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Japão: um exemplo


Marília Alves Cunha


Um dos países que mais sofreram os efeitos da 2ª. Guerra Mundial foi o Japão. Após ataques japoneses contra a base americana de Pearl Harbor no Pacífico, dois ataques atômicos abalaram o país: foram lançadas bombas sobre Hiroshima e Nagasaki, deixando um enorme saldo de mortos e feridos. Em 02/09/45 o Japão capitulou. O país estava devastado. A ocupação das forças aliadas estendeu-se por quase sete anos pós rendição.

Depois de períodos de grande instabilidade, começa a reconstrução. A partir da década de 90, firma-se como a 2ª. Maior potência mundial. Senhores de uma cultura milenar, o férreo esforço de um povo trouxe o país do sol nascente a um desenvolvimento tecnológico invulgar, tornando-o um dos principais pólos de poder mundial.

Hoje, mais uma tragédia se abate sobre aquela formidável nação. Fortes tremores de terra e poderoso tsunami trouxeram destruição, morte e sofrimento. As imagens que assistimos pela TV e internet são estarrecedoras. Ficamos nos questionando: como reconstruir? Como apagar o desastre? Parece-nos impossível sobreviver a tanta destruição, velar e chorar os milhares de desaparecidos, levados bem longe sob as águas da grande onda. Em meio a dor, o Japão dá-nos novamente lições magníficas. O comportamento da nação diante da tragédia é de uma fleuma, de uma disciplina, de uma coragem absolutamente invulgares. Sem correrias, sem tumulto, um povo sereno e aguerrido prepara-se para reconstruir sua vida, reconstruir seu mundo.

No entanto, a maior e mais preocupante tragédia chama a atenção e causa alarme no mundo inteiro. O superaquecimento do complexo de usinas nucleares de Fukushima e o perigo do derretimento e vazamento de material nuclear cujo potencial de danos à saúde é terrível, deixa a comunidade japonesa e o mundo em expectativa à espera de solução.

Vários países começam a repensar sua política energética, depois da crise no Japão. Na Alemanha, sob pressão do povo, pretende-se acelerar o abandono da energia nuclear em troca de fontes renováveis. Nos EEUU e na Espanha, grandes manifestações populares contra o uso desta matriz energética forçaram as autoridades a iniciarem uma análise severa das condições de suas usinas. No Brasil, por incrível que possa parecer, no auge desta crise nuclear a presidente Dilma manifesta-se pela construção de novas usinas (inclusive duas em MG) e o Ministro Mercadante proclama alto e bom som, como num processo premonitório, que no Brasil, país sem terremotos (já temos alguns) e tsunamis, não haverá problemas para as usinas nucleares.

Esqueceu-se, talvez, do acidente nuclear em Chernobyl, Ucrânia, em 1986 e do grave episódio de contaminação radioativa (Césio 137) ocorrido em Goiânia. Esqueceu-se, talvez, do lixo atômico produzido, enterrado em Abadia de Goiás numa vala de 30m de profundidade, revestida de concreto e chumbo e que permanecerá perigoso para o meio ambiente por 180 anos.

O povo brasileiro não pode ficar afastado de assunto de tamanha gravidade. A nossa manifestação sobre a construção de novas usinas nucleares no país é de suma importância, pois diz respeito a todos nós, a nossa vida, a nossa saúde. Que as lembranças dos acidentes nucleares não se apaguem. O progresso e o desenvolvimento a qualquer custo não valem o futuro tranquilo, os sonhos e as esperanças cultivadas pelo ser humano.

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