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Inocêncio Nóbrega: O Marques de Jango

Inocêncio Nóbrega
Jornalista
inocnf@gmail.com

Inocêncio Marques de Araújo Góis, meu xará, Barão de Araújo Góis, segundo o genealogista Luís Antonio Alves, foi agraciado com esse título da nobreza, numa relação de centenas de nomes. Trata-se de um ardil do Império, a fim de manter equilibrado seu poder, numa política de governo obscurantista, diante das classes sociais mais baixas.  Não obstante os Marques, para uns de origem portuguesa, sejam considerados uma das estirpes mais populares do Brasil. Ainda, a respeito desse sobrenome, esse experimentado cientista gaúcho, no seu livro “Memorial Açoriano”, para quem a índia Bartira é a mãe comum dos brasileiros, dedica estudado comentário: “Marques, de formação patronímica, são os filhos de Marcos. Pelos anos de 1100 Marquiz, Marquez, cortesão tirado do baixo latim Marquici, de Marcus (nominativo)”. Aplica-se-lhe o fonema Marco a personagens históricos: Antonio Marco Tullio, Marco Aurélio, Marco Polo, se o analisarmos dentro do contexto semântico, conforme explicita.





Provavelmente, cada região patrícia tem seus Marques. Sob essa lógica o arguto historiador paraibano, já falecido, Dorgival Terceiro Neto, nos brindou excelente artigo (está no “Correio da Paraíba”, ed. 18.01.1913) invocando a personalidade do ex-presidente da República João Belchior Marques da Silva Goulart. Na sua retrospectiva o “Marques da Silva” advém de clã sertanejo desse estado. Entre Sousa e Pombal nasceu Benedito Marques da Silva Acauã, bacharelando-se em Direito, em 1836, pela Faculdade de Olinda, Pernambuco.  Acauã era fazenda de propriedade da família, onde morava o padre Luiz José, da Revolução de 1817, seu tio-avô; intelectual, advogado e deputado geral. 

Do matrimônio com Cândida Benedito Nobre da Silva – prossegue Dorgival – nasceram Benedito (herdou nome do pai) e Manoel Marques da Silva Acauã, seguindo a carreira médica, e o primeiro, ciências jurídicas, que atuou em Minas Gerais, porém indo a encontrar seu irmão, no Rio Grande do Sul. Vamos vê-lo na magistratura de Soledade (RS), em 1873, cujo distrito integrava à Comarca de Passo Fundo. Seu sucessor, Sr. José Ferreira Nobre Formiga, também era paraibano. 

Benedito Marques da Silva Acauan, casando-se no extremado território do país, deu lugar a enorme descendência, convergindo-se para uma nova linhagem, os Acauan, teve passagem, ainda, (1884) pela Câmara de Vereadores de Vacaria. O apelido lembra as ressequidas terras deixadas para trás, nos sertões da Paraíba. Nicácio de Lima, nos dois livros que escreveu sobre a história da Comarca de Soledade, nos ajuda confirmar a ancestralidade nordestina de Jango, cujos traços fisionômicos se confundem com os de seus parentes, descendentes do patriarca: de rostos arredondados e tez morena. Os Marques que cita, e não são poucos, galgaram posições de destaque nas diversas áreas da sociedade sul-riograndense. 

O então Chefe da Nação visita a Paraíba no segundo semestre de 1963, a fim de participar de uma reunião das Ligas Camponesas e inaugurar, na cidade de Sapé, um Conjunto de Casas Populares. Talvez não tivesse ciência que pisasse o solo de seus ascendentes maternos. Tampouco que nesse momento oficiais da Base Aérea de Fortaleza conspirassem contra sua pessoa, pretendendo derrubada do avião em que viajava, radical ação essa prontamente desfeita por outros militares e membros influentes da política nacional, presentes a um encontro entre eles. A popularidade dos Marques, sem dúvida ficou marcada pelo trabalho de João Goulart, em favor dos menos afortunados.

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