Caminhos da Senhora da Abadia: uma proposta ao turismo
Prof. José Roberto Camacho *
Uma das localidades mais famosas pelas romarias no Estado de Minas Gerais é a de Nossa Senhora da Abadia da Água Suja, antigo centro do garimpo de diamantes. O Santuário da Virgem do Bouro atrai todos os anos no dia 15 de agosto um grande número de devotos e a procissão famosa pelo aspecto pictórico das promessas. A festa de Nossa Senhora da Abadia completa este ano o seu 140.º (centésimo quadragésimo) aniversário, talvez seja hora de pensar que esta peregrinação ao templo em Romaria mereça uma maior atenção das Secretarias de Turismo das cidades da região. Esta festa já atingiu sua maioridade, pois milhares de pessoas para lá se dirigem no mês de Agosto, mais precisamente, a primeira e segunda semana do mês, muitas famílias se preparam para cumprir uma peregrinação religiosa que já se tornou uma atividade obrigatória em nossa região. A caminhada a pé até a cidade de Romaria para aos pés de Nossa Senhora da Abadia agradecer as graças alcançadas ao longo do ano. Partem peregrinos a pé das cidades de Uberaba (127 kms), Uberlândia (89 kms), Araguari(92 kms), Patos de Minas(145 kms) para caminhadas que duram até dois dias e duas noites.
Caminham os peregrinos dia e noite pelas margens das rodovias, não é muito difícil ver alguns deles parando para descansar e dormindo no acostamento das estradas. Ficam estas pessoas sujeitas a todo tipo de risco uma vez que pelas rodovias federais trafegam veículos pesados carregando todo tipo de carga, algumas de alta periculosidade. O perigo, portanto ronda esses fiéis de Nossa Senhora, e a tragédia com vítimas é uma possibilidade constante que assombra estes caminhantes. Uma vez que a peregrinação à Romaria é uma atividade popular, o poder público das cidades da região deve começar a pensar em viabilizar trilhas de peregrinação pelas estradas rurais e longe das rodovias para que os caminhantes se sintam mais protegidos.
Não é chegada a hora das Secretarias de Turismo das cidades da região se reunirem e traçarem trilhas sinalizadas pelas estradas rurais? Estas trilhas teriam pontos de parada para descanso de tantos em tantos quilômetros e quiosques com água e uma palavra de conforto para os peregrinos que buscam fazer essa penitência. Fazendo isso nossas cidades estarão criando infraestrutura para o turismo religioso na região, como são os Caminhos de Santiago e de Fátima na Espanha e Portugal e o Caminho de Lourdes na França. Para atingir esses centros de peregrinação partem caminhos sinalizados de vários pontos da Europa, que nunca coincidem com estradas movimentadas, onde os peregrinos sempre estão longe do grande movimento de veículos.
Talvez com esta mensagem, o poder público e os religiosos procurem sentar para conversar e transformar a Catedral de Nossa Senhora da Abadia em Romaria o epicentro de uma série de caminhos devidamente sinalizados e com infraestrutura partindo das mais diversas cidades no que poderíamos chamar de “Os Caminhos de Nossa Senhora da Abadia”, cortando a beleza de nosso cerrado, descortinando as veredas do interior do Brasil, além da possibilidade de se admirar durante a meditação de uma longa caminhada um lindo nascer ou por do sol no cerrado Brasileiro. Transformando esta festa religiosa em mais uma oportunidade para uma região tão carente no aspecto turístico.
* José Roberto Camacho
http://www.josercamacho.blogspot.com
Professor Titular da Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Uberlândia
Publicado na coluna Opinião
Correio de Uberlândia 12 de Agosto de 2010
Uma das localidades mais famosas pelas romarias no Estado de Minas Gerais é a de Nossa Senhora da Abadia da Água Suja, antigo centro do garimpo de diamantes. O Santuário da Virgem do Bouro atrai todos os anos no dia 15 de agosto um grande número de devotos e a procissão famosa pelo aspecto pictórico das promessas. A festa de Nossa Senhora da Abadia completa este ano o seu 140.º (centésimo quadragésimo) aniversário, talvez seja hora de pensar que esta peregrinação ao templo em Romaria mereça uma maior atenção das Secretarias de Turismo das cidades da região. Esta festa já atingiu sua maioridade, pois milhares de pessoas para lá se dirigem no mês de Agosto, mais precisamente, a primeira e segunda semana do mês, muitas famílias se preparam para cumprir uma peregrinação religiosa que já se tornou uma atividade obrigatória em nossa região. A caminhada a pé até a cidade de Romaria para aos pés de Nossa Senhora da Abadia agradecer as graças alcançadas ao longo do ano. Partem peregrinos a pé das cidades de Uberaba (127 kms), Uberlândia (89 kms), Araguari(92 kms), Patos de Minas(145 kms) para caminhadas que duram até dois dias e duas noites.
Caminham os peregrinos dia e noite pelas margens das rodovias, não é muito difícil ver alguns deles parando para descansar e dormindo no acostamento das estradas. Ficam estas pessoas sujeitas a todo tipo de risco uma vez que pelas rodovias federais trafegam veículos pesados carregando todo tipo de carga, algumas de alta periculosidade. O perigo, portanto ronda esses fiéis de Nossa Senhora, e a tragédia com vítimas é uma possibilidade constante que assombra estes caminhantes. Uma vez que a peregrinação à Romaria é uma atividade popular, o poder público das cidades da região deve começar a pensar em viabilizar trilhas de peregrinação pelas estradas rurais e longe das rodovias para que os caminhantes se sintam mais protegidos.
Não é chegada a hora das Secretarias de Turismo das cidades da região se reunirem e traçarem trilhas sinalizadas pelas estradas rurais? Estas trilhas teriam pontos de parada para descanso de tantos em tantos quilômetros e quiosques com água e uma palavra de conforto para os peregrinos que buscam fazer essa penitência. Fazendo isso nossas cidades estarão criando infraestrutura para o turismo religioso na região, como são os Caminhos de Santiago e de Fátima na Espanha e Portugal e o Caminho de Lourdes na França. Para atingir esses centros de peregrinação partem caminhos sinalizados de vários pontos da Europa, que nunca coincidem com estradas movimentadas, onde os peregrinos sempre estão longe do grande movimento de veículos.
Talvez com esta mensagem, o poder público e os religiosos procurem sentar para conversar e transformar a Catedral de Nossa Senhora da Abadia em Romaria o epicentro de uma série de caminhos devidamente sinalizados e com infraestrutura partindo das mais diversas cidades no que poderíamos chamar de “Os Caminhos de Nossa Senhora da Abadia”, cortando a beleza de nosso cerrado, descortinando as veredas do interior do Brasil, além da possibilidade de se admirar durante a meditação de uma longa caminhada um lindo nascer ou por do sol no cerrado Brasileiro. Transformando esta festa religiosa em mais uma oportunidade para uma região tão carente no aspecto turístico.
* José Roberto Camacho
http://www.josercamacho.blogspot.com
Professor Titular da Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Uberlândia
Publicado na coluna Opinião
Correio de Uberlândia 12 de Agosto de 2010
Isto não seria atalho? Quando eu era romeiro eu procurava o caminho mais longo.
ResponderExcluirAcredito que o que as secretarias municipais podem fazer não é tão decisivo para a realização dessa idéia, lembrando, também, que o projeto envolveria mais de uma secretaria de mais de um município. Com certeza não haveria negativa de ajuda dos políticos, mas a manutenção do projeto ficaria dependente da instabilidade política e financeira de cada um. Creio que quem poderia conduzir a organização do que já existe seriam os devotos que já conhecem o caminho, mas quem poderia zelar pela administração, implementando o projeto, seria a Igreja Católica...
ResponderExcluirNunca é demais lembrar que vivemos num Estado laico.
ResponderExcluirA proliferar "ajuda" a eventos religiosos, todas as demais seitas evocarão tratamento isonômico.
Nada contra a fé; tudo a favor do zelo no trato do dinheiro público e do foco nas reais prioridades do interesse coletivo.
Para tudo deve existir um grau de bom senso para que não se chegue um dia que os secretários e outros parem de fazer tudo para evitar despesas, sepultando a criatividade. Evidentemente tem coisas que basta o empenho pessoal dos administradores públicos, sem implicar despesas. A romaria de São Lourenço, por exemplo, foi iniciada a partir da iniciativa do secretário municipal de serviços urbanos, em 1999, e ano passado houve a participação de mais de 1500 peregrinos. Todo primeiro de maio, romeiros se encontram às cinco horas da manhã na Igreja Matriz e na Capelinha de Nhá Chica, em São Lourenço, perfazem cerca de 40 quilômetros de caminhada, através das auto estradas, das vicinais de São Lourenço, Soledade de Minas e Caxambu até chegar a Baependi, onde fica o Santuário Nossa Senhora da Conceição, a Igreja de Nhá Chica, construída sobre a casa onde ela morou. E assim, o pessoal da região, com a colaboração de empresários, pretendem imitar no sul de Minas Gerais, onde moram alguns espanhois, o caminho de Santiago de Compostela, capital da Galiza, na Espanha. Naquela romaria a maioria dos peregrinos utiliza o Caminho Francês, que começa em Roncesvalles ou em Saint Jean Pied de Port, saem de diversos países e caminham até chegar à Catedral de Santiago de Compostela, considerada um dos pilares do cristianismo, passando através da Espanha.
ResponderExcluirVejam também a romaria de Nossa Senhora da Abadia de Muquém, em Goiás, clicando:
ResponderExcluirhttp://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/08/15/cidades,i=207834/EM+NOME+DA+FE.shtml
Ótimas iniciativas.
ResponderExcluirQuem sabe, um dia, gestores públicos deixem de fazer veraneio em todos os finais de semana, para se dedicarem também a esse tipo de atividade.
Nesta urbe, tempos atrás, até nos eventos locais (congado, peças teatrais, capoeira, folias de reis, reuniões de associações de moradores, conselho de saúde, etc, etc) era comum a quase total ausência de "autoridades", exceto em períodos pré eleitorais. Quiçá isso tenha mudado...
Quanto às despesas, devem sim se limitar às ações de infraestrutura urbana.
E a criatividade, lamentavelmente, tem sido utilizada, desde sempre, para fins, digamos, não tão nobres.
Nada que uma adequada fiscalização não pudesse coibir; interesse houvesse em realmente fiscalizar.