Nunca se viu neste País...
Marília Alves Cunha
Grupos que se intitulam “Movimentos” invadem e depredam prédios públicos, tomam de assalto fazendas, destroem plantações, matam animais, fazem reféns, expulsam proprietários, legislam a seu favor determinando o que é produtivo ou improdutivo, criam escolas e até faculdades com currículos próprios, contrários a qualquer orientação programática e pedagógica existente no sistema educacional brasileiro. Não importa. A terra não é minha, a coisa pública não a reconheço como tal. Pago impostos ao governo, sem me preocupar com sua destinação. Esta baderna não faz parte da minha vida. Que importa?
As penitenciárias estão lotadas de criminosos, hipocritamente enjaulados para pagar a dívida com a justiça e para fins de “ressocialização”. Espremidos em espaços estreitos, sem atividades que os qualifiquem, esquecidos pela sociedade, pelos governantes e políticos, passam a organizar-se para comandar o crime do outro lado. Munidos de celulares (ninguém explica como os celulares se reproduzem dentro das penitenciárias) o Quarto Poder aumenta seus ataques, usando inclusive armamento antiaéreo, ceifando vidas, impondo-se a comunidades inteiras, assaltando, violentando, espalhando o terror e a insegurança. E eu com isto? Sinto-me razoavelmente protegida pelos portões eletrônicos, seguranças, carros blindados, alarmes. Nunca morei em barraco e nem em bairros pobres e desprotegidos. Não uso transporte coletivo. Estou a salvo...
É proibido adoecer, não há vaga nos hospitais públicos, não existem UTIs suficientes, não há médicos, bem pagos ou mal pagos. Faltam equipamentos, remédio, prevenção, organização, falta quase tudo na nossa velha saúde pública. Isto não é um problema meu. Um bom plano de saúde resguarda meu físico de possíveis problemas. Faço parte daquela população que não precisa implorar ou rebelar-se para ser atendido nos hospitais. Tenho o privilégio. Graças!
Sobra miséria neste país. Sobra fome. Sobra criança desprotegida e sem perspectiva de futuro. Sobra o desvario das drogas que, cada dia mais invade os lares, provocando tragédias incontáveis. Sobram jovens desassistidos e mal educados, a quem a marginalidade abraça e alicia. Alheios ao desmonte da democracia, da ordem e da justiça, ficamos a ouvir as parlapatices dos nossos governantes e políticos, encantados com o País das Olimpíadas, o país do trem bala e do submarino nuclear, o país rico, pacífico, cordial, que reinventaram de uns tempos para cá para exibir ao mundo...
Releio texto de Cláudio Humberto, escrito em 09/02/2007 e, por um instante, as sombras me cercam:
Grupos que se intitulam “Movimentos” invadem e depredam prédios públicos, tomam de assalto fazendas, destroem plantações, matam animais, fazem reféns, expulsam proprietários, legislam a seu favor determinando o que é produtivo ou improdutivo, criam escolas e até faculdades com currículos próprios, contrários a qualquer orientação programática e pedagógica existente no sistema educacional brasileiro. Não importa. A terra não é minha, a coisa pública não a reconheço como tal. Pago impostos ao governo, sem me preocupar com sua destinação. Esta baderna não faz parte da minha vida. Que importa?
As penitenciárias estão lotadas de criminosos, hipocritamente enjaulados para pagar a dívida com a justiça e para fins de “ressocialização”. Espremidos em espaços estreitos, sem atividades que os qualifiquem, esquecidos pela sociedade, pelos governantes e políticos, passam a organizar-se para comandar o crime do outro lado. Munidos de celulares (ninguém explica como os celulares se reproduzem dentro das penitenciárias) o Quarto Poder aumenta seus ataques, usando inclusive armamento antiaéreo, ceifando vidas, impondo-se a comunidades inteiras, assaltando, violentando, espalhando o terror e a insegurança. E eu com isto? Sinto-me razoavelmente protegida pelos portões eletrônicos, seguranças, carros blindados, alarmes. Nunca morei em barraco e nem em bairros pobres e desprotegidos. Não uso transporte coletivo. Estou a salvo...
É proibido adoecer, não há vaga nos hospitais públicos, não existem UTIs suficientes, não há médicos, bem pagos ou mal pagos. Faltam equipamentos, remédio, prevenção, organização, falta quase tudo na nossa velha saúde pública. Isto não é um problema meu. Um bom plano de saúde resguarda meu físico de possíveis problemas. Faço parte daquela população que não precisa implorar ou rebelar-se para ser atendido nos hospitais. Tenho o privilégio. Graças!
Sobra miséria neste país. Sobra fome. Sobra criança desprotegida e sem perspectiva de futuro. Sobra o desvario das drogas que, cada dia mais invade os lares, provocando tragédias incontáveis. Sobram jovens desassistidos e mal educados, a quem a marginalidade abraça e alicia. Alheios ao desmonte da democracia, da ordem e da justiça, ficamos a ouvir as parlapatices dos nossos governantes e políticos, encantados com o País das Olimpíadas, o país do trem bala e do submarino nuclear, o país rico, pacífico, cordial, que reinventaram de uns tempos para cá para exibir ao mundo...
Releio texto de Cláudio Humberto, escrito em 09/02/2007 e, por um instante, as sombras me cercam:
“Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima; depois, incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles; depois fecharam as ruas, onde não moro; fecharam então o portão da favela, que não habito; em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...”
UBERLÂNDIA-MG, 23 de outubro de 2009.
ResponderExcluirPrezada Marília,
Testemunhamos hoje, o verdadeiro "Desvio de Conduta Moral, Social e Coletiva", em grande parte ocasionada e incentivada pura e simplesmente pela Instituição IMPUNIDADE.
Nossa Mídia nos apavora com fatos jornalísticos, que apresentam diariamente o envolvimento de Cidadãos cuja Missão Social é garantir o cumprimento das Leis - quando não, da elaboração das próprias Leis - em inacreditáveis ilícitos, absolutamente documentados e comprovados, e o destino das DENÚNCIAS são sempre a BAIXA e o ARQUIVAMENTO, sob Pareceres e Decisões com justificativas mais hipócritas e bizarras do que o fato em si.
Há algumas situações documentadas, em que eu mesmo tenho vergonha de me apresentar como um "Cidadão Alfabetizado", diante tamanha discrepância, antinomia, a tal da "hermenêutica" dos nossos Operadores da Lei.
Antes não dominasse leitura alguma.
Falando nisso, li em algum lugar, a frase:
“Le Brésil n'est pas un pays sérieux” !!!
Para quem crê em "maldições", e no ditado popular que diz que "... a palavra uma vez proferida ...", parece que essa frase inteira aí está pegando, grudando...
Atenciosamente,
Janis Peters Grants.
Ainda bem que isto também nem é comigo.
ResponderExcluirNum passado recente, Claudio Humberto fez parte de uma galera que causava, sim, temor...
ResponderExcluirPor conta desse tipo de hipocrisia é que chegamos onde estamos.
Esse tipo de gente fazendo crítica social me causa arrepios.
Marília, o jornalista Cláudio Humberto também coloca sempre no site dele a origem desse pensamento:
ResponderExcluir"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar..."
Martin Niemöller, 1933.” Martin Niemöller (Lippstadt, 14 de janeiro de 1892 — Wiesbaden, 6 de março de 1984) foi um pastor luterano alemão. Em 1966 foi-lhe atribuído o Prêmio Lênin da Paz. Desde a década de 1980 tornou-se conhecido pelo poema "Quando os nazistas vieram atrás dos comunistas". Era uma luta travada pelo pastor luterano contra o nazismo e por isso se tornou inimigo pessoal de Ritler que o encarcerou num campo de concentração.
Apesar da sinistra situação que o nosso País atravessa àquela situação de ditadura eu prefiro não comparar. Aqui existe um esforço do governo em administrar recursos escassos, num país tamanho continental que encarece os custos dos serviços públicos. No Rio, por exemplo, além da pobreza o estado se esforça para chegar o momento em que a população trabalhe integrada com a polícia, de modo que a confiança mútua entre funcionários públicos e cidadãos supere a guerra do dia-a-dia, eliminando a força do estado paralelo que se instalou com as mazelas da droga. Em cada área de atuação de brasileiros, sejam médicos, militares, professores, cada um está realizando seu esforço pessoal para resolver esses graves problemas. Cada um de nós com enorme responsabilidade de apontar as soluções dentro dos limites legais de sua atuação, ainda que aparentemente impotentes. Não é uma situação sinistra que cada um pode lutar com suas próprias armas, mas é um esforço coletivo em busca do aperfeiçoamento das leis, das instituições e da felicidade de todos, mas cada um de nós representados, em sociedade organizada, por entidades sociais de classe, partidos políticos, município, estado, União, etc. Mas precisamos de muita fé para dar conta de tanto sofrimento e dificuldades, mas poucos países, mesmo pequenos territorialmente, conseguiram extinguir radicalmente a falta de educação de todos.
Amigo Natal,
ResponderExcluireu escrevi este texto guiada por um sentimento que muito me preocupa: penso que, a cada dia que passa, estamos ficando mais individualistas, querendo ou precisando resolver os nossos próprios problemas e nos esquecendo do próximo. Cobramos muito pouco de nós mesmos e, o pior, cobramos muito pouco dos políticos e das autoridades. O que eu gostaria de ver é exatamente isto que você citou: um esforço coletivo em busca de aperfeiçoamento... O que escrevi é um pouco um "mea culpa"... Acho que quase nada estou fazendo em prol de um Brasil melhor, preocupada e ansiosa em cuidar da minha própria vida. Será que basta ser honesto, cumpridor dos deveres, cidadão razoável para visualizar um futuro melhor? Ou talvez rezar bastante e entregar problemas maiores, que julgamos fora da nossa área de competência, nas mãos do Senhor? Um abraço, amigão. Hoje estou "em dias de "Marília um tanto quanto estressada..."
Marilia suas preocupações são nossas também e nos sentimos apreensivos lendo sua crônica e também ao final ficamos como você “por um instante, as sombras me cercam”. Mas todos nós estamos subordinados a um sistema que já possui suas regras que buscam atender aos seus e nossos anseios e evidentemente somos responsáveis individualmente também já que pelas relações de interdependências das coisas (fatos, leis, impostos, etc.) todos nós somos afetados por tudo que ocorre. O ritmo que se dá esse resultado ou movimento está vinculado a um emaranhado de soluções interdependentes que não podemos muitas vezes vislumbrar (talvez inclusive aumentar os impostos que pagamos). Mas o seu clamor é válido e quanto mais pessoas se pronunciarem requerendo providências mais rápidas as soluções. Quando o Cláudio Humberto escreveu aquela frase a situação do País era pior do que a existente agora, inclusive pela proliferação de informações que hoje é maior (diminuindo ou aumentando as sombras que nos cercam). Portanto sou otimista que a solução vem. É preciso mais esperança e ação do que stress, fazendo que nem hoje faz o Cláudio Humberto que continua num canal de televisão (de Brasília) e na Internet denunciando mazelas todo dia. Abração amiga, você é muito importante para todos nós!
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