A pergunta
Neiton de Paiva Neves
Está terminando mais um ano. Um grande poeta mineiro, infelizmente muito pouco divulgado e conhecido no Brasil, nascido em Juiz de Fora (1901), respeitado na Europa, onde faleceu (1975), tem uns versos mais ou menos assim: “Cada instante da vida é sempre menos / nunca é mais / desde o instante em que se nasce / começa-se a morrer”.
A transição de um ano que se foi para o que virá é uma convenção, mas acontecerá mesmo, pode crer e se preparar para começar tudo de novo. Não vingaram as previsões de que o Mundo iria acabar, feitas a cada final de ano, principalmente o detalhado fim anunciado pelos falsos profetas quando da virada do século.
Não adianta, o Mundo permanece aÃ, e, embora o Homem esteja aplicado em acabar com ele e com sua própria raça, a vida de cada um vai continuar até terminar. O cotidiano de mais 365 dias está à espera. Só Deus sabe o que está para vir.
E, a verdade está resumida na canção que Doris Day canta no filme “O homem que sabia demais”, grosseiramente traduzida assim: “quando eu era jovem / perguntei a minha mãe / o que serei eu / ... veja o que ela me respondeu / o que será, será / o futuro não cabe a nós saber / o que será, será / o que será, será”.
Adivinhar o futuro, atividade comercial/empresarial crescente em momentos de crise, (qualquer crise, pessoal, sentimental, econômica) tem enriquecido oráculos de todos os tipos, como jogadores de búzios, leitores de cartas, de borras de café, de linhas das mãos, por aÃ. Mas não tenho notÃcia de que seus clientes tiveram cumpridas as predições que lhes fizeram, boas ou ruins.
Aliás, existem algumas previsões de extrema obviedade, baseadas na observação dos fatos comuns e recorrentes da vida que facilitam imaginar o futuro de certas pessoas. Por exemplo, quem bebe muito, ou fuma cigarro, maconha, crack, ou cheira coca, está no caminho de uma cirrose, de um câncer, de uma parada cardÃaca, de uma isquemia, coisas assim.
Ou algumas das seguintes previsões que ouso fazer: grande lÃder mundial vai morrer; grande terremoto destruirá cidade inteira; ou importante polÃtico é cassado; atriz ou ator famoso sofrerá desastre; banco importante e tradicional vai quebrar. Aposto que das cinco todas ou quase todas vão mesmo acontecer ano que vem.
E uma sexta: quem anda metendo a mão no que não é seu, roubando, chantageando, extorquindo, e ainda não foi descoberto, ainda vai ganhar muito dinheiro, sempre andando na corda bamba, até quando for denunciado, julgado e condenado pela justiça e ir mesmo para a cadeia por muitos anos. Essa previsão eu não garanto que vai se cumprir.
E tem aquela antevisão infalÃvel do poeta Vinicius de Morais: “Você, que só ganha prá juntar / o que é que há, diz prá mim o que que há? / Você vai ver um dia / Em que fria você vai entrar / Por cima uma laje / Embaixo a escuridão / É fogo, irmão / è fogo irmão”.
Que coisa heim? Natal, Ano Novo, e eu aqui falando dessas coisas tão incômodas e sem qualquer alegria.
É que estou saindo de uma conversa com meu amigo L.A.B., grande figura, gente boa, inteligente e de muito bom humor, mas que, nesta época de fim/começo de ano, vive uma grande e contagiante transformação interior, felizmente passageira, para ele e para todos os que sofrem sua influência, como eu.
O que lhe dava alegria causa-lhe tristeza; o que lhe causava tristeza o faz alegre. Sua sensibilidade fica exacerbada e seus sentimentos se misturam, embaralham, gerando enorme confusão na sua cabeça e no seu coração. E isso pega, mas despega. Ainda bem.
Em grande parte de mim já desprendeu, o que me permite ver ali no futuro ano que vai começar uma promessa de alegria, uma nesga de esperança, uma fonte de fé, uma expectativa de luz, uma escora de confiança, uma certeza de vida, uma hipótese de paz, uma promessa de justiça.
E ver lá no passado que se fecha um repositório do vivido e do sentido, que apesar do poeta afirmar ser sempre menos, recuso-me a assim aceitar e tenho como sempre mais, muito mais, no meu depósito de sentimentos e de valores imateriais e na construção de quem sou, não de quem penso ou gostaria de ser ou de quem acham que sou.
E aà continua a me martelar uma pergunta que tenho sempre, nesta época com mais força, para a qual ainda não encontrei resposta.
Qual pergunta? Não digo, mas acho que é a mesma que você tem e para a qual busca a resposta, como eu.
Está terminando mais um ano. Um grande poeta mineiro, infelizmente muito pouco divulgado e conhecido no Brasil, nascido em Juiz de Fora (1901), respeitado na Europa, onde faleceu (1975), tem uns versos mais ou menos assim: “Cada instante da vida é sempre menos / nunca é mais / desde o instante em que se nasce / começa-se a morrer”.
A transição de um ano que se foi para o que virá é uma convenção, mas acontecerá mesmo, pode crer e se preparar para começar tudo de novo. Não vingaram as previsões de que o Mundo iria acabar, feitas a cada final de ano, principalmente o detalhado fim anunciado pelos falsos profetas quando da virada do século.
Não adianta, o Mundo permanece aÃ, e, embora o Homem esteja aplicado em acabar com ele e com sua própria raça, a vida de cada um vai continuar até terminar. O cotidiano de mais 365 dias está à espera. Só Deus sabe o que está para vir.
E, a verdade está resumida na canção que Doris Day canta no filme “O homem que sabia demais”, grosseiramente traduzida assim: “quando eu era jovem / perguntei a minha mãe / o que serei eu / ... veja o que ela me respondeu / o que será, será / o futuro não cabe a nós saber / o que será, será / o que será, será”.
Adivinhar o futuro, atividade comercial/empresarial crescente em momentos de crise, (qualquer crise, pessoal, sentimental, econômica) tem enriquecido oráculos de todos os tipos, como jogadores de búzios, leitores de cartas, de borras de café, de linhas das mãos, por aÃ. Mas não tenho notÃcia de que seus clientes tiveram cumpridas as predições que lhes fizeram, boas ou ruins.
Aliás, existem algumas previsões de extrema obviedade, baseadas na observação dos fatos comuns e recorrentes da vida que facilitam imaginar o futuro de certas pessoas. Por exemplo, quem bebe muito, ou fuma cigarro, maconha, crack, ou cheira coca, está no caminho de uma cirrose, de um câncer, de uma parada cardÃaca, de uma isquemia, coisas assim.
Ou algumas das seguintes previsões que ouso fazer: grande lÃder mundial vai morrer; grande terremoto destruirá cidade inteira; ou importante polÃtico é cassado; atriz ou ator famoso sofrerá desastre; banco importante e tradicional vai quebrar. Aposto que das cinco todas ou quase todas vão mesmo acontecer ano que vem.
E uma sexta: quem anda metendo a mão no que não é seu, roubando, chantageando, extorquindo, e ainda não foi descoberto, ainda vai ganhar muito dinheiro, sempre andando na corda bamba, até quando for denunciado, julgado e condenado pela justiça e ir mesmo para a cadeia por muitos anos. Essa previsão eu não garanto que vai se cumprir.
E tem aquela antevisão infalÃvel do poeta Vinicius de Morais: “Você, que só ganha prá juntar / o que é que há, diz prá mim o que que há? / Você vai ver um dia / Em que fria você vai entrar / Por cima uma laje / Embaixo a escuridão / É fogo, irmão / è fogo irmão”.
Que coisa heim? Natal, Ano Novo, e eu aqui falando dessas coisas tão incômodas e sem qualquer alegria.
É que estou saindo de uma conversa com meu amigo L.A.B., grande figura, gente boa, inteligente e de muito bom humor, mas que, nesta época de fim/começo de ano, vive uma grande e contagiante transformação interior, felizmente passageira, para ele e para todos os que sofrem sua influência, como eu.
O que lhe dava alegria causa-lhe tristeza; o que lhe causava tristeza o faz alegre. Sua sensibilidade fica exacerbada e seus sentimentos se misturam, embaralham, gerando enorme confusão na sua cabeça e no seu coração. E isso pega, mas despega. Ainda bem.
Em grande parte de mim já desprendeu, o que me permite ver ali no futuro ano que vai começar uma promessa de alegria, uma nesga de esperança, uma fonte de fé, uma expectativa de luz, uma escora de confiança, uma certeza de vida, uma hipótese de paz, uma promessa de justiça.
E ver lá no passado que se fecha um repositório do vivido e do sentido, que apesar do poeta afirmar ser sempre menos, recuso-me a assim aceitar e tenho como sempre mais, muito mais, no meu depósito de sentimentos e de valores imateriais e na construção de quem sou, não de quem penso ou gostaria de ser ou de quem acham que sou.
E aà continua a me martelar uma pergunta que tenho sempre, nesta época com mais força, para a qual ainda não encontrei resposta.
Qual pergunta? Não digo, mas acho que é a mesma que você tem e para a qual busca a resposta, como eu.
Nobre CausÃdico e respeitável cidadão, a pergunta seria:
ResponderExcluir"- De que forma DEUS irá me usar amanhã ?! Saberei eu interpretar Seus DesÃgnios e agir da maneira que O Agrade ?! Nosso tempo urge. Não podemos mais falhar."
FELIZ NATAL !!!
Atenciosamente,
Janis Peters Grants.
Muito interessante e surpreende o primeiro comentário feito por Janis. Mas creio que não desvenda o enigma suscitado à vista da necessidade de outros pré requisitos fortemente manipulados pelas religiões. Quem sabe o Criador para fazer de nós instrumentos ainda esteja esperando mais esforço para que a Sua ferramenta esteja pronta para ser usada na próxima tarefa. Talvez para onde a humanidade caminha fosse a pergunta a fazer, ou talvez quais os caminhos estão reservados para a humanidade percorrer. A falta desse conhecimento hermético e também dos objetivos da criação gera no amigo do autor (L.A.B.) o mesmo comportamento de insegurança que permeia todos os seres humanos, com freqüentes demonstrações de humor, ódio, pânico e perplexidade perante o futuro. Parece-me que o cérebro humano não consegue acompanhar a aceleração da história humana, dos fatos e das coisas promovidas pelo computador. A solução é estar bem consigo mesmo e não deixar que o mundo exterior domine a nossa personalidade. Tales de Mileto, um dos Sete Sábios da Grécia Antiga, quando um sofista lhe perguntou “Qual é a mais difÃcil de todas as coisas?
ResponderExcluirE o Sábio de Mileto replicou:
- Conhecer a si mesmo!”
Quem sabe para a pergunta do autor e nosso bem feitor da cidade a resposta já tenha sido arquitetada por um certo filósofo grego para o qual conhecer a si mesmo ajudaria a desvendar os mistérios do universo, confirmando a outra tese do alquimista Hermes Trimegistro de que assim como é em baixo é em cima! Também Heráclito (400 a.C.) disse que nos mistérios a verdade é revelada (recomendo: http://mortesubita.org/jack/alquimia/tratados-alquimicos/corpus-hermeticum/x-a-chave-de-hermes-trimegistro )
Natal Fernando