa vida, há sempre algo de especial e inexplicável que nos toca e permite-nos refletir sobre o sentido das coisas. É mais fácil permanecer com as idéias de sempre a correr o risco de contrariar a si próprio. É mais fácil continuar denegrindo sua própria cidade a contrariar meia dúzia de araguarinos com complexo de inferioridade. Voltei atrás em boa parte do que pensava anteriormente sobre o Carnaval de Araguari. Esta data continua sendo a que menos gosto, mas e daí? Fui lá, e me diverti.

* Talita Gonçalves é repórter da Gazeta do Triângulo. Prefere um bom show de rock, mas acaba abrindo exceções de vez em quando. Essa história de “cada um no seu quadrado” não está com nada.

2 comentários:

  1. Oi Thalita, seu artigo é excelente. Aposto que grande parte das pessoas que eventualmente falam mal do carnaval de Araguari não foram lá ver. E os muitos que foram, uma pena, não têm voz para dizer o que acharam.

    E adorei sua descrição. Cestas de basquete no meio do desfile? Uma homenagem ao Fordinho 29? Acadêmicos do Futuro? Isso tudo é muito legal e esperto. É só ter a generosidade para ver.

    No ano que vem fiquei com vontade de ir.

    Beijos do

    Ronaldo

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  2. Mais uma Thalita que ressuscita! O prazer e a alegria, quando a alma não é pequena, encontram-se dentro de cada um e não no que acontece à sua volta. Quem não gosta de carnaval é porque não se bronzeou, não tem rítmo, o corpo é feio, o sorriso é curto, a inveja é tanto... Sem contar os paradigmas que, forçosamente sociais, são incutidos nos Maria-vai-com-as-outras. O problema maior do carnaval é a liberilidade com que fazemos do nosso corpo, pois a alegria inebriante, faz com que tenhamos maior resistência às drogas de todas as espécies que ingerimos pra prolongar o contentamento. Com a mente dominada ninguém é de ninguém...

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