O possível fim da Escola Estadual Padre Elói, referência regional em educação
Alexandre J. Campos *
O futuro da Escola Estadual Padre Elói está em risco. A possível transferência para o antigo prédio da Escola Estadual Visconde de Ouro Preto poderá por fim a uma das mais tradicionais escolas em pleno funcionamento da cidade, além de deixar a mercê da especulação imobiliária o imponente prédio da Rua Uberaba. A localização de um empreendimento é fundamental para sua prosperidade.
Por esta impecável instituição de ensino já passaram milhares de araguarinos que hoje estão espalhados pela cidade, pelo Brasil e pelo mundo, trabalhando, ou continuando estudos aprofundados. Tais fatos evidenciam o papel que o primeiro ensino possui na formação sócio cultural dos indivíduos. Crianças que recebem educação de qualidade no inicio de sua formação, possivelmente serão adultos com um universo cultural ampliado e facilidade de ampliar seu conhecimento.
Um dos principais fatores do sucesso desta escola, além da sucessiva alternância de gestores e equipe discente, pode ser fundamentado em sua localização estratégica. Localizado em uma região centralizada, ladeado por ruas de pedras que reduzem o transito de veículos pesados e a velocidade dos demais, a escola conseguiu atrair alunos de todas as regiões da cidade. A miscigenação que isso causou, possibilitou o contato entre várias realidades, pobres, ricos, portadores de necessidades especiais, ampliando o universo cultural das crianças que lá estudaram. Em muitos anos era necessário pernoitar na porta da escola para conseguir uma vaga, diante da disputa pelo seu ensino de referencia.
A transferência para o precário prédio do Visconde de Ouro Preto, será um tiro no pé, pois os mesmos fatores locacionais que causaram a extinção desta escola, gradativamente afetará a qualidade e até mesmo o funcionamento da Escola Padre Elói. O prédio encontra-se isolado em uma rua sem saída, margeando a pista do aeroporto, que não possui segurança em toda sua extensão, possibilitando a invasão noturna e os furtos, como já ocorreram diversas vezes no antigo Visconde.
O caos para a entrada e saída de alunos se generaliza devido a incapacidade de entrada dos veículos na rua para deixar os alunos. Na maioria dos casos eles tem que ser deixados na esquina próxima e seguirem a pé até o local, ou os pais tem que estacionar o carro na avenida Santos Dumont e descer até a escola. Este processo vai contra a velocidade do tempo que estamos vivendo atualmente, que obrigam os pais atarefados a optarem pela agilidade em suas funções.
O imponente e impecável prédio ocupado pela Escola Estadual Padre Elói, importante Patrimônio Cultural da cidade, de propriedade da Congregação dos Padres Holandeses do Sagrado Coração de Jesus e Maria ficará abandonado ou será vendida a preço de banana, para ser demolido, como aconteceu com o Externato Santa Terezinha. Mas se o prédio é de propriedade da igreja católica, é também propriedade do povo que custeou a existência desta instituição. Tudo que a igrejas possuem surgiu do suor de seus fiéis e não pode ser negociado como uma simples mercadoria. Nada mais justo que parte deste patrimônio seja devolvido ao povo, ao público, dando continuidade ao seu papel sócio cultural. Se a igreja realmente faz jus ao papel que prega, ela deve doar o prédio para a escola ou no mínimo vender para o estado ou município a preço de banana em suaves prestações, com sempre faz para os particulares.
Defendo ferrenhamente a continuidade da Escola Estadual Padre Elói no local que está e com a qualidade que possui, por ter sido aluno desta instituição que possuiu um papel fundamental na constituição do individuo que sou hoje. Toda minha família foi iniciada nos estudos naquelas salas de aula, naquele pátio, sob a sombra daquela centenária mangueira, ao badalar do sino para o recreio. Se eu não lutar pelo que aprendi a acreditar lá mesmo, lutarei pelo o que na vida?
* Estudante de Geografia da UFU e estudante da Escola Estadual Padre Elói
Fui a primeira diretora da EE Pe.Elói e com muito orgulho lembro-me do esforço feito por mim e pelos funcionários e professores para colocar em funcionamento o prédio que nos foi entregue.Foi um trabalho muito grande para conseguir mesas, cadeiras, geladeira, mimeógrafos, máquinas de escrever, montar biblioteca e conseguir material didático. Era um trabalho quase missionário, pois não caia recurso público em nosso colo. Esta escola sempre fez um trabalho bonito e é assim que eu tenho notícias. O que está acontecendo com Araguari? Por que acabar com este patrimônio? Eu só queria entender...
ResponderExcluirJá ouvi e concordo que quando se fecha uma escola poderá abrir-se dois presídios!
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