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Ivaldo Naves: a trajetória de sucesso de um araguarino

FOTO: DIVULGAÇÃO
De Carlos Guimarães Coelho no jornal Correio de Uberlândia, hoje:

Ele tinha apenas 6 anos quando saía de sua casa, na ponta da rua Mauá, na periferia de Araguari, para reforçar o orçamento doméstico engraxando sapatos e vendendo frutas pela cidade. O que aquela criança não imaginava é que chegaria à idade adulta dono de um império e distante da linha de pobreza que vivia naquele momento. Em sua labuta diária, o garoto que percorria a cidade a pé nem sonhava que no futuro teria o seu próprio avião.  Filho de uma lavadeira e de um ex-presidiário — cuja prisão, injusta, é considerada o maior erro judiciário do Brasil —, Ivaldo Vicente Naves lembra-se de uma juventude com a ambição de tornar-se alguém. E assim o fez. Hoje é proprietário único do Grupo Rodoban, que possui 18 filiais em seis estados brasileiros, emprega quase 4 mil pessoas e fecha o ano de 2010 com uma previsão de faturamento na ordem de R$ 210 milhões.

Após ser engraxate e vendedor de frutas, Ivaldo, já adolescente, conseguiu uma vaga como contínuo, nome dado ao office boy da época, em um escritório de advocacia. E foi para ser advogado que ele, depois de cursar a escola pública em Araguari, mudou para Uberlândia, onde ingressou na faculdade de Direito e, posteriormente, na de Administração. Para se sustentar na cidade, no período de estudante, foi trabalhar no setor de dívida ativa da Prefeitura de Uberlândia e, mais tarde, como secretário do Cajubá Country Clube. Logo que se estabeleceu, trouxe a mãe e as irmãs para viverem em Uberlândia. O seu pai não conseguiu se reerguer do erro judiciário que virou até tema de filme (O Caso dos Irmãos Naves) e morreu quando Ivaldo tinha 15 anos.

Em 2010, Ivaldo Naves comemorou os 40 anos do momento que foi a grande virada de sua vida. Enxergou no serviço de despachos bancários a oportunidade de subir na vida e abriu, em 1970, uma empresa com esse fim, que batizou de Ivene. Neste pontapé inicial para os negócios bancários, o único veículo da empresa era uma bicicleta.

Hoje, sua ampla sala já denota a história construída desde então. Além das dezenas de certificados de Honra ao Mérito e títulos de cidadania emoldurados na parede, lá estão, também emoldurados, o primeiro registro de sua firma individual e o primeiro dinheiro que ganhou com o seu trabalho, uma nota de dois cruzeiros. Entre as honrarias está a Medalha da Inconfidência, título concedido anualmente, em 21 de abril, pelo Governo de Minas Gerais às personalidades que contribuem com o sucesso do Estado em todas as áreas.

Empresário hoje se diverte com o passado

Entre os acontecimentos pitorescos do passado, dos quais hoje o empresário Ivaldo Naves acha graça, está a época em que sua frota tinha apenas quatro carros (hoje são 800 veículos). Ele se lembra de ocasiões como quando um dos motoristas faltava e ele próprio fazia a coleta e entrega dos malotes bancários pelas cidades do interior.

Ele disse que teve momentos de desânimo, sem expectativas, quando precisou recorrer à garra e à determinação para superá-los. Hoje, orgulha-se dos resultados alcançados em decorrência de sua perseverança à frente de um grupo que atua no ramo de segurança, TV a cabo e internet e fazendas reunidas.

Casado há 32 anos com Penka Maritza, ele é pai de três filhos, dois deles trabalham em suas empresas na capital mineira. O terceiro é recém-graduado em Direito e dá seus primeiros passos como empresário, no ramo de comércio eletrônico, também na capital mineira.

Pai não conseguiu se reerguer da injustiça


Ivaldo Naves nasceu pouco mais de um ano após o pai sair em liberdade condicional de um cárcere de oito anos. Ele é filho de Sebastião Naves e sobrinho de Joaquim Naves, protagonistas de uma das mais trágicas histórias de erro judiciário no Brasil, transformada em livro (“O caso dos irmãos Naves, um erro judiciário”, de João Alamy Filho, ed. Del Rey, 3ª ed., Belo Horizonte, 1993) e em filme (“O caso dos Irmãos Naves”, de Luis Sérgio Person e Jean Claude Bernardet).

A história beira o absurdo. Os irmãos, comerciantes de cereais nos anos de 1930, foram acusados pelo homicídio do primo e sócio Benedito Pereira Caetano, que desapareceu com uma quantia em dinheiro. Os irmãos foram obrigados, sob tortura, a confessarem o crime. Perseguições perversas aos irmãos, à mãe e às esposas, torturas, mandados de soltura não cumpridos e até estupros constam na história. Os irmãos Naves tiveram várias condenações e cumpriram oito anos da pena. Anos depois, a suposta vítima foi encontrada viva. Somente em 1953, os Irmãos Naves foram definitivamente inocentados, mas um deles, Joaquim Naves, falecera, como indigente, após longa e penosa doença, em 1948, em um asilo de Araguari. Sebastião faleceu em 1964. Leia mais em: Tudo começou com uma bicicleta

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