Mulheres e política
Marília Alves Cunha
Retratos de família antigos, tirados nas décadas de 20,30, são interessantes rememorações de uma época. Os homens sentados, figuras fortes a ocupar a 1ª. fila, demonstração inequívoca da autoridade que se lhes aparecia no rosto fechado. As mulheres atrás, de pé, algumas ousando repousar as mãos gentilmente nos ombros dos maridos. Parcos sorrisos envergonhados teimando em saltar da cara, num gesto reprimido. Tão só se esperava que a mulher fosse figura silenciosa, imóvel, parideira e dona de casa. Muita coisa mudou, desde aqueles tempos. A mulher, entre tantas outras coisas, tornou-se mais livre para amar, ter prazer, ter filhos e aboletar-se no que antes era exclusividade dos homens.
É claro que ainda existem idiossincrasias em pleno sec. XXI. No Brasil, por ex., reina violência física e psicológica contra as mulheres. Existem em outros países costumes que nos deixam pasmos. Na capital da Coréia do Norte as mulheres não podem dirigir carro ou andar de bicicleta. A alegação é que fazem muita confusão. Baseada em mim e algumas outras que vejo por aqui, acho que não deixam de ter certa razão. Como há deficiência de carros e de energia elétrica, os semáforos são substituídos por mulheres, fazendo uma frenética coreografia repetida mecanicamente. E em algumas partes do mundo têm mutilados seus genitais, medida inibitória do prazer.
No Brasil apesar de serem mais de 50% do eleitorado, muito menos de 30% de mulheres disputam as vagas dos partidos, contrariando a legislação eleitoral. Qual será o empecilho para que, decididamente, envolvam-se como candidatas, no processo eleitoral? Na verdade, a emancipação política da mulher é recente. Faz 78 anos que as brasileiras conquistaram o direito de votar em eleições nacionais. E as regras eram duras: o código eleitoral (1932) permitia o voto às casadas, com a devida autorização dos maridos. Viúvas e solteiras podiam votar, desde que tivessem renda própria. Em 1934, no governo Getúlio Vargas foram eliminadas estas restrições, mas apenas em 1946 tornou-se obrigatório o voto feminino.
Tenho a impressão que, ainda hoje, muitos consideram a atividade política inadequada para a mulher. Serão mais importantes na atividade privada que na pública? Preferem deixar para os homens o trabalho de continuar capitaneando este movimento febril que invade o Brasil de 2 em 2 anos, muitas vezes incomodativo aos olhos, ouvidos e agressor de consciências, mas extremamente importante e necessário ao exercício e aperfeiçoamento da democracia?
A nossa política evoluiu bastante no setor da tecnologia. No aspecto candidatos, nem tanto. A campanha já está acontecendo, com muitas promessas absurdas, legislação sendo ferida despudoradamente e os problemas brasileiros ressuscitados, depois de anos de educação, saúde e segurança pública sendo jogados na vala do esquecimento, aposentados esperando o trem e nada de reforma política, tributária e previdenciária. E por ordens e desejos de um homem, surge no panorama político uma mulher, pré-candidata a presidenta da República, preocupada demais em parecer feminina, doce, gentil, figura atrelada à popularidade do Presidente, marionete servil nas mãos do criador, repetindo enjoativo refrão: farei tudo que meu Mestre mandar... Em política, em relação à inclusão das mulheres e a eterna cultura da politicagem quase nada mudou. Que coisa, heim?
Retratos de família antigos, tirados nas décadas de 20,30, são interessantes rememorações de uma época. Os homens sentados, figuras fortes a ocupar a 1ª. fila, demonstração inequívoca da autoridade que se lhes aparecia no rosto fechado. As mulheres atrás, de pé, algumas ousando repousar as mãos gentilmente nos ombros dos maridos. Parcos sorrisos envergonhados teimando em saltar da cara, num gesto reprimido. Tão só se esperava que a mulher fosse figura silenciosa, imóvel, parideira e dona de casa. Muita coisa mudou, desde aqueles tempos. A mulher, entre tantas outras coisas, tornou-se mais livre para amar, ter prazer, ter filhos e aboletar-se no que antes era exclusividade dos homens.
É claro que ainda existem idiossincrasias em pleno sec. XXI. No Brasil, por ex., reina violência física e psicológica contra as mulheres. Existem em outros países costumes que nos deixam pasmos. Na capital da Coréia do Norte as mulheres não podem dirigir carro ou andar de bicicleta. A alegação é que fazem muita confusão. Baseada em mim e algumas outras que vejo por aqui, acho que não deixam de ter certa razão. Como há deficiência de carros e de energia elétrica, os semáforos são substituídos por mulheres, fazendo uma frenética coreografia repetida mecanicamente. E em algumas partes do mundo têm mutilados seus genitais, medida inibitória do prazer.
No Brasil apesar de serem mais de 50% do eleitorado, muito menos de 30% de mulheres disputam as vagas dos partidos, contrariando a legislação eleitoral. Qual será o empecilho para que, decididamente, envolvam-se como candidatas, no processo eleitoral? Na verdade, a emancipação política da mulher é recente. Faz 78 anos que as brasileiras conquistaram o direito de votar em eleições nacionais. E as regras eram duras: o código eleitoral (1932) permitia o voto às casadas, com a devida autorização dos maridos. Viúvas e solteiras podiam votar, desde que tivessem renda própria. Em 1934, no governo Getúlio Vargas foram eliminadas estas restrições, mas apenas em 1946 tornou-se obrigatório o voto feminino.
Tenho a impressão que, ainda hoje, muitos consideram a atividade política inadequada para a mulher. Serão mais importantes na atividade privada que na pública? Preferem deixar para os homens o trabalho de continuar capitaneando este movimento febril que invade o Brasil de 2 em 2 anos, muitas vezes incomodativo aos olhos, ouvidos e agressor de consciências, mas extremamente importante e necessário ao exercício e aperfeiçoamento da democracia?
A nossa política evoluiu bastante no setor da tecnologia. No aspecto candidatos, nem tanto. A campanha já está acontecendo, com muitas promessas absurdas, legislação sendo ferida despudoradamente e os problemas brasileiros ressuscitados, depois de anos de educação, saúde e segurança pública sendo jogados na vala do esquecimento, aposentados esperando o trem e nada de reforma política, tributária e previdenciária. E por ordens e desejos de um homem, surge no panorama político uma mulher, pré-candidata a presidenta da República, preocupada demais em parecer feminina, doce, gentil, figura atrelada à popularidade do Presidente, marionete servil nas mãos do criador, repetindo enjoativo refrão: farei tudo que meu Mestre mandar... Em política, em relação à inclusão das mulheres e a eterna cultura da politicagem quase nada mudou. Que coisa, heim?
A mulher tem tantos direitos quanto os homens, mas eu te juro que adoraria ter apenas uma que dependa de mim.
ResponderExcluirNão sei se a sua crônica vai reforçar a elevação de votos para as mulheres, mas seus bons fundamentos podem levar a isso. Na dúvida sobre a escolha me apresso a lembrar que teremos duas candidatas. Evidentemente que você não perseguia essa conclusão, mas sim buscou enaltecer a redenção da dignidade da mulher e o fim da burrice masculina que impedia o acesso delas ao poder. Entre homens também houve progresso e essa mobilidade social você pode ver comparando a vida social da maioria dos nossos avôs com a dos nossos pais e a destes com as nossas. No entanto, felizmente ou não, os governos federal, estadual ou municipal, cada vez mais não dependem de uma só pessoa, muito menos se vincula a sexos. O candidato ou a candidata devem representar uma corrente de pensamento de maioria ou tendências ideológicas para vencer e depois desempenhar seus cargos plenamente. Mesmo assim, depois da posse descobrirão que a legislação, inclusive a que trata da responsabilidade civil, deixa pouca margem para decisão pessoal na administração do orçamento público diante da escassez de recursos. Pior ainda, mulher ou homem, descobrem que a administração plena está na dependência do congresso, assembléias legislativas, câmaras, partidos, tribunais, sindicatos, etc. Estamos todos em igualdade de condições políticas, mas a corrupção impôs a criação de mecanismos que privam o exercício livre e irresponsável do poder, mesmo assim ainda nos deparamos com vários casos de descumprimento de várias leis, mas a mulher é uma garantia de respeito à legalidade.
ResponderExcluirSe a mulher fosse uma garantia de respeito à legalidade, D.Dilma Roussef não estaria aceitando sorridente o uso de sua pessoa para que o próprio Presidente da república fizesse descaradamente campanha antecipada e ainda debochar da legalidade... Há mulheres e mulheres, assim como há homens e homens.Não dá para generalizar. Aliás, aproveito para fazer uma declaração importante: O PT ACABOU! O partidão agora chama-se Lula. Voces já sabiam que o candidato ao governo de MG doPT e do PMDB é o Sr. Hélio Costa, contrariando grande parte da cúpula petista? O Lula mandou, a àgua parou... Que coisa, heim?
ResponderExcluirÉ conhecida a opinião de que a maioria dos eleitores consideram as mulheres mais honestas e confiáveis. Nisso também aqui no Brasil é apontado como evolução das condições políticas das mulheres. Ao contrário, como citado na Coreía do Norte e outros países, lá a cultura ainda não permitiu tanta evolução como a ocorrida aqui. Semana passada a deputada distrital Eurides Brito perdeu mandato por corrupção. Ela e Dilma são vítimas tanto de um comportamento masculino perverso que tentam seguir ou imitar, quanto de um sistema eleitoral viciado que não premia méritos.
ResponderExcluir