Grupo Teatral Sol de Araguari participa do Festival Latino Americano de Teatro Ruínas Circulares
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Com “Maria – Da perfeição à loucura, da loucura à santidade”, grupo araguarino se apresenta em Uberlândia nesta quarta-feira (25). Foto: Reprodução/Facebook |
A noite do sétimo dia do Festival Latino Americano de Teatro Ruínas Circulares nesta quarta-feira (25) movimentará a cena teatral da região. As apresentações iniciam-se, às 20h, na Escola Livre do Grupontapé de Teatro com a apresentação do Grupo Teatral Sol de Araguari, com a peça “Maria – Da perfeição à loucura, da loucura à santidade”. Logo em seguida, às 22h, a trupe uberlandense Carne Mamífera, vencedora do Festival de Teatro Cenas Curtas realizado em Uberlândia, neste ano, entrará em cena, em espaço alternativo de um galpão com a montagem “Rainha desordem e Epop[é]ia da mentira”.
O Grupo Sol traz a história de Maria - uma jovem sonhadora de família rica que perdeu seus pais, quando pequena. Ela apoia-se na fé como estímulo de luta pela vida, já que a igreja junto ao padre Otávio é a única recordação que a aproxima dos pais. A menina tem suas irmãs, como seu círculo vicioso do perfeccionismo: Maria das Dores, Maria do Socorro, Maria José e Maria João. Em uma conversa com suas irmãs, Maria “entendeu sua real vocação”, e desde então não irá sossegar até provar para todos a sua santidade. Com texto de Samuel Gonçalves, a direção da peça é de Lídia Soares e a produção: Nassim Guerra.
Já a performance do Carne Mamífera consiste em sobreposições de camadas fragmentadas entendidas como uma mórula que agencia os pedaços de corpos-imagens-ruídos-textos-vídeos-instalação-performance, em processo de atualizar maneiras e encontros com o mundo das grandes, subvertendo para maneiras menores de invenções “políticas”.
O Festival
Os espetáculos compõem a programação do 7º Festival Latino Americano Ruínas Circulares, que teve início no dia 18 deste mês e seguirá até o próximo domingo (29/11). Renomados grupos teatrais nacionais e estrangeiros de países como Argentina, Peru, Colômbia trocam experiências e preenchem a agenda cultural local, com apresentações em diversos lugares da cidade de Uberlândia (teatros, praças e rua), além de filmes, palestras e compartilhamentos de processos artísticos entre os grupos participantes e interessados.
O Festival, idealizado em 2009 como uma ação vinculada ao Grupo de Pesquisa PÉTALA (CNPQ), coordenado pela atriz, docente e pesquisadora Yaska Antunes, que assina a curadoria e a direção geral do evento, visa propiciar uma mostra de trabalhos artísticos de países latino-americanos, incluindo o Brasil e, além disso, contempla ações de formação como conferências, oficinas e compartilhamentos, proporcionando o debate e a reflexão acerca das experiências entre os participantes.
O objetivo do Festival é afinar a discussão sobre a atualidade da arte dramática para além dos horizontes locais e do debate nacional. “Experimentar é a ordem, acima de tudo quando se fala de teatro, onde a devida construção da obra, da montagem, se dá justamente na experiência direta com o público. Por isso realizamos o Ruínas Circulares, com acesso do público em geral para garantirmos essa interação”, comenta a responsável pelo evento, a professora da UFU, Yaska Antunes.
Neste ano, pela primeira vez, o Festival é uma realização da produtora uberlandense Balaio do Cerrado, sob a direção do produtor Rubem dos Reis e conta ainda com a co-realização da DICULT/PROEX/UFU – Diretoria de Cultura da Universidade Federal de Uberlândia, com o patrocínio da Petrobrás S.A., que segundo Yaska Antunes, é fato que, muito além da enorme importância de tornar exequível a realização do evento, agrega valor simbólico inestimável ao Festival. “Isso porque a Estatal tornou-se, ao longo de seu programa de patrocínio, uma das instâncias mais importantes no processo de consagração nacional de obras e projetos artísticos”, argumenta.
Com o tema “Desafios da cena contemporânea”, a curadoria do Festival aposta numa programação que contempla a multiplicidade de temas e formatos teatrais: espetáculos de clowns, monólogos, montagens realistas, performativas, formas hibridas, dentro de um espectro amplo que denominamos “cena contemporânea”, usado aqui em seu sentido mais trivial, de algo que é “de nosso tempo”, e não com pretensões a um conceito estético que daria forma a um tipo determinado de obras artísticas.
O evento é um presente para a população de Uberlândia. “Nós programamos espetáculos que serão apresentados em vários espaços da cidade, como a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), palcos dos grupos teatrais locais, praças, dentre outros. Além de trazer figuras de peso no circuito cênico que colaborarão para embasar tecnicamente as discussões. A nossa intenção é difundir o teatro latino americano, localmente, provocando a população a envolver-se com o teatro, experimentando as características distintas dos grupos latinos americanos e nacionais e fortalecer as artes cênicas”, destaca o produtor Rubem dos Reis, da Balaio do Cerrado Produtora.
Novidades
Nessa edição, o Festival traz muitas novidades. “Pela primeira vez, temos no curso do Festival a presença de um grupo de organizadores e curadores de festivais nacionais e internacionais que virão com o objetivo de conhecer a produção teatral local para futuras negociações e intercâmbios”, informa Yaska Nunes.
Além disso, o Festival presta uma homenagem a um artista local. A edição é dedicada ao nosso pequeno grande ator: Grande Otelo. E para celebrar o centenário de seu nascimento, comemorado neste ano, o evento, de forma inédita, adotará entre as suas atividades uma Mostra de Cinema, com o objetivo de trazer à luz uma parte importante da história filmográfica nacional: a “era das chanchadas” do cinema brasileiro que com sua energia eletrizante, sua alegria, seu brilho, sua opulência, sua despretensão, arrebatou e alegrou o coração de uma geração inteira de brasileiros.
Outra novidade é a apresentação de dois espetáculos vencedores do Festival de Cenas Curtas de Uberlândia, integrando a grade de programação oficial do Festival Ruinas, como parte do prêmio pela vitória. São eles: “Rainha Desordem e Epop[é]ia da Mentira” do Carne Mamífera e “Liquidados” da Cia Liquida. “A articulação dos dois festivais faz parte de uma estratégia que visa uma dupla finalidade: estimular a criação no teatro e dar visibilidade as obras teatrais locais”, explica Yaska Antunes.
O Festival oferece, também, uma oficina direcionada a atores, dançarinos e interventores artísticos, ministrada pelo diretor, ator e cenógrafo cubano, naturalizado brasileiro Luis Alonso. E a oficina de dramaturgia ministrada por Santiago Serrano, dramaturgo argentino, que também é o autor da peça teatral “Noctluzes”, encenada pela Cia Plagio, de Brasília, e que integrará a grade de programação oficial do Festival. “Além das montagens teatrais latino americanas, o Festival procura contemplar obras de parcerias ou co-produção entre Brasil e outro país da América Latina”, argumenta Yaska.
Espetáculos
Logo na abertura do Festival, um grande espetáculo homenageou o teatro mineiro, por meio da presença de Teuda Bara, com “Doida”, dirigida por Inês Peixoto, ambas atrizes do Grupo Galpão (MG) – um grupo que se tornou referência internacional no que se refere ao trabalho e estética de “teatro de grupo”.
Na programação internacional, quatro espetáculos foram programados: “Un Payaso a procura de la risa”, da Argentina; as montagens “Frida Kahlo – Viva La vida ” e “Amaru una y mil voces”, da Ikaro Teatro, do Peru; e “El espectro que soy yo” da Vendimia Teatro, da Colômbia.
Com relação à programação nacional, além do espetáculo de abertura, o Festival conta com as presenças da Cia Plagio com “Noctiluzes”, de Brasília/DF; Oco Teatro com “Lego - uma opera arquitetônica”, da Bahia; Cia Trama com “A alma encantadora das ruas”, de Contagem /MG; e Madgalena Rodrigues em “Rio da Lua”, de Belo Horizonte.
Na programação local e da região, além dos dois espetáculos premiados no Festival Cenas Curtas, o Grupontapé de Teatro apresentará a montagem “Por de dentro”, dirigida por Eduardo Moreira e Katia Lou; o Confraria Tambor virá com “O grito”, dirigido por Letícia Teixeira; e a Cia. Teatro Sol levará ao público a peça teatral “Maria”, dirigida por Lídia, de Araguari.
Cortejo Cênico
Como é tradição no roteiro de atividades do Festival Ruínas Circulares, um cortejo cênico formado pelos integrantes de grupos teatrais locais, bem como nacionais e internacionais, sairá, no dia 28 de novembro, às 18 horas, da praça Clarimundo Carneiro com destino ao “Teatro Grande Otelo”. “Nós convidamos a classe artística de Uberlândia e a todos os amantes das artes para juntarem-se a nós, nesse ato “lúdico-político de resistência” criado tanto para nos divertir, quanto para dar visibilidade a nossa insatisfação e frustração com relação às políticas públicas para as artes”, comenta Rubem dos Reis.
Para Yaska Antunes, realizar um Festival não é apenas promover um “evento”. “Quando se trata de um acontecimento continuado, com uma frequência regular, como no nosso caso de forma anual, a dimensão do acontecimento torna-se muito incomensurável: é uma oportunidade para a classe artística e a cidade pensar-se a si mesma. É fruição e formação; é aprender prazerosamente; é festa e diversão; e uma ocasião especial para escapar do ambiente ordinário e se alçar a alturas inimagináveis tanto pela compressão do tempo devido a inúmeras atividades quanto por meio daquele fio de poeira que paira no palco. Por tudo isso, o acontecimento teatral é único e inesquecível”, finaliza.
Serviço 1:
O quê: 7º Festival Latino Americano de Teatro Ruínas Circulares.
Quando: 18 a 29 de novembro de 2015
Onde: Vários locais na cidade de Uberlândia
Serviço 2
O quê: Espetáculo ““Maria – Da perfeição à loucura, da loucura à santidade”
Quando: 25/11/2015
Onde: Escola Livre do Grupontapé de Teatro
Horário: 20h
Valor do ingresso: R$ 20,00 inteira / R$ 10,00 meia
Ficha Técnica
Texto: Samuel Gonçalves / Direção: Lídia Soares / Elenco: Amanda Vieira / Tayná Roriz / Paulo Victor Barbosa / Samuel Gonçalves / Célio Sousa /Rubens Rodrigues / Toshrol Tosh / Neto Teixeira / Sonoplastia: Joaquim Paulino / Iluminação: Lídia Soares / Produção: Nassim Guerra.
Serviço 3
O quê: “Rainha desordem e Epop[é]ia da mentira”.
Quando: 25/11/2015
Onde: Galpão Av. Inglaterra 554 – Galpão no Bairro Tibery
Horário: 22h
Valor do ingresso: R$ 20,00 inteira / R$ 10,00 meia
Ficha Técnica
Performers Carne Mamífera: Angelita Franklin, Afonso Mansueto, Lucas Dilan, Marcella Prado, Monique Alves.
Artistas envolvidos: Daniel Noronha, Lucas borges, Nádia Yoshi. Andressa Boel.
Apoio técnico: Luiz Gustavo, Maria Eduarda (Duda)
Roteiro e texto de performance: Carne Mamífera
Concepção: Carne Mamífera
Execução de som/projeção: Daniel Noronha
Iluminação: Camila Tiago e carne mamífera
Instalação/objeto/ vídeo/som: Carne Mamífera
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