O cenário turístico ferroviário brasileiro
Por Alexandre J. Campos (*) - "Nos dias 16, 17, 18 de julho de 2010, foi realizado em Campinas, SP o VII Seminário sobre Implantação de Trens Turísticos e Culturais, promovido pelo Movimento de Preservação Ferroviária e parceiros. O consagrado evento reuniu os operadores de Trens Turísticos que rodam pelo Brasil, além de municípios interessados em complementarem roteiros turísticos com passeios de trem. As diversas vertentes de trabalho expostas no seminário abordaram as metodologias utilizadas para realização de projetos, execução e operação dos empreendimentos, além de utilizar como bons exemplos, diversos passeios que já existem no país.
Dentre os participantes do evento tínhamos os operadores do Bondinho do Corcovado, que faz a subida ao Cristo Redentor, os operadores do passeio entre Mariana e Ouro Preto, Tiradentes a São João Del Rei, Curitiba a Paranaguá, Jaguariúna a Campinas, Trem do Vinho, Trem do Forró entre outros, além representantes de diversos municípios de vários estados do Brasil, entre outros. O evento contou também com palestras da Agência Nacional de Transportes Terrestres-ANTT, Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN, Superintendência de Patrimônio da União-SPU, Associação Brasileira de Preservação Ferroviária-ABPF, Associação Brasileira de Trens Turísticos Culturais-ABOTTC, entre outros, abordando a metodologia para realização de projetos, uma vez que a demanda de pedidos cresce a cada momento. Outro aspecto bastante enfatizado foi a preservação do patrimônio cultural ferroviário como forma de se garantir meios para execução de roteiros culturais.
Esta movimentação possibilitou o contato com o cenário turístico cultural ferroviário brasileiro, que se se encontra em alta. O charme das locomotivas movidas a vapor seduzem a cada vez mais pessoas. Famílias inteiras de diversas partes do país se deslocam até cidades que possuem tais passeios. Dentre os exemplos citados, no evento, encontramos circuitos de 300 metros a mais de 50 quilômetros, evidenciando que cada caso é um caso. Cada município possui um conjunto de atrativos a serem explorados de forma peculiar, garantindo a inovação neste segmento sensorial do turismo cultural.
O seminário foi encerrado com o passeio turístico ferroviário entre Campinas e Jaguariúna, com aproximadamente 24 km. A plataforma da estação foi ocupada por mais de 800 pessoas, sendo necessário 14 vagões de passageiros para acomodar todos os visitantes. O preço da passagem era de 50 reais inteira e 25 meia. A demanda foi tamanha que utilizaram 2 locomotivas para conseguir deslocar a composição. Este setor da economia cresce rapidamente, revolucionando o cotidiano de várias cidades brasileiras tendo suas receitas implementadas e diversificadas.
Enquanto os municípios participantes do evento negociavam a recolocação de trilhos, a compra de locomotivas e carros de passageiros, além da restauração de estações, armazéns, oficinas etc, outros deixam o seu patrimônio cultural ferroviário abandonado. E além de não aproveitarem seu potencial turístico cultural ferroviário, realizam ações que geram mais obstáculos à realização desta atividade turística no presente e no futuro."
(*) Alexandre J. Campos é Geógrafo formado pela UFU e servidor público municipal lotado na Fundação Araguarina de Educação e Cultura(FAEC)
Araguari é o exemplo da cidade do abandono. O pátio da RFFSA em Araguari está sendo e será todo descaracterizado em nome do progresso.
ResponderExcluirSei não, este povo quer acabar com tudo pra depois reconstruir com superfaturamento. Me ajuda aí, ôh!
ResponderExcluirEu fico muito feliz em ver que o assunto está ganhando força na cidade. Como morador do Bairro Goiás, aprendi a gostar da "Rede", dos ferroviários, da história da ferrovia, enfim.
ResponderExcluirAcredito que muito se perdeu, mas ainda há tempo. O trabalho do Aloísio, da FAEC e de alguns abnegados demonstra isso.
Eu sei que as "diretizes" dos gestores municipais (prefeito, vice e secretários), aliadas à omissão da Câmara e do próprio Ministério Público, apontam para a destruição total do passado. Eles não se importam em preservar a história da cidade, esquecendo-se de que o turismo histórico (ferroviário) pode ser uma fonte preciosa de recursos para cidade. Como eles adoram recursos, quem sabe ainda acordem...
O que mais me impressiona em Araguari ao compará-la com outras cidades é que não temos, na prática, um planejamento urbanístico. Aqui, os donos do capital e do poder fazem o que querem, destroem o patrimônio histórico e cultural num piscar de olhos. O Poder Público não cria uma política de desenvolvimento nessa área, não direciona o crescimento da cidade. Ainda sofreremos muito por esses erros...
Infelizmente não é só em Araguari que existe um total desinteresse em conservar e preservar nossa história passada. Somos ainda um povo sem educação e inculto, vivemos na individualidade, não temos noção de bem comum e de comunidade. Não existem políticas públicas voltadas à proteção do patrimônio HISTÓRICO E CULTURAL.Passei a minha infãncia nos pátios da estação ferroviária Goiás, escutando o apito dos trens e o movimento dos passageiros, indo e vindo. Nossas vias férreas estão há muito abandonadas, sendo que no mundo inteiro o transporte ferroviário continua sendo o grande meio de transporte.
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