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Muito prazer!

Neiton de Paiva Neves

O que posso querer e desejar para mim e para você, nestas festas de Natal e fim de ano?

Evidentemente, tudo o que se costuma querer e desejar nesta época: amor, paz, saúde, felicidade, prosperidade, sucesso etc.. Quero e desejo tudo isso, sinceramente, para todos nós
.
Porém, tenho visto muita gente que, pelo menos parece, tem tudo isso e não revela prazer, não transpira harmonia interna e nem sintonia real com os outros. Parece que vivem com o piloto automático ligado, percorrendo o trajeto de sua vida direitinho, mas sem vibração e sem muito gosto. Falta-lhes prazer.
Prazer é uma palavra perigosa que pode significar muita coisa e assusta, porque muitos a ligam a exageros carnais, a vícios, a uma vida desregrada.

     Na Grécia antiga (-341--270]), viveu um indivíduo chamado Epicuro, ainda hoje conhecido e estudado por seus conceitos e ensinamentos que, embora as naturais deturpações, definiu o prazer com as seguintes palavras:

“Porque não são nem as bebidas e os banquetes contínuos, nem o prazer do trato com as mulheres, nem o júbilo que dá o peixe e a carne com que se enchem as mesas suntuosas que ocasionam uma vida feliz, mas hábitos racionais e sóbrios, uma razão buscando incessantemente causas legítimas de escolha ou de aversão e rejeitando as opiniões suscetíveis de trazerem à alma a maior perturbação.

      O princípio de tudo isto e, ao mesmo tempo, o maior bem é, portanto, a prudência. Devemos reputá-la superior à própria filosofia, pois que ela é a fonte de todas as virtudes que nos ensinam que não se alcança a vida feliz sem a prudência, a honestidade e a justiça e que a prudência, a honestidade e a justiça não podem obter-se sem o prazer. As virtudes, efetivamente, provêm de uma vida feliz, a qual, por sua vez, é inseparável das virtudes”.

    Sem maior aprofundamento na filosofia de Epicuro, esse é o prazer que desejo às pessoas, quando ficam suando e malhando horas a fio em busca de um corpo sarado; quando, trabalhando 25 horas por dia, na 26ª. hora se dedicam à família; quando dizem odiar a política e o serviço à comunidade e vivem reclamando que ninguém faz nada; quando têm a língua afiada e inventam, aumentam e circulam boatos maldosos. Muito prazer, enfim, a todos que dele precisam e ainda não sabem disso e nem sabem como é tê-lo na vida cotidiana, mesmo com os obstáculos a saltar todos os dias e sempre.

    Bom, acho que este não é um bom tema para agora.

    Melhor é entrar no clima de paz, amor e generosidade que se instala desde a véspera do Natal até o início de cada ano e, infelizmente, não sobrevive até seu final. Ou estou enganado e sobrevive?

    Essa também não é uma observação, digamos, politicamente correta. Quem quer saber de indagações que perturbem as Boas Festas?    

    Deixo pra lá. Até ano que vem, Feliz Natal, Feliz Ano Novo e encerro com um poema de Bertold Brecht, intitulado “Prazeres”, que com certeza diz o que eu não consegui dizer:

O primeiro olhar da janela de manhã
O velho livro de novo encontrado
Rostos animados
Neve, o mudar das estações
O jornal
O cão
A dialética
Tomar ducha, nadar
Velha música
Sapatos cômodos
Compreender
Música nova
Escrever, plantar
Viajar, cantar
Ser amável.

2 comentários:

  1. Querido Neiton,
    Este clima de paz e generosidade típico dos meses de dezembro pode realmente não continuar ao longo de 2011... Mas podemos seguir os "prazeres" de Bertold Brecht - que lindo o poema! - ou então viver Cora Coralina:"Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces.Recomeça".Um abraço meu e de toda a minha família que tem por você grande carinho e admiração. Thaïs França de Lima

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