O alfa e o ômega
Neiton de Paiva Neves
(Artigo publicado originalmente pela revista "Evidência", Araguari)
“É nosso dever, como homens e mulheres, proceder como se os limites de nossas habilidades não existissem. Nós somos colaboradores da criação”.
A afirmação acima é de Pierre Teilhard de Chardin, cuja obra e vida conheci anos atrás e que, embora até hoje estude e não conheça bem, me impressionam cada vez mais por seu conteúdo e por sua influência cada vez maior e mais nítida no pensamento contemporâneo.
Teilhard de Chardin nasceu em 1881 numa pequena cidade francesa e com 18 anos ingressou na Ordem Jesuíta. Adquiriu sólidos conhecimentos em teologia, filosofia, arqueologia, geologia e paleontologia, atividade que o tornou respeitado pesquisador.
Escreveu dezenas de obras nas quais desenvolveu e fundamentou de sua visão de Deus, da Fé, da Evolução, do Universo, do Homem, do Futuro etc., que embasaram muitos dos movimentos e das discussões filosóficas, religiosas, científicas e até políticas por aí circulando e tidas como originais.
Sobre ele, contra e a favor, existem centenas de livros. Pela extensão e profundidade de seu pensamento esta última página e tampouco a revista inteira dariam para falar pequena parte.
Apenas um apertado resumo, então. Para ele, a vida está concentrada no Homem. Houve época em que o pré-Homem, que sabia, mas não sabia que sabia, deu o passo da reflexão consciente e passou a saber que sabia. A partir daí começa sua história e assume sua posição central como o ser mais complexo que existe, mais complexo do que o ar, a água, a terra, o fogo, ou qualquer ser vivo. Movido por uma Energia, presente em tudo, tudo começou no Ponto Alfa e o Homem está na sua infância.
Teilhard de Chardin criou palavras para definir seus conceitos destacando-se o que ele chamou de noosfera, termo que inventou para designar o “invólucro pensante humano que recobre toda a terra, ou o envoltório energético formado por toda a atividade espiritual dos homens: vasta rede psíquica cuja aparição remonta aos primeiros seres humanos, na aurora do pensamento refletido, e cuja densidade só faz crescer em função do número dos homens e da qualidade do seu pensamento”.
Por isso, o Homem deve ser visto agora como um ser vivo e atuante não só na atmosfera, na barisfera, na biosfera mas, sobretudo, com maior intensidade e força, na noosfera que surgiu pela evolução de seu cérebro e tanto mais evoluirá quanto o seu cérebro (não o órgão, mas o que ele é capaz de criar) evoluir.
Para ele o Universo é um todo único, vivo e em evolução, oriundo de uma única energia espiritual, caminhando para a socialização e ao mesmo tempo para a personalização do indivíduo, convergindo na amorização sob a influência de um Pólo de atração universal que se acha no fim da evolução e é seu ativador, Ponto culminante, Ômega, a Consciência Suprema, o Amor Absoluto, Deus.
E por aí vai, muito adiante e muito atrás. A Igreja nunca autorizou a publicação de seus livros durante sua vida, pois o considerava muito polêmico. Suas obras, das quais a fundamental é “O fenômeno humano”, densa e substanciosa, só foram publicadas, após sua morte, no domingo de Páscoa, em abril de 1955. Coincidência?
Outros e vários livros dele estão traduzidos, alguns com passagens de belo conteúdo lírico, principalmente quando extravasa sua profunda Fé, como neste trecho; “Nós não somos seres humanos que têm uma experiência espiritual. Nós somos seres espirituais que têm uma experiência humana. Nós só temos que acreditar. E quanto mais a realidade parecer ameaçadora e difícil, mais firme e urgentemente nós temos que acreditar. Então, pouco a pouco, nós veremos o horror universal desenvergar, e então sorrir em nós, e então nos alojar em seus mais que humanos braços”.
As obras de Teilhard de Chardin ainda são pouco conhecidas, fora de um reduzido círculo de iniciados e/ou interessados. Fogem do convencional. Nada tem a ver, por exemplo, com os livros de auto-ajuda. Mas tem tudo a ver com a alta-ajuda no caminho racional para onde apenas a razão não é bastante.
(Artigo publicado originalmente pela revista "Evidência", Araguari)
“É nosso dever, como homens e mulheres, proceder como se os limites de nossas habilidades não existissem. Nós somos colaboradores da criação”.
A afirmação acima é de Pierre Teilhard de Chardin, cuja obra e vida conheci anos atrás e que, embora até hoje estude e não conheça bem, me impressionam cada vez mais por seu conteúdo e por sua influência cada vez maior e mais nítida no pensamento contemporâneo.
Teilhard de Chardin nasceu em 1881 numa pequena cidade francesa e com 18 anos ingressou na Ordem Jesuíta. Adquiriu sólidos conhecimentos em teologia, filosofia, arqueologia, geologia e paleontologia, atividade que o tornou respeitado pesquisador.
Escreveu dezenas de obras nas quais desenvolveu e fundamentou de sua visão de Deus, da Fé, da Evolução, do Universo, do Homem, do Futuro etc., que embasaram muitos dos movimentos e das discussões filosóficas, religiosas, científicas e até políticas por aí circulando e tidas como originais.
Sobre ele, contra e a favor, existem centenas de livros. Pela extensão e profundidade de seu pensamento esta última página e tampouco a revista inteira dariam para falar pequena parte.
Apenas um apertado resumo, então. Para ele, a vida está concentrada no Homem. Houve época em que o pré-Homem, que sabia, mas não sabia que sabia, deu o passo da reflexão consciente e passou a saber que sabia. A partir daí começa sua história e assume sua posição central como o ser mais complexo que existe, mais complexo do que o ar, a água, a terra, o fogo, ou qualquer ser vivo. Movido por uma Energia, presente em tudo, tudo começou no Ponto Alfa e o Homem está na sua infância.
Teilhard de Chardin criou palavras para definir seus conceitos destacando-se o que ele chamou de noosfera, termo que inventou para designar o “invólucro pensante humano que recobre toda a terra, ou o envoltório energético formado por toda a atividade espiritual dos homens: vasta rede psíquica cuja aparição remonta aos primeiros seres humanos, na aurora do pensamento refletido, e cuja densidade só faz crescer em função do número dos homens e da qualidade do seu pensamento”.
Por isso, o Homem deve ser visto agora como um ser vivo e atuante não só na atmosfera, na barisfera, na biosfera mas, sobretudo, com maior intensidade e força, na noosfera que surgiu pela evolução de seu cérebro e tanto mais evoluirá quanto o seu cérebro (não o órgão, mas o que ele é capaz de criar) evoluir.
Para ele o Universo é um todo único, vivo e em evolução, oriundo de uma única energia espiritual, caminhando para a socialização e ao mesmo tempo para a personalização do indivíduo, convergindo na amorização sob a influência de um Pólo de atração universal que se acha no fim da evolução e é seu ativador, Ponto culminante, Ômega, a Consciência Suprema, o Amor Absoluto, Deus.
E por aí vai, muito adiante e muito atrás. A Igreja nunca autorizou a publicação de seus livros durante sua vida, pois o considerava muito polêmico. Suas obras, das quais a fundamental é “O fenômeno humano”, densa e substanciosa, só foram publicadas, após sua morte, no domingo de Páscoa, em abril de 1955. Coincidência?
Outros e vários livros dele estão traduzidos, alguns com passagens de belo conteúdo lírico, principalmente quando extravasa sua profunda Fé, como neste trecho; “Nós não somos seres humanos que têm uma experiência espiritual. Nós somos seres espirituais que têm uma experiência humana. Nós só temos que acreditar. E quanto mais a realidade parecer ameaçadora e difícil, mais firme e urgentemente nós temos que acreditar. Então, pouco a pouco, nós veremos o horror universal desenvergar, e então sorrir em nós, e então nos alojar em seus mais que humanos braços”.
As obras de Teilhard de Chardin ainda são pouco conhecidas, fora de um reduzido círculo de iniciados e/ou interessados. Fogem do convencional. Nada tem a ver, por exemplo, com os livros de auto-ajuda. Mas tem tudo a ver com a alta-ajuda no caminho racional para onde apenas a razão não é bastante.
Eu, ainda quando residia em Araguari, há 30 anos, conheci alguma coisa de Teilhard e por muitos anos meditei sobre alguns temas seus e não parei na pesquisa. No seu exílio na China, em carta a um amigo ele disse: "Sinto-me bem entre as mãos do Senhor, e jamais, talvez, eu não tenha desfrutado tanto da alegria de me deixar cair no futuro, como nas profundezas de seu Ser em pessoa." Já na América, em outra carta, ele disse: "Há momentos em que tenho a impressão de ser um desses passarinhos que se vê turbilhonar com um vento forte. As forças espirituais são de um poder e de um mistério ainda maiores do que as forças da Matéria."
ResponderExcluirMais tarde eu conheci outras teorias esotéricas e compreendi melhor várias teses de Teilhard que aprendi quando ainda estava no colégio. A teoria de que tudo no universo é energia. Vivendo isso entendi que a estrutura do Cosmos é o Amor Incondicional, e este Amor é expressado como Divina Felicidade e Alegria. Isto é realidade. Isto é verdade.
Passei a entender com facilidade a teoria do filme e livro “O SEGREDO”, famoso atualmente. Seus autores diriam o seguinte a alguém que estivesse nos seus primeiros dias de vida: “Bem vindo ao planeta Terra! Não há nada que você não possa ser, fazer ou ter. Você é uma criatura magnífica e está aqui pela sua poderosa e deliberada vontade de estar aqui. Vá em frente, dando atenção para o que você quer, atraindo vivências para lhe ajudar a decidir o que você quer. Uma vez que você decida, dê atenção a isso. Muito do seu tempo será passado coletando dados que o ajudarão a decidir o que você irá querer. Mas o seu verdadeiro trabalho é decidir o que você quer e se focar nisso. Focando-se no que você quer é que você irá atrair. Esse é o processo de criação”.
Quero dizer, por fim, que colaborar com a Criação é pouco, também somos criadores da realidade. Bastaria, para entender melhor, um esforço das pessoas em imaginar um mundo e uma maneira de ser que não seja dualística e baseada na dualidade. No mundo da dualidade criamos pares de opostos para descrever experiências. Amor e Ódio, Luz e escuridão. Alegria e tristeza, não é assim? Agora, imagine um mundo em Igualdade e consciência da Unidade no qual há apenas energia, e esta energia, a qual se expressa como Luz e Som é a estrutura básica de toda vida. E já que deriva da Fonte, ela é puro Amor. Agora, quando você experiencia esta energia de puro Amor, ela é recebida como ondas de energia da Fonte localizada no Centro Galáctico.
Vendo assim, e grato pela oportunidade de leitura do trabalho apresentado pelo nosso benfeitor e parabenizando a decisão do administrador do Blog em divulgá-lo, não resisti em dizer que Teilhard viveu a sua fé e os efeitos que relatou hoje são fundamentados e falados de outras maneiras para melhor entendimento de mais gente, a bem de todos e progresso espiritual da humanidade. Uma tentativa de unir razão, fé (devoção) e amor (sentimento). Mas Deus continua o mesmo, e “nos mistérios a verdade é revelada”...
Abraço. Natal