Praça Manoel Bonito
O texto abaixo foi produzido por professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Uberlândia, com dedicação exclusiva e formação na área de História da Arquitetura e Urbanismo e alunos de iniciação científica daquela Faculdade.
1. IDENTIDADE DO EDIFÍCIO/GRUPO DE EDIFÍCIOS / CONJUNTOS URBANOS / PAISAGEM / JARDIM
nome do edifício: Praça Manoel Bonito
variante ou nome anterior: Largo número cinco, Largo dos Protestantes, Praça Francisco Salles, Praça João Pessoa.
endereço: Praça Manoel Bonito, s/n, Centro
cidade: Araguari
estado: Minas Gerais
cep: 38440-000
país: Brasil
national grid reference:
classificação/tipologia: Recreação - REC
estado de proteção e data: não há proteção.
2. HISTÓRIA DO EDIFÍCIO
proposta original: Foi a primeira Praça de Araguari. No local, antigamente existia apenas um jardim público, que ao passar dos anos foi se transformando, ganhando equipamentos, canteiros, até chegar ao projeto atual. O antigo largo data anteriormente à década de 20, e era chamado de Largo número cinco e Largo dos Protestantes, pois ali havia a localização de uma igreja presbiteriana desde 1908, que perdura até hoje. A lei número 266 de 25 de julho de 1.923 autorizou a construção de um jardim no local. É a primeira construção, ocasião em que se fez o famoso coreto de alvenaria e madeira, feito pelo Senhor Jorlano Spotto. Os festejos da inauguração aconteceram em 29 de junho de 1.923, e segundo jornal Araguary do mesmo dia, foi abrilhantada por uma banda de música da vizinha cidade de Uberlândia. Nos anos 30, a praça passa a se chamar João Pessoa. Já com o decreto-lei número 22, do dia 20\07\38, a Praça Francisco Salles passa a se denominar Praça Manoel Bonito. Esta obteve uma enorme conotação social, principalmente por ser desenhada estrategicamente no coração da cidade. Na década de 60, o jardim e o coreto foram demolidos, e a praça passa por uma nova remodelação, projeto desenvolvido pelo Arquiteto João Jorge Coury, o mesmo que irá remodelar também a Praça Getúlio Vargas. O nome Manoel Bonito se deve a uma homenagem ao português Manoel dos Santos Laureano - o Manoel Bonito - radicado em Araguari. Ele foi um dos benfeitores da cidade, construindo no entorno da praça edificações que conformam um belíssimo conjunto arquitetônico. Dentre essas, pode-se destacar o prédio do antigo Clube Recreativo, que hoje abriga em seu térreo lojas comerciais, o antigo prédio do Cine Rex, atualmente abriga o Restaurante Napolitano, o Palace Hotel, já bem descaracterizado. Outros imóveis, nas Ruas Rio Branco, Brasil Aciolly e Travessa São Bento, também foram construídos por ele. Assim, a fim de enaltecer o empreendedorismo de Manoel Bonito, o Poder Executivo rendeu-lhe esta homenagem.
datas: projeto/obra/inauguração: Remodelação de João Jorge Coury: Década de 60(e)/ Década de 60(e)/ 1966(e)
autor do projeto e colaboradores: Arquiteto João Jorge Coury
outros associados ao projeto:
alterações significativas com datas:
uso atual: Praça
estado de conservação: Bom [IEPHA-MG]
3. DESCRIÇÃO
descrição geral: A praça insere-se no coração de Araguari, com medida total de 500 m². Está delimitada pelas Ruas Brasil Aciolly, Rui Barbosa, São Bento e Avenida Tiradentes. Em seu entorno nota-se a presença de comércios diversificados, como lojas, lanchonetes, restaurantes, Igreja, Banco, Hotel, prédio e residência. As edificações remontam do início do século XX, de estilos Art Decó, ecléticas e modernas.
O seu traçado foi determinado pela topografia, que apresenta grande desnível em seu centro.
Assim, a praça é delimitada pela parte mais alta e pela parte mais baixa. A parte mais alta, localizada defronte à Igreja presbiteriana, possui canteiro de pingo - de - ouro com palmeiras, a dar a impressão de perspectiva em relação à Avenida Tiradentes. Dessa parte avista-se, ao centro da praça o palanque, construção que ao mesmo tempo abriga uma rampa transversal entre as Ruas Brasil Aciolly e São Bento. Esta rampa serve de laje de cobertura para os banheiros públicos e as lojas de artesanato. Já na parte baixa da praça, localiza-se a fonte luminosa envolta de espelho d’água, cercada por um gradil metálico, como também a presença dos bancos contínuos de concreto, estacionamento e ponto de táxi. Há ainda a presença de uma banca de revista. Os bancos contínuos de concreto ainda se fazem presentes nas laterais da praça, delimitando caminhos. Os espaços gerados pela topografia, que em momentos parecem distintos, são unificados pela paginação de piso: faixas de pedra portuguesa nas cores preta e branca. Apesar desta topografia acentuada, não houve a necessidade de se construir escadas ou rampas nos acessos diretos da praça, salvo a rampa que intercepta a praça ao meio, com função de abrigar sob ela as lojas e banheiros públicos, já citados. Algumas espécies vegetais podem ser identificadas nos canteiros, como a sibipiruna, a quaresmeira, a imbaúba, cacto, palmeiras, jasmim-manga e dracenas. Dessa forma, o repertório típico de João Jorge Coury pode ser percebido na elaboração desta praça, desde a paginação de piso em faixas utilizando a pedra portuguesa até o centro livre, a fonte luminosa sobre espelhos d’água, e os bancos contínuos de concreto.
construção: O destaque construtivo desta praça é a rampa, que ao mesmo tempo serve de laje para os banheiros públicos e lojas de artesanato local. A preocupação com a parte de sanitarismo nas praças está presente em poucas na região.
contexto: A praça se insere no coração da cidade, próxima a demais praças importantes como a Getúlio Vargas. Em seu entorno estão inseridas importantes edificações da cidade, como o Banco Itaú, lojas diversas, Clube Recreativo Araguarino, Igreja Presbiteriana, Restaurante Fogão de Lenha, Palace Hotel, dentre outros. Deste modo, o movimento na praça é bastante acentuado, tanto de dia quanto à noite.
4. AVALIAÇÃO
técnica: A técnica do concreto armado para a construção do palanque inserido na rampa, a utilização da paginação pela pedra portuguesa e a inserção dos bancos contínuos são o destaque técnico construtivo implantado.
social: A praça, por sua implantação privilegiada, é ponto de encontro de diversas pessoas, para diversos usos que o entorno propõe com as edificações presentes. A importância também é exímia em relação a essas edificações. Foi e é palco de diversas apresentações, feiras de artesanato e demais manifestações culturais.
cultural e estética: Esta praça, juntamente com a Getúlio Vargas, assinalou uma nova configuração de embelezamento na cidade de Araguari, implantadas pelo então prefeito da época, Miguel de Oliveira. Seu mandato é lembrado principalmente por estas mudanças visuais na cidade. Na década de 90, era mais significativa em relação à reunião de estudantes para comemoração do Dia da Bandeira, Proclamação da República e demais comemorações. É de extremo valor para toda população araguarina.
histórica: A Praça Manoel Bonito foi e é o polo urbano, cívico, social, comercial e econômico de Araguari. Eram nelas as culminâncias dos desfiles escolares e do tiro de guerra 57; o palanque das campanhas eleitorais; as rodas dos negociantes; o vai-vem das moças garbosas na noite iluminada de domingo, á vista dos rapazes em grupos de pé e de paletós; os carros de praça; os Bancos, do Brasil e do Comércio e Indústria e de Crédito Real, estabelecimentos comerciais de destaque dos quais cinco estiveram ligados a essência, a atitude e o compasso araguarino: o Cine Rex,o Minas Bar,o Palace Hotel,o antigo Clube Recreativo e o Café OK. No centro o coreto, substituído pela fonte luminosa, para onde convertia as vielas sinuosas que demarcavam os canteiros assimétricos de grama e arbustos.
5. DOCUMENTAÇÃO
referências principais:
GUERRA, M. E. As “Praças Modernas” de João Jorge Coury no Triângulo Mineiro. São Carlos, Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo), EESC – USP, 1998.
http://maps.google.com.br/maps?hl=pt-BR&tab=wl (último acesso em 21/03/2009)
Jornal Gazeta do Triângulo - 25/12/1966 - 17/07/2006.
material visual anexado: Fotografia retirada de jornal, planta baixa.
6. EXAME DO RELATÓRIO
nome do revisor: Luis Eduardo Borda
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