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O inusitado acontece...

Marília Alves Cunha

A Semana santa é tempo de celebração. Anos após anos repetem-se os rituais religiosos que lembram a paixão de Cristo, imolado na Cruz para pagar os pecados dos homens. No Brasil inteiro multiplicam-se as rezas, as procissões, os cânticos tristes, as encenações da paixão, crianças vestidas de anjos, adultos encapuzados, profusão de velas, flores, lágrimas emocionadas, símbolos inúmeros do sacrifício e da morte de Jesus.

     Ocorre também uma expectativa alegre. Feriado prolongado a ensejar mil prazeres: regabofes banhados a vinho e sortidos com requintada bacalhoada. E aquele esticada na praia, no campo, feriado permitindo que a leveza tome conta da vida, que se esqueçam trabalhos e horários, mesmo que para isto haja para enfrentar longos congestionamentos e perigoso trânsito, um bando de crianças choronas, famintas e sedentas e uma mulher que não se cansa de citar tudo que poderia ter trazido na bagagem e ficou para trás. E haja bagagem...

     Muitos se aquietam em casa, ao sabor de um livro, um filme na TV, música, silêncio da cidade adormecida, gostosura daquele não fazer nada que o corpo cansado ansiava. Pura preguiça, lassidão. Beleza!

     Mas coisas inusitadas acontecem nestes santos dias e vão parar nas páginas dos jornais, por isto mesmo, por serem inusuais. É aquela velha história: se o cachorro morder o jornalista, o fato não se transforma em notícia de jornal. Agora, se o jornalista morder o cachorro, notícia na certa!

     Acreditem vocês: na cidade de Inhaúma, MG, um ladrão praticou um furto que abalou toda a população: levaram, afanaram a peruca que compõe a imagem de Nosso Senhor dos Passos, aquela imagem que, conforme reza a tradição, tem um encontro emocionante com Nossa Senhora das Dores, durante uma procissão. A peruca era novinha em folha, confeccionada com cabelos naturais e paga com dinheiro arrecadado pela comunidade. A revolta foi geral. Já se ouvira falar em furtos de objetos sagrados, mas a peruca da imagem de um santo, pelo amor de Deus, foi demais...   Nada, porém, apagou o brilho da procissão nem a fé dos habitantes: Nosso Senhor dos Passos seguiu seu caminho com a peruca velha, que havia sido conservada, sem ter de passar pelo constrangimento de desfilar careca.

     Outro fato que chamou atenção e chegou ás raias de um extraordinário realismo foi o enforcamento do Judas Iscariotes. Na cidade de Itararé- SP, o ator que representava Judas quase morreu estrangulado pela corda em volta do pescoço. Permaneceu por alguns minutos desacordado, antes que se apercebessem do que estava ocorrendo e desatassem o nó da forca de seu triste personagem. Uma quase tragédia, provocada talvez pelo afã de fazer da encenação uma coisa quase perfeita e condizente com a realidade. O final feliz alegrou a todos. O rapaz esforçado não merecia a triste sorte do traidor de Jesus.

      Bem, já prestamos contas ao Leão e a outros institutos que nos crucificam mais sofregamente no inicio do ano, curtimos a euforia do carnaval, rezamos ou nos divertimos na semana Santa. O que vem mais por aí? De agora prá frente, por algum espaço de tempo, acho que é trabalho, não é gente?

2 comentários:

  1. Jesus pregou vida em abundância e ainda tem gente que se mata por ele.

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  2. Sobre "O Inusitado acontece", a falta de planejamento ou ensaio geram acontecimentos surpreendentes. Qualquer ato público, inclusive shows, deve haver preparo, calculando para se precaver. Muitas empresas de eventos colocam dois compressores para o caso de um falhar, chamam médicos e bombeiros para eventuais necessidades. No improviso, é cada um por sí...

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