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Sequestro do Imperador


Inocêncio Nóbrega
(*)    
inocnf@gmail.com

Existem várias formas e motivações de sequestro, atingindo, de preferência, personalidades de governo e grandes empresários, a fim de alcançarem maior repercussão possível no seio da sociedade, a que chega através da mídia. Segundo Business Insider, nesse particular o Brasil ocupa a 3ª posição no “ranking” mundial, só perdendo para a Venezuela e México. Relembro dois casos emblemáticos, de natureza comum: o de Abílio Diniz (1989) e Patrícia Abravanel, filha de Silvio Santos (2001).  No regime militar, década de 70, dezenas de pessoas desapareceram no  Pará, e 25 foram vistas, pela última vez, em outros estados, por divergências ideológicas. Pelo menos, 1.843 prisioneiros políticos foram torturados, em 246 diferentes locais do Brasil, forçando a natural resistência revolucionária tomar alguma  atitude. E o fez, escolhendo o cônsul japonês em São Paulo, Nobuo Ocochi, sequestrado e permutado pela libertação de cinco presos; o embaixador alemão Von Holleben, por 40, e o dos EUA, Charles Burke,  só libertado após a soltura de 70 patriotas, além da divulgação de um manifesto, nos principais jornais, rádios e TV, explicando as razões desse ato extremo.

A pilhagem de seres humanos, nunca parou de acontecer. Assim foram nossos africanos, negociados nos mercados do Novo Mundo. Nosso Imperador, Pedro I, conforme narra a história, por pouco escapou de ser levado, perto do Jardim Botânico, nos momentos por onde costumava caminhar, sozinho, vezes à noite, até à Fazenda Santa Cruz.  Nessa trilha guardava seu cavalo.  A hipótese prevalente apontava para o corsário francês, de nome Foumier, que inclusive premeditava assassinar Sua Majestade. Ele viera tomar satisfação em função de incidente causado pela pena imposta a um soldado alemão, o qual se recusara prestar continência a um major brasileiro.  O episódio resultou em luta, mortes e ferimentos em alguns deles, na maioria constituída de mercenários estrangeiros, contratados para consolidação, em terra e mar, da nossa independência.

Se consumado, o rapto tomaria impacto internacional, por se tratar de um Chefe de Estado e de Governo, que na nova Pátria dividia seu perfil entre duas nítidas correntes. Uma, via nele personalidade desinibida e exemplar figura carismática e de estadista. Para outros, leviano, que assumira o papel de primeiro governante, numa circunstancial fatalidade. Atualmente, beneficiados pela banalização, sequestram-se às claras, nas esquinas, nos seus lares, de preferência à população da classe média.

(*) Inocêncio Nóbrega Filho é jornalista e escritor

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