Você é o que você posta
José Roberto Peters *
Suas atitudes dizem muito sobre você. Aristóteles já dizia que somos aquilo que fazemos repetidamente. As redes sociais estão aí para que as pessoas se mostrem como são. É só ver os posts de uma pessoa para conhecê-la.
Quando Ariano Suassuna foi internado pela última vez uma publicação on-line antecipou a sua morte. Um amigo publicou. Eu e outros compartilhamos. A notícia se mostrou errada. Meu amigo entrou nos compartilhamentos e avisou a todos. A sorte é que ainda não havia atingido uma progressão geométrica. Os envolvidos se lançaram numa quase epopéia de ir até quem curtiu ou compartilhou para desfazer a notícia. E, ainda, todos que compartilharam escreveram notas de desculpas. Uma corrente de honestidade.
Certa vez uma pessoa — que não direi o nome por razões óbvias — postou uma notícia que me incomodou. Com esse incômodo fui à luta (pesquisa). Super fácil: uma googada e lá estava: notícia falsa. Plantada pelo devaneio de certo colunista de uma grande rede de televisão, com intenções espúrias, não tenho dúvidas.
Em seguida comentei na publicação dessa pessoa que a notícia era falsa. Pensei comigo: ela vai apagar. Era o mínimo. Ledo engano. Ela escreveu que não importava, porque acreditava na notícia. Tentei dissuadi-la, mandei o link da notícia verdadeira. Novo fracasso. Disse-me que a democracia e a liberdade de expressão garantiam que ela publicasse o que quisesse. Parei. Não vi horizonte naquela discussão.
O que essa pessoa pratica não é e nunca será democracia. E a tal liberdade de expressão virou muleta pra discurso de ódio e subversão dos fatos. Não estou aqui a dizer que as pessoas não possam ter opiniões diferentes sobre fatos. Isso é do jogo. Isso é democrático. Porém, criar fatos que não existem pra justificar opiniões é subverter a realidade. É tipo “pior para os fatos”, como dizia Nelson Rodrigues.
Se postas uma notícia ou foto falsas só posso pensar que não sabia — e poderá corrigir o erro, em qualquer tempo, e alertar quem acreditou em você. Ou, então, o que é pior, fez deliberadamente, para atingir algum objetivo, que não acredito ser lá muito bom.
E a internet é cruel: na campanha presidencial de 2010 a história da bolinha de papel não resistiu nem meia hora, e está colada até hoje no currículo do então candidato atingido. Corre por aí no facebook uma figura que diz tudo com a pergunta: antes da internet, como é que você fazia pra passar vergonha?
Assim, na dúvida — se não quiser gastar uns minutinhos pesquisando ou se não tens más intenções —, poste gatinhos fofinhos. Sempre funciona bem. Lembre-se, você é o que você posta.
* José Roberto Peters – Mestre em Educação Científica e Tecnológica, professor universitário e consultor técnico da OPAS no Ministério da Saúde.
Suas atitudes dizem muito sobre você. Aristóteles já dizia que somos aquilo que fazemos repetidamente. As redes sociais estão aí para que as pessoas se mostrem como são. É só ver os posts de uma pessoa para conhecê-la.
Quando Ariano Suassuna foi internado pela última vez uma publicação on-line antecipou a sua morte. Um amigo publicou. Eu e outros compartilhamos. A notícia se mostrou errada. Meu amigo entrou nos compartilhamentos e avisou a todos. A sorte é que ainda não havia atingido uma progressão geométrica. Os envolvidos se lançaram numa quase epopéia de ir até quem curtiu ou compartilhou para desfazer a notícia. E, ainda, todos que compartilharam escreveram notas de desculpas. Uma corrente de honestidade.
Certa vez uma pessoa — que não direi o nome por razões óbvias — postou uma notícia que me incomodou. Com esse incômodo fui à luta (pesquisa). Super fácil: uma googada e lá estava: notícia falsa. Plantada pelo devaneio de certo colunista de uma grande rede de televisão, com intenções espúrias, não tenho dúvidas.
Em seguida comentei na publicação dessa pessoa que a notícia era falsa. Pensei comigo: ela vai apagar. Era o mínimo. Ledo engano. Ela escreveu que não importava, porque acreditava na notícia. Tentei dissuadi-la, mandei o link da notícia verdadeira. Novo fracasso. Disse-me que a democracia e a liberdade de expressão garantiam que ela publicasse o que quisesse. Parei. Não vi horizonte naquela discussão.
O que essa pessoa pratica não é e nunca será democracia. E a tal liberdade de expressão virou muleta pra discurso de ódio e subversão dos fatos. Não estou aqui a dizer que as pessoas não possam ter opiniões diferentes sobre fatos. Isso é do jogo. Isso é democrático. Porém, criar fatos que não existem pra justificar opiniões é subverter a realidade. É tipo “pior para os fatos”, como dizia Nelson Rodrigues.
Se postas uma notícia ou foto falsas só posso pensar que não sabia — e poderá corrigir o erro, em qualquer tempo, e alertar quem acreditou em você. Ou, então, o que é pior, fez deliberadamente, para atingir algum objetivo, que não acredito ser lá muito bom.
E a internet é cruel: na campanha presidencial de 2010 a história da bolinha de papel não resistiu nem meia hora, e está colada até hoje no currículo do então candidato atingido. Corre por aí no facebook uma figura que diz tudo com a pergunta: antes da internet, como é que você fazia pra passar vergonha?
Assim, na dúvida — se não quiser gastar uns minutinhos pesquisando ou se não tens más intenções —, poste gatinhos fofinhos. Sempre funciona bem. Lembre-se, você é o que você posta.
* José Roberto Peters – Mestre em Educação Científica e Tecnológica, professor universitário e consultor técnico da OPAS no Ministério da Saúde.
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