Gendarmeria do Beto
Inocêncio Nóbrega
inocnf@gmail.com
Enquanto a presidente chilena Michelle Bachelet propõe nova Constituinte, objetivando remover entulhos da ditadura de 1973, os três poderes brasileiros persistem na coexistência “salutar” com agentes repressivos e procedimentos “legais” do passado de exceção. Nossa Carta Magna, assediada por lobbystas militares, sempre representados por coronéis, decide, precisamente, copiar texto de Decreto-lei de 1969, criando as polÃcias militares, corporações auxiliares e reservas do Exército. Não foi difÃcil a inserção na Ãntegra, pois os trabalhos da Sistematização setorial eram conduzidos pelo coronel Jarbas Passarinho, senador por Pará. Diferem das Forças Públicas de então, não correspondendo à etimologia da expressão, composta de dois termos. Trata-se de uma antinomia, vez que polÃcia vem do grego polis, de cidade, cidadão, cidadania, e militar do latim miles, lembrando as milÃcias romanas.
As atividades logÃsticas guardam ampla intimidade com o poder de gendarme do sec. XIX, que conferia a governos da época verdadeiros “Estados de PolÃcia”. Neles, corpos militarizados, as gendarmerias, detinham funções de polÃcia. Chegaram ao Brasil através da Escola das Américas, instituição sustentada pelo Pentágono, onde oficiais americanos, incluindo brasileiros, se reciclavam no que era de mais horrendo no tratamento com o ser humano, aqui fazendo medrar a concepção de “auto de resistência”. São possÃveis ocasiões de desvantagem pessoal e de confrontos coletivos, cujas milÃcias são induzidas a ter e tratarem os adversários por inimigos. Faz parte de sua literatura de horror. É, portanto, uma polÃcia inservÃvel para a população, cuja integridade fÃsica deve ser confiada à PolÃcia Civil, por ser de carreira. São ensinamentos que a intelectualidade e formação religiosa de muitos de seus membros não conseguem absorver e se opõem a praticá-los. A PEC-51, propondo a desmilitarização das polÃcias, deve ser encarada com mais celeridade, depois dos tristes episódios de Curitiba.
O governador Carlos Alberto Richa, o Beto, em harmonia com os demais poderes estaduais, ao empurrar centenas de policiais contra professores, no último 29/04, no Centro CÃvico, provocou ferimentos em 213 deles, em massacre, reprisada dos negros tempos de 64. São métodos incompatÃveis com a democracia. Louvemos a atitude humanista e patriótica de 17 soldados que, embora sabendo do risco que ocorreria, se abstiveram de bater nos manifestantes indefesos, postados diante da Assembleia Legislativa, na irmã capital do sul. Eles podem receber represálias, porém a história os absolverá.
* Inocêncio Nóbrega Filho é jornalista e escritor
inocnf@gmail.com
Enquanto a presidente chilena Michelle Bachelet propõe nova Constituinte, objetivando remover entulhos da ditadura de 1973, os três poderes brasileiros persistem na coexistência “salutar” com agentes repressivos e procedimentos “legais” do passado de exceção. Nossa Carta Magna, assediada por lobbystas militares, sempre representados por coronéis, decide, precisamente, copiar texto de Decreto-lei de 1969, criando as polÃcias militares, corporações auxiliares e reservas do Exército. Não foi difÃcil a inserção na Ãntegra, pois os trabalhos da Sistematização setorial eram conduzidos pelo coronel Jarbas Passarinho, senador por Pará. Diferem das Forças Públicas de então, não correspondendo à etimologia da expressão, composta de dois termos. Trata-se de uma antinomia, vez que polÃcia vem do grego polis, de cidade, cidadão, cidadania, e militar do latim miles, lembrando as milÃcias romanas.
Foto: Giuliano Gomes/Folhapress |
O governador Carlos Alberto Richa, o Beto, em harmonia com os demais poderes estaduais, ao empurrar centenas de policiais contra professores, no último 29/04, no Centro CÃvico, provocou ferimentos em 213 deles, em massacre, reprisada dos negros tempos de 64. São métodos incompatÃveis com a democracia. Louvemos a atitude humanista e patriótica de 17 soldados que, embora sabendo do risco que ocorreria, se abstiveram de bater nos manifestantes indefesos, postados diante da Assembleia Legislativa, na irmã capital do sul. Eles podem receber represálias, porém a história os absolverá.
* Inocêncio Nóbrega Filho é jornalista e escritor
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