Header Ads

Cresce o número de felinos monitorados pelo CCBE


Jaguatirica fêmea e raposa capturada em março
juntamente com a equipe de monitoramento

De Vanessa Pires da Cunha, Assessora de Comunicação do CCBE:

Após um ano de atividades, o Projeto Onça Parda do Triângulo Mineiro, uma parceria entre o Consórcio Capim Branco Energia (CCBE) e o Programa de Conservação de Mamíferos do Cerrado, surpreende com resultados positivos. Até o presente momento, estima-se a existência de pelo menos seis onças-pardas, cinco jaguatiricas e outras 26 espécies de mamíferos na área de influência do Complexo Energético Amador Aguiar.

Nas seis campanhas de captura já realizadas, uma onça-parda e um casal de jaguatiricas foram apanhados, diagnosticados e receberam colares, equipados com rádios transmissores adquiridos pelo CCBE e, em seguida, liberados no local. “O resultado do monitoramento tem sido positivo. Foram capturados uma jaguatirica macho e uma fêmea que está prenhe, ou seja, teremos o privilégio de acompanhar a gestação da mãe e o nascimento dos filhotes”, afirmou a bióloga do CCBE, Simone Mendes.

O monitoramento é realizado em etapas e tem como objetivo acompanhar e avaliar a situação das espécies de felinos que habitam na área de influência do Complexo Energético Amador Aguiar. A partir dos resultados obtidos é possível elaborar um plano de manejo adequado à sua preservação. Este trabalho contempla uma das fases do Programa de Monitoramento de Espécies Ameaçadas de Extinção, condicionante da Licença de Instalação (LI), proposta pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM).

Também foram capturados e equipados com rádio-colares seis raposas-do-campo e um lobo-guará, além de marcados dois cachorros-do-mato, e uma irara. Para o estudo destes animais, o CCBE forneceu o apoio logístico e contou com a parceria de ONGs e instituições no fornecimento dos colares de monitoramento. Participaram deste processo as ONGs Idea Wild, Smithsonian Institute e Neotropical Grassland Conservancy (NGC) e as instituições de ensino e pesquisa Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e Centro Nacional de Pesquisas para a Conservação dos Predadores Naturais (CENAP)/ICMBio.

Monitoramento

Para o monitoramento, foi solicitado a licença junto ao Centro Nacional de Pesquisas para a Conservação dos Predadores Naturais (CENAP) e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICM/Bio). Na primeira etapa foram instaladas armadilhas fotográficas em pontos estratégicos que, por meio de um sensor de calor registraram os animais. Essas armadilhas permitiram estimar - mesmo que de forma preliminar- tanto a densidade populacional da onça parda como também de outros felinos pertencentes à fauna nativa da região. Tem sido feito ainda um trabalho de conscientização e entrevistas com proprietários rurais da região.

Na segunda etapa, 40 armadilhas entre laços e jaulas utilizadas para captura dos felinos foram instaladas nas trilhas por onde passam os animais. A checagem das armadilhas ocorre duas vezes ao dia e os felinos capturados são registrados e estudados por biólogos e veterinários. “É aplicada a anestesia e em seguida são coletadas informações sobre o animal tais como peso, tamanho, amostra sanguínea, fecal e análise de período fértil”, explica o coordenador do Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado e professor da Universidade Federal de Goiás, Frederico Gemesio Lemos.

Trabalho de Captura

Capturar felinos para estudos e pesquisas exige da equipe a “paciência de um monge”. Mesmo com toda a dedicação, a captura pode demorar dias e até meses. De acordo com o coordenador do projeto, Frederico Gemesio Lemos, o trabalho é minucioso e exige uma combinação de três metodologias: registros fotográficos, coleta de dados e entrevista com moradores.

Baseado nessas informações, as armadilhas são montadas em pontos com maior probabilidade de captura, seguindo sempre as normas impostas pelos órgãos licenciadores. Mas, segundo Frederico Gemesio os carnívoros em geral, especialmente os felinos, são animais de hábitos noturnos, discretos e ariscos, que evitam passar por locais onde as pessoas habitam ou se deslocam com frequência. “Mesmo com todos os cuidados a tarefa não é fácil. Estes animais possuem a audição, o faro e a visão muito sensíveis e são capazes de perceber mudanças sutis no ambiente. Geralmente, quando isso acontece, os felinos passam a evitar este ambiente”, afirma. Além disso, os dados levantados pelo projeto têm mostrado que o número de felinos na região é baixo, visto que hoje, o Triângulo Mineiro possui poucas concentrações de áreas de Cerrado preservadas.

9 comentários:

  1. Vou repetir: Também preciso monitorar minha sogra, assim antes dela chegar eu saio, mas neste caso prefiro a extinção da fera.

    ResponderExcluir
  2. Pobres bichos. Invadimos violentamente seus espaços, destruimos seu habitat. Os que sobrarem são pegos em armadilhas, anestesiados, veia furada, fezes colhidas, colares radiotransmissores enfeitando o pescoço, pose para fotografia: "Olha o passarinho!!!" Ainda tem??? E ainda temos que dar graças a Deus... Homem = Predador

    ResponderExcluir
  3. Olá Marília, sou Frederico Lemos, coordenador do projeto apresentado na reportagem e pesquisador da Universidade Federal de Goiás.
    Li seu comentário acima e senti um certo sentimento de contrariedade em relação ao trabalho que desenvolvemos, e notei também a falta de exepriência com pesquisas dessa natureza. Gostaria de esclarecer primeiramente que todo o procedimento de captura e manejo dos animais envolvidos é feito de acordo com as recomendações e exigências do órgão competente do ICMBIO (antigo IBAMA), o CENAP (Centro Nacional de Pesquisa a Conservação dos Predadores Naturais), sendo assim nenhum animal é manuseado por tempo além do necessário para coleta de dados, e nem subjugado de forma cruel ou torturante. Todo o procedimento é realizado com a presença de um a dois veterinários especialistas em vida silvestre e previamente aprovados pelo CENAP, o que garante total assistência do animal durante a anestesia.
    Em segundo lugar, gostaria de lembrá-la que nosso objetivo primeiro é tentar (!!) garantir a existência dessas espécies em longo prazo e para isso precisamos conhecer suas necessidades ecológicas e biológicas, tipo de conhecimento que atualmente no Brasil é escasso. Essa existência mecionada como você mesmo disse está ameaçada por nós mesmos devido a vários fatores, então não sabemos como esses animais estão se comportando no ambiente atual, totalmente fragmentado, desmatado, e com poucos recursos. E não adianta apontar o dedo e dizer "fulano é culpado", todos temos nossa cota de culpa, quando demoramos mais no chuveiro e gastamos mais luz, quando pegamos nossos carros bonitos e gastadores e necessitamos de mais recursos ou mesmo quando queremos comer um simples bife de carne ou de soja e para isso todo o Cerrado é desmatado...
    Com certeza, como biólogo, ecólogo, fotógrafo de vida silvestre, e desde criança, admirador da natureza e sua biodiversidade, preferiria poder observar esses animais simplesmente, e saber que meus filhos os observarão também, mas essa garantia não existe, estamos longe dela, e daí surge a necessidade de trabalhos como esse.
    Por fim, gostaria de convidá-la para visitar nosso projeto que atua nos municípios de Araguari (MG) e Cumari (GO), onde desenvolvemos não só ações de monitoramento, mas também de observação dos animais e visita a fazendas para levar mais informações sobre essas espécies tão pouco cohecidas e tão enraizadamente perseguidas, por causarem "prejuízos" a pessoas do campo. Quem sabe com a visita conseguimos mostrar que o trabalho é bem mais que "pousar para fotografias e ver o passarinho"!
    Atenciosamente,
    Fred

    ResponderExcluir
  4. Essa postura assumida pela maioria das pessoas, de "coitado do bichinho", é muito vazia em minha opinião. As mesmas pessoas não ficam com "pena dos bichinhos" que tiveram que morrer para ceder espaço para as construções de suas casas, para a produção de seus alimentos e para sustentar os seus caprichos diários, além dos depósitos do seu lixo. Eu sei que para agora colocar minha opinião neste blog, muitos animais tiveram que morrer para ceder espaço para a hidroelétrica produzir a energia para ligar meu computador e das muitas árvores que tiveram que tombar para produzir a cadeira e mesa que me apoio, entre muitas e muitas outras coisas. Então eu não tenho discurso vazio, tenho consciência do meu impacto na natureza enquanto vivo, e admiro o trabalho dessas pessoas que estudam e tentam de alguma forma mudar a realidade triste da nossa natureza, fadada a desaparecer. Porque para se preservar é preciso conhecer!

    ResponderExcluir
  5. Penso que fui mal interpretada. Não estou em absoluto criticando o Projeto ou qualquer Projeto que trabalhe na tentativa de preservar a existência de espécies, em meio a devastação. Critico a devastação, isto sim, pois não há artifícios humanos que recomponham o que a natureza construiu. É a pura verdade, o que o Sr.Alan Nilo escreveu: a natureza está fadada a desaparecer. O progresso não admitirá retrocessos, nem que isto signifique a destruição da raça humana. Tenho muita dó dos animais. É um sentimento que, feliz ou infelizmente não consigo reprimir e às vezes vêm à tona... Nós podemos decidir da nossa vida e da nossa morte. Os animais estão a nossa mercê!
    Desculpem-me os que se sentiram ofendidos. Terei imenso prazer em conhecer o Projeto. Sempre acho que pouco sei, ajo muito por instinto e aprender é sempre uma coisa maravilhosa. E voces já estão me ensinando, apesar de divergências. Abraços a todos.

    ResponderExcluir
  6. A Natureza é apaixonante. Acabo de fazer um curso, pelo SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, de três dias, referente à manutenção e conservação de nascentes. Os mais entendidos notaram rastros à beira d'água de uma mãe capivara e quatro filhotes. Um dos integrantes da equipe, não sei se de brincadeira ou com verdadeira intenção, disse que iria comer capivara em breve. Sinceramente, toda a população animal que pode ser vitimada, que não é tanta, deveria ser rastreada com os movimentos do coração. Caso parasse um sinal de alerta chegaria até uma central com a posição. Imediatamente uma patrulha aérea chegaria ao local para aprisionar os responsáveis, se fosse o caso. Parece loucura, mas é se por na pele dos mesmos...

    ResponderExcluir
  7. Tenho certeza que todas as pessoas que assistiram alguma vez na TV os biólogos cuidando da vida animal e vegetal ficaram emocionadas e gratas por terem alguém fazendo esse trabalho de defesa do futuro geral. Cada um de nós gostaria de fazer o mesmo. Em Belo Monte talvez tenha também algum antropólogo medindo as orelhas, dentes e ossos dos Índios. Tem até notícia de gente colhendo sangue deles e exportando para preservar a pureza da raça. Nas represas já construídas agora resta medir e estudar o que sobrou. Mas, todos esses profissionais, assim como nós outros, somos vítimas ou fazemos parte de um sistema político que escolheu inundar extensas áreas modificando irreversivelmente o ecossistema, à falta de uma política energética para o país que privilegie energias alternativas. Quantos animais desapareceram com a construção das represas? Não sei se vocês estudaram esses animais e peixes antes da inundação. Talvez vocês conheçam estudos sobre a fauna e a flora antes e depois da construção de Balbina(AM) e Tucurui (PA), sem falar da vida dos índios e ribeirinhos afetados. Vocês não têm índios para medir e estudar, mas em Belo Monte desde 1989 eles e minúsculas comunidades começaram cedo a reagir e até conseguiram diminuir a previsão de produção de energia, inclusive reduzindo a área quadrada a ser inundada. Em nossa região o que fizemos antes da construção da hidrelétrica a favor dos animais e de nós mesmos? O certo é que a energia elétrica que pagamos continua pesando em nossos bolsos; os animais continuam em risco de vida; e o clima ficou pior. Os animais e nós todos pagando o custo socioambiental em nome do nosso progresso econômico e não havendo políticas energéticas alternativas logo não poderemos mais falar “olha o passarinho”...

    ResponderExcluir
  8. Fico feliz por ter provocado estas brilhantes opiniões e ensinamentos.Li e reli várias vezes tudo o que foi expressado neste blog. O assunto merece ser debatido à exaustão, em todas as oportunidades. Continuarei amando muito os bichos e tendo pena deles. Alguns precisam fazer isto...

    ResponderExcluir
  9. Realmente o progresso é um rolo compressor, que esmaga tudo a sua frente em nome de um bem maior. O NOSSO!
    Contudo, o nosso estilo de vida e o modo como nos utilizamos dos recursos do Planeta podem mudar. Para quem se lembra, a cinco ou seis anos ninguém discutia aquecimento global. Agora não é possível passar um dia sequer sem assistir uma reportagem sobre o tema na TV ou ler algo nos jornais. Até a minha sogra de 76 anos de idade reconhece que o problema existe e é sério. Para mim essa já é uma grande MUDANÇA. Então mesmo a menor das iniciativas de se conhecer e proteger a natureza hoje, somadas farão grande diferença no futuro.

    ResponderExcluir

Os comentários neste blog passam por moderação, o que confere
ao editor o direito de publicá-los ou não.