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Luz nas Trevas em Araguari

Samuel Giacomelli *

Soube por esses dias que durante a semana aconteceria em Araguari a Primeira Mostra de Cinema do Cerrado. Dei uma breve olhada na programação e fiquei impressionado e pressionado a presenciar. Movimentei energia e meus amigos para que concretizássemos a curta viagem a fim nos alimentar do filme "Luz nas Trevas" na noite de ontem. Desde sua estréia estive desejoso em assisti-lo, pois instigado pelas palavras de Mário Bortolotto no Facebook, pela curiosa participação de Ney Matogrosso no papel do bandido da luz vermelha e pelo grande elenco cheio de figuras conhecidas e reconhecidas do mais bem temperado caldo da patota cultural paulistana. Pensei que ele nunca chegaria pelas bandas de cá, quando soube que estaria na programação da mostra ericei os pelos e da minha cabeça não saiu a ideia de que pra lá eu deveria ir.

Mal sabia eu que outros fatores tão, ou mais, fortes quanto existiam e que me deixariam ainda mais desejoso em ver a tal citada obra, todos listados numa só pessoa: Helena Ignez. Diretora do filme, ex-mulher de Glauber Rocha e viúva de Rogério Sganzerla, que criou o roteiro do filme e do qual também seria sua direção, não fosse por sua morte precoce sete anos antes de concretizada as filmagens. Um mês antes de desencarnar, Sganzerla disse em entrevista a jornal de alcance nacional que estava "passando a bola" para Helena. Isso ela mesma nos disse de pé recostada em uma das poltronas do antigo Cine Teatro de Araguari.

Esta mulher já é motivo mais que suficiente para despertar o interesse na obra. Conhece-la, em tais circunstâncias, gerou-me um misto de fascinação e vergonha. Quando chegamos ao local de exibição encontramos uma equipe de produção confusa e claramente despreparada, fizeram-nos aguardar na sala de exibição que cheirava a mofo até que buscassem a Helena no hotel, o que atrasou a exibição em pelo menos quinze minutos. Ela chegou tranquilamente e de forma simpática nos cumprimentou um a um, distribuiu alguns imãs de geladeira e livros, sentou-se ao nosso lado e começou a conversar como quem nos convida a fazer parte de sua vida por alguns minutos.

O quadro pintado naquela sala era de absurdo realismo. Enquanto ela nos falava fui tomando a medida da situação. A mulher começou aos poucos a se revelar aos meus olhos, quem a princípio não passava de uma senhora simpática e agradável com ar jovial a penetrar o espaço do cinema revelou-se um gigante artista iluminado por uma história sem precedente. Ela, ali, daquele tamanho, imensurável, dispôs de seu tempo a falar com uma sala vazia de gente, onde se sentavam, para além dos produtores do evento, eu e cinco amigos meus - Magr Is, Saulo, Dilan, Élder e Getulio. Eu só conseguia pensar, "que grande privilégio o nosso e que grande absurdo todo esse instante". Onde estavam todos?

Mais vergonha senti durante e após a exibição do filme. Segundo Helena, numa mostra de extrema sensibilidade para com a própria obra e imensa sinceridade para conosco pronunciou em poucas e suaves palavras "esta foi, com certeza, a pior de todas as exibições pelas quais este filme passou". Definitivamente, o equipamento de projeção e som não faziam jus àquela fantástica obra artística. Absurda é a única palavra que encontro para descrever a situação.

(*) Leia a íntegra do artigo no blog Verdade Provisória

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