Ai de ti, Haiti
Aristeu Nogueira Soares
A terra tremeu e a ferida abriu-se no Haiti. Catástrofe sem precedentes que arregala nossos olhos estupefatos.
Uma ilha pobre com apenas dois países, sendo que a Republica Dominicana tem renda per capita cinco vezes superior à do vizinho Haiti.
Um país conturbado desde a retirada dos colonizadores franceses, ainda no princípio do Século XIX.
A pacificação dos territórios parece uma luta sem fim. Agora esta tragédia coloca aquele povo sob a ótica de todo o Planeta e não apenas do Exército das Nações Unidas.
Tive alguns amigos militares que foram à Angola e outros que contingenciaram a ONU no Haiti.
Desconheço qualquer militar que tenha ido nessas aventuras por solidariedade humana. Um me confessou que voltou odiando os angolanos. Disse-me que, em princípio, denotam dó, mas com o passar do tempo tornam-se desagradáveis.
Fiquei triste e arrasado com este pensamento, não único.
Todos os meus contatos foram para engordar os salários com os dólares da ONU.
A presença militar coaduna com o pensamento antigo de se preparar para a guerra caso se deseja a paz.
A paz verdadeira só se obtém com o advento do amor.
Como ensinar aos povos a se amarem?
Talvez a dor faça brotar o amor e, pelo menos, espera-se isto daqueles vitimados, que somos todos nós.
Dar a vida pelo irmão é a prova de amor maior ensinada pelo Cristo e se encaixa perfeitamente à vida ceifada de Zilda Arns.
Creio que estes verdadeiros mártires justos aplacarão a vontade de Deus em renovar-nos pela dor.
A América Central pode ser mais um exemplo de superação a ser imitado por outros rebeldes planetários.
Sempre é tempo de reconstruir um mundo novo a partir de qualquer caos ou de um estrondoso “Big Bang”.
Realmente alguns militares, assim como ocorre com outros funcionários públicos, quando viajam em missão ao exterior é para engordar seus próprios salários. Nesse contexto, é evidente que os grandes objetivos políticos são bem sucedidos quando se combinam os interesses particulares dos servidores com os interesses de Estado. Não é diferente na iniciativa privada. Hoje os governos ao participarem dos acontecimentos internacionais são obrigados a combinar a globalização da economia com movimentos sociais de solidariedade, vinculando política externa com política pública. No caso da África temos hoje diversos brasileiros trabalhando em Angola buscando estruturar ao menos um esboço de sistema financeiro. Recentemente um acordo selou avanço para aquele país na área de telefonia com empresas particulares daqui. Mas o custo de vida lá é tão alto que, além da insalubridade, torna a remuneração irrisória. Assim como em caso de guerra, essa paz em curto prazo pode não ter vantagem pessoal para os servidores públicos, nem no Haiti. Mas a história da participação brasileira na África é rica, especialmente na luta contra o apartheid na África do Sul e contra o colonialismo na Namíbia. Percebendo a necessidade de ajuda mútua entre as nações, alguns diplomatas já pregam as grandes vantagens da solidariedade entre países, em movimento social paralelo e equivalente à globalização da economia, buscando reconstruir um novo sistema de cooperação internacional.
ResponderExcluirOs interesses envolvidos nesse tipo de cooperação nem sempre são confessáveis. Em busca de melhor remuneração, vão os funcionários. Visando a um melhor status no quadro das nações, segue o país.
ResponderExcluirMesmo que os interesses em jogo não sejam preponderamente humanitários, esse tipo de apoio mostra-se necessário. É que alguns países ainda não conseguiram alcançar um patamar civilizatório razoável, mostrando-se incapazes de dar aos seus cidadãos um mínimo de dignidade e direitos.