Por que o espanto?
MarÃlia Alves Cunha
Em 2005 o Brasil passou por graves problemas polÃticos que geraram enorme conturbação e envolveram figuras conhecidas no meio. Jorraram fatos, denúncias, evidências, provas, contra os quais quaisquer argumentos tornaram-se refutáveis. O PT figurou como centro de um escândalo de enormes proporções e nomes reputados como ilibados, viram-se vestidos com a manta de “mensaleiros”. Dinheiro em profusão. Dinheiro na cueca, na mala, na bolsa. À época, algumas importantes figuras da República e do partido foram temporariamente afastadas. Houve muita “conversa prá boi dormir”, muita gente que não sabia de nada, apesar de estar no centro da confusão. Impunidade total até o momento presente... Há os que afirmam ainda hoje, que o mensalão não existiu. Tentativa frustrada de golpe, seria a história correta. Teria sido um sonho ou, melhor dizendo, pesadelo?
Em 2006 alguns petistas foram fisgados com um milhão e setecentos mil reais, que seriam usados, supostamente, para comprar dossiê contra adversários. Foram chamados carinhosamente de “aloprados”. Ninguém foi castigado e ao povo não foram prestados maiores esclarecimentos. Tudo tranqüilo na terra brasilis... E o Senador Azeredo, durante sua campanha de reeleição, teria usado também o Caixa 2, em operação articulada engenhosamente pela mesma estrela do mensalão. Processado agora pelo STF saiu-se com uma defesa já conhecida de sobejo. Como bom aprendiz repetiu: “Eu não sabia de nada”.
Pode faltar tudo neste paÃs, escândalo não falta. Desde cartões corporativos a passagens aéreas, verbas indenizatórias milionárias usadas com desvio de finalidades, milhares de pessoas trabalhando com afinco para compor a bem trançada rede de corrupção que se instala no paÃs. “Fora Sarney” tornou-se grito enfraquecido, frente ao apoio irrestrito dos poderosos. Abriram-se as cortinas da grande montagem chamada Senado Federal, com seus milhares de funcionários, muitos fantasmas, senadores lenientes, benefÃcios incontáveis para regalia de poucos privilegiados. O que restou disto? Alguém foi punido? Dinheiro devolvido? A moralidade foi restabelecida (ou estabelecida)?
Agora é a vez do DEM. Em tom jocoso, comenta-se: “Ontem foi o PT, hoje é o DEM, amanhã quem será?”. Os grandes protagonistas desta história infeliz são o governador e o vice do Distrito Federal, citados em inquérito policial como beneficiários de suposto esquema de distribuição de propina. Parece até reprise de filme. Tem vÃdeo, fatos, fotos, gravações, dinheiro em profusão transbordando de sacolas, malas, cuecas, bolsos... Tem gente graúda envolvida, tem mobilização popular, tem “Fora Arruda”, tem desculpas antológicas. E impunidade, continuará a ser o mote para a repetição descarada de tais absurdos?
Tenho minhas dúvidas sobre o desenrolar dos acontecimentos. É Natal, tempo de compaixão, solidariedade, de recesso prolongado de nossos parlamentares. Apaguemos da memória, como sempre fizemos, estes acontecimentos decadentes. Outros virão. Perdoemos os que, pelo menos, agradecem as “bênçãos” recebidas com belÃssima oração. Em nome dos sinos de Natal e dos panetones, perdoemos. Afinal, qual é esta de espanto? Será que nascemos ontem?
Em 2005 o Brasil passou por graves problemas polÃticos que geraram enorme conturbação e envolveram figuras conhecidas no meio. Jorraram fatos, denúncias, evidências, provas, contra os quais quaisquer argumentos tornaram-se refutáveis. O PT figurou como centro de um escândalo de enormes proporções e nomes reputados como ilibados, viram-se vestidos com a manta de “mensaleiros”. Dinheiro em profusão. Dinheiro na cueca, na mala, na bolsa. À época, algumas importantes figuras da República e do partido foram temporariamente afastadas. Houve muita “conversa prá boi dormir”, muita gente que não sabia de nada, apesar de estar no centro da confusão. Impunidade total até o momento presente... Há os que afirmam ainda hoje, que o mensalão não existiu. Tentativa frustrada de golpe, seria a história correta. Teria sido um sonho ou, melhor dizendo, pesadelo?
Em 2006 alguns petistas foram fisgados com um milhão e setecentos mil reais, que seriam usados, supostamente, para comprar dossiê contra adversários. Foram chamados carinhosamente de “aloprados”. Ninguém foi castigado e ao povo não foram prestados maiores esclarecimentos. Tudo tranqüilo na terra brasilis... E o Senador Azeredo, durante sua campanha de reeleição, teria usado também o Caixa 2, em operação articulada engenhosamente pela mesma estrela do mensalão. Processado agora pelo STF saiu-se com uma defesa já conhecida de sobejo. Como bom aprendiz repetiu: “Eu não sabia de nada”.
Pode faltar tudo neste paÃs, escândalo não falta. Desde cartões corporativos a passagens aéreas, verbas indenizatórias milionárias usadas com desvio de finalidades, milhares de pessoas trabalhando com afinco para compor a bem trançada rede de corrupção que se instala no paÃs. “Fora Sarney” tornou-se grito enfraquecido, frente ao apoio irrestrito dos poderosos. Abriram-se as cortinas da grande montagem chamada Senado Federal, com seus milhares de funcionários, muitos fantasmas, senadores lenientes, benefÃcios incontáveis para regalia de poucos privilegiados. O que restou disto? Alguém foi punido? Dinheiro devolvido? A moralidade foi restabelecida (ou estabelecida)?
Agora é a vez do DEM. Em tom jocoso, comenta-se: “Ontem foi o PT, hoje é o DEM, amanhã quem será?”. Os grandes protagonistas desta história infeliz são o governador e o vice do Distrito Federal, citados em inquérito policial como beneficiários de suposto esquema de distribuição de propina. Parece até reprise de filme. Tem vÃdeo, fatos, fotos, gravações, dinheiro em profusão transbordando de sacolas, malas, cuecas, bolsos... Tem gente graúda envolvida, tem mobilização popular, tem “Fora Arruda”, tem desculpas antológicas. E impunidade, continuará a ser o mote para a repetição descarada de tais absurdos?
Tenho minhas dúvidas sobre o desenrolar dos acontecimentos. É Natal, tempo de compaixão, solidariedade, de recesso prolongado de nossos parlamentares. Apaguemos da memória, como sempre fizemos, estes acontecimentos decadentes. Outros virão. Perdoemos os que, pelo menos, agradecem as “bênçãos” recebidas com belÃssima oração. Em nome dos sinos de Natal e dos panetones, perdoemos. Afinal, qual é esta de espanto? Será que nascemos ontem?
MarÃlia, eu não nasci ontem, mas do jeito que está não dá pra esperar o amanhã para morrer. Qualquer levante patriótico não passará de um mero Dom Quixote.
ResponderExcluirMarÃlia,
ResponderExcluirEu não perdôo nenhum polÃtico envolvido em corrupção nem os seus respectivos partidos, muito menos os contumazes na arte dos desvios morais. Ao menos desta vez o DEM foi mais eficiente em BrasÃlia por força das imagens da corrupção e os deputados distritais corruptos estão sendo expulsos quando não pedem para sair, mas não renunciam (nem suicidam). Os partidos polÃticos são culpados e coniventes quando aceitam indicar para os eleitores candidatos desqualificados e sem caráter. Muitos deles nunca poderiam ser indicados como candidatos, no máximo poderiam ficar como filiados por direito legal devido a qualquer cidadão (direito de votar e serem votados). A parte da sociedade formada pelos corruptores precisa reagir e não sustentar polÃtico corrupto. Muitos empresários pagam a propina achando que não existe outra saÃda para obter suas vantagens. Pior é que no momento da proposta indecente não existe saÃda mesmo, mas a disposição coletiva para reagir é importantÃssima. Paralelo a isso, já que a corrupção permeia a polÃtica em qualquer lugar do mundo, o Brasil precisa com urgência discutir a reforma polÃtica (a lei orgânica dos partidos) e o financiamento das campanhas eleitorais. Mas nada, absolutamente nada é capaz de superar os efeitos da falta de caráter. A pessoa em posto de comando polÃtico que não tiver idoneidade publicamente reconhecida não é capaz de governar mesmo que tenha assessoria competente e honesta.