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Terceirizando

Neiton de Paiva Neves
(Crônica publicada originalmente na revista Evidência)

Este espaço da última página da “Evidência” é responsabilidade minha, mas hoje vou terceirizá-lo com bastante vantagem para mim, para a revista e para os leitores.

No número anterior da revista escrevi sobre meu mestre e amigo Antonio Maldonado Baena, Tonico, em texto de conteúdo muito pessoal (Ao Mestre, com gratidão), que acabou ecoando e repercutindo rápida e inesperadamente, empurrado pelos leitores, amigas e amigos, e pelo Blog do Aloísio (www.portaldearaguari.com.br.) onde está reproduzido. Tudo isso não pelo autor do artigo, mas pelo apreço e pelos méritos do personagem.

Além das inúmeras manifestações verbais, recebi no blog e em meu e-mail, da querida amiga Marília Cunha, do Natal, do Aristeu e de muitos outros amigos, os quais agradeço e publicaria se fosse possível, porque enriquecem sobremaneira a história.

Como não é, publico apenas o que recebi do Baena e que também está no Blog:

"Nosso tempo é quando.

Meu querido Neiton de ontem, de hoje e de todo tempo, amigo de sempre e de todas as horas - você já notou que estamos, já de há muito, você lá e eu cá e que este aparente distanciamento é só aparente mesmo, não é real, pois que ao menor aceno, mesmo que às vezes vindo do destino - não, do destino não, que já não acredito nessa coisa de fatalidade, mais própria às tragedias gregas... - mas vindo da vida, esta sim, nela acredito e ouço, sempre ouvi, e atendo seu chamado, como conosco quando nos chamou para juntos, de repente, vivê-la em mau momento. (Pula pra lá, meu irmão, que dela, tambem juntos, vivemos todo o contentamento...) E pula tambem essa de Mestre que, se algum dia o fui, honrou-me sê-lo de "jangada", Mestre Jangadeiro, êta, este sim, porreta mano! Agora se o magister é pespegado no advogado, aí meu amigo Neiton, vamos reconsiderar a consideração e permita-me inclui-lo no recurso: não que tenhamos alguma vez, uma sequer, traido os principios que nos legou Justiniano (aquele romano que voce conhece, o do "jus est ars boni et aequo" - se  me falha o latim, pode corrigir porque me amedronta especialmente o subconsciente freudiano trocando o "aequo" por "aequus" em homenagem a alguns colegas com quem cruzei por aí afora...) mas vamos lá concluir essa pendenga que já se arrasta. Mais do que o jurisconsulto romano nos uniu e ligou definitivamente o nosso poetinha, é ou não é? Era ele, sempre ele a guiar minhas frágeis e imemoriais jangadas, cantado, poetado, sonhado e amado companheiro que primeiro me ensinou o verso definitivo da amizade - "se todos fossem iguais a você, que maravilha viver!!!!

Alonguei-me mais do que pedem a moderação e o espaço, mas, que diabo!, foi você quem começou, levando-me às lágrimas, mexendo com esse coração já velho e cansado de guerra, ora mais fragilizado ainda num daqueles momentos da vida,  - ela que nos pega de surpresa e nos joga como agora ao leito de um hospital (temporario, garantem os esculapinos!) como que para cobrar os mares de asfalto singrados em noites e tempos que jamais chegarão ao fim como, às vezes, ela parece querer. Mesmo porque o sonho não acaba, como nos ensinou aquele outro jangadeiro afogado pela loucura nos mares estrangeiros. Meu amigo Neiton, você, capaz de muito amar e muito querer,  sabe que a eternidade não existe e que só em nós ela vive porque nosso tempo não é hoje, ontem ou amanhã, "nosso tempo é quando"...

Seu Tonico.”


Para responder, ainda comovido e sem recursos próprios, recorro aos versos de Milton Nascimento, que, muito melhor do que eu poderia, dizem o que penso e sinto:
“Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração

Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar”.

Um comentário:

  1. Realmente, eu pesquisei o nome do Sr. Maldonado na internet, que acho seja residente em Belo Horizonte, e, tendo localizado o email dele, mesmo sem o conhecer, recomendei-lhe acessar o link deste Blog, permitindo-lhe fruir das virtudes da amizade e da gratidão do seu ilustre discípulo.

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