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Inocêncio Nóbrega: São Francisco, lenda e realidade


Inocêncio Nóbrega
Jornalista
inocnf@gmail.com

Com 2.900 km de extensão, terceiro maior do mundo, o Rio São Francisco deita-se, literalmente, em berço esplêndido do solo brasileiro, conforme a letra do nosso hino maior. Portanto, rio da unidade nacional. Criado pela natureza para cumprir esse destino. Descoberto ao avesso pelos exploradores Gonçalo Coelho, de passagem pela Barra de São Miguel, Alagoas, que a 04/10/1501 se depararam com a foz de um grande curso d’água. Por ser dia dedicado a São Francisco de Assis, na liturgia católica, o denominou de São Francisco. Para quem seguir o sentido inverso de suas águas logicamente alcançará a Serra da Canastra, de onde elas fluem de uma profunda fenda, escorrendo pela primeira grande Cachoeira Casca d’Anta, a 186m de altitude, cuja idade geológica do monte rochoso ninguém sabe.






A notícia de seu descobrimento fez surgir lendas as mais diversas. Contava-se que suas nascentes, no município centro-oeste mineiro de S. Roque de Minas, tratava-se de uma região fantástica de palácios, onde se mirava a esperança. Viam-se, inclusive, índios passando com cestos de ouro. Ilusões que ao longo dos séculos parecem se converter em realidade.

Tal tesouro imaginário despertou ideia para enfrentamento das secas do nordeste semiárido. José Raimundo do Paço de Porbém Barbosa, Ouvidor da Comarca do Crato-CE, em 1817 elaborou o primeiro projeto de transposição de suas águas. Seguiram-se outros: o de 1847, concebido por Marcos Antonio de Moura, previa um canal ligando Cabrobó-PE ao Jaguaribe-CE, aproveitado por D. Pedro II, que entre 1852/54, determinou estudos objetivando a viabilidade técnico-econômica; em 1886, é dado à luz o projeto do engenheiro cearense Tristão Franklin Alencar de Lima.

As discussões, sobre o tema, tomaram novo impulso no período republicano. Falou-se muito no governo de Afonso Pena, durante a gestação do antigo IFOCS (Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas). O presidente Itamar Franco, cogitou algo nesse sentido. FHC, em visita à Fortaleza (1998), a quem foi entregue manifesto com 1 milhão de assinaturas, coordenado pelo deputado estadual cearense Wellington Landim, mentindo para o povo declarou que a obra é prioritária na sua gestão. O parlamentar paraibano Wilson Braga diz haver vasculhado vários ministérios, nada encontrando em tramitação.

Em comício de campanha política, numa cidade goiana, JK prometeu construir Brasília. Assim como ele o presidente Lula, ao visitar a Paraíba, em fins de 2003, anunciou que desta vez as obras da transposição sairiam do papel, tornando em efetivas as lendas de ontem, o líquido ouro que buscávamos. Com determinação, enfrentando vozes opostas, a exemplo de ACM, da Bahia, com a presidenta Dilma, tanto quanto Juscelino na inauguração de Brasília, farão em Monteiro, no dia 19 próximo, sob as bênçãos de São José.

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