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"Quem despreza os mortos não sabe valorizar a vida!"

De Carta à Redação publicada pelo jornal Gazeta do Triângulo, em 20/06/2012:

Causa ainda hoje grande admiração e espanto por todo o mundo, a forma com que povos antigos tratavam seus mortos. Dos indígenas que queimavam seus corpos às imponentes pirâmides, cada cultura, mais ou menos desenvolvida, manifestava  seu apreço pelo convívio e sua crença em vida pós-morte.

Sábado último, foi meu pai. Aos 64 anos, sem vícios e com disposição para atravessar a cidade numa brilhante bicicleta, tendo minha mãe como passageira, a jogar futebol com a família aos domingos, seu coração parou de bater.

Não bastasse ver minha mãe aos prantos e a família atônita- o fato ocorreu no aniversário de um aninho de um membro da família- e todo incômodo que um falecimento nos traz, tive que presenciar seu sepultamento num local que chocou a todos: um terreno desnivelado, sem o mínimo planejamento, entre o presídio e o lixão e com inveja dos dois, pois ambos têm mais estrutura. Faltam grama, jardins, cerca, harmonia... Falta PAZ!

Que a “descatolização” do povo retirasse dos cemitérios as cruzes, as imagens e as menções sacramentais da vida celeste é compreensível, mas abandonar corpos quase que numa “vala comum” como vítimas de guerra e peste é inadmissível.

Que os mortos não votam todos sabem, mas aqueles que saíram do Cemitério Park no domingo após o sepultamento de meu pai, se vivos estiverem em outubro, se lembrarão da cena!

Revalino da Costa Fagundes Jr.
Com o apoio de amigos e familiares

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