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Seminário de Economia da Cultura levará para discussão a sobrevivência e existência de grupos e artistas no mercado

Diante do iminente colapso do financiamento público para a cultura e a arte, artistas, pesquisadores, professores, estudantes, produtores e empresários vão tentar buscar saídas para a sustentabilidade do setor

Depois das mudanças que ocorreram na Lei Estadual de Incentivo à Cultura, em Minas Gerais, por meio das quais vários grupos culturais e artísticos viram-se prejudicados, já se fala em um iminente colapso do financiamento público. É com base nesse assunto que o 3º Seminário de Economia da Cultura, parte integrante da programação da 10ª Semana da Cultura Popular, que será realizada entre os dias 03 e 07 de fevereiro, em Uberlândia, pretende levar os participantes a pensarem uma forma diferente de atrair recursos financeiros para o setor.

Os eventos são promovidos pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU com produção das produtoras Balaio do Cerrado e Viola de Nois, com apoio da TV Integração.

Com o tema “Cultura – Da Sobrevivência à Existência”, debates acalorados prometem marcar o Seminário, que tem como objetivo buscar uma saída para evitar a falência da arte e da cultura no interior de Minas Gerais e também no Brasil.

Logo na abertura do evento, programada para o dia 05, quinta-feira, a partir das 19h, na UFU, a comissão organizadora convidou o professor José Oswaldo Lasmar - um dos primeiros pesquisadores da área de economia criativa ou economia da cultura, trabalhou com primeiro ministro da Cultura, Celso Furtado, e trouxe esse conceito de economia para dentro do setor -, para conduzir a palestra “Como implantar políticas públicas com êxito”.

Em seguida, uma mesa de debates vai reunir o fundador da banda mineira Skank e colunista do jornal Estado de Minas, Henrique Portugal, que defenderá o tema “A cultura como produto” e o diretor da ONG Aação Educativa - focada em ações inclusivas a partir da cultura -, que instigará o público a refletir sobre a cultura da periferia com potência.

Para Antônio Eleilson será uma honra participar do Seminário. “O Triângulo Mineiro é referência em cultura. O contato com a experiência de grupos e artistas dessa região me faz sentir lisonjeado. Achei de grande importância a percepção da organização do evento em destacar o interior de Minas, que tem um circuito cultural que contribui sobremaneira para a cultura nacional. Vou falar sobre como as políticas públicas ajudam a fomentar os grupos da periferia baseando-se na sustentabilidade. Acredito que o universo da cultura popular tem tudo a ver com a cultura da periferia. Ambas não existem isoladamente”, comenta.

Segundo Eleilson, a cultura necessita de mais de incentivo. “O governo precisa dar mais fomento, abrir canais de financiamento e até mesmo renúncia fiscal não somente para produtos culturais, mas também para manter espaços culturais”, defende.

Já Henrique Portugal vem com uma visão de que é necessário quebrar paradigmas para que grupos culturais e artísticos sobrevivam no mercado. “Nós estamos passando por um momento em que arte e a cultura precisam se reinventar, em todas as áreas (teatro, música, dança, etc.). A cultura tem a possibilidade de ser autofinanciada”, opina.

Portugal insiste que um artista deve pensar como uma startup - empresa que conta com projetos promissores, ligados à pesquisa, investigação e desenvolvimento de ideias inovadoras, com espírito empreendedor e uma constante busca por um modelo de negócio diferenciado. “Se pensarmos que um artista é como uma startup, ele tem que conhecer melhor o mercado e como ele poderá ser remunerado. O artista tem que depender menos de leis de incentivo e entender mais o cliente. Você pode viver da própria arte, desde que você entenda o seu público. Não sou contra as leis de incentivo. Sou contra a forma de como são utilizadas e como são trabalhados”, diz.

Henrique Portugal acredita também que é necessário haver uma quebra de paradigma para a sobrevivência da cultura: “Uma coisa é cultura outra coisa é arte. É hora de quebrar paradigmas para que isso mude. E essa separação só se dará quando o grupo ou artista compreender melhor o público com o qual ele irá trabalhar”, argumenta.

Continuidade dos debates

Os debates continuarão nos dias 06 e 07. Segundo o representante da Balaio do Cerrado, Rubem dos Reis, a grande questão que será levada para discussão é: por que as cidades não aproveitam melhor os grupos artísticos, inserindo-os nas estratégias do serviço público e privado?

Para isso, o Seminário contará ainda com a participação de Marcelo Estraviz- fundador e segundo presidente da ABCR - Associação Brasileira de Captadores de Recursos, especialista em captação de recursos fora das leis de incentivo; Ricardo Aleixo – poeta, ensaísta, artista visual/sonoro, compositor e curador de eventos artístico-culturais, finalista dos prêmios Portugal Telecom e Jabuti 2011; Bruno Bento - oriundo do Vale do Mucuri é gestor cultural, produtor, consultor, poeta e fotógrafo, diretor geral da Associação Mucury Cultural e editor da Revista Mucury; Israel do Vale – jornalista, gestor cultural, ex-diretor da Rede Minas e militante na área da democratização da cultura, Anibal Macedo – vice-presidente do CONSEC- Conselho Estadual de Cultura e um dos integrantes do Núcleo Executivo que formatou o Plano Estadual de Cultura, além de outros nomes relevantes que foram convidados e estão em fase de confirmação da sua presença no evento.

Segundo Reis, cada convidado para as palestras e debates dará a sua contribuição individual para um trabalho que será de interesse de todos os envolvidos na cultura, principalmente em âmbito nacional. “Dessa forma, Uberlândia e região contribuirão, novamente, para o desenvolvimento da economia da cultura, com projeção da arte típica local”, aposta Rubem dos Reis.

Serviço:

O quê? 10ª Semana da Cultura Popular e 3º Seminário de Economia da Cultura
Quando? 03 a 07 de fevereiro de 2015
Onde? Uberlândia – MG (Center Convention e UFU)
Entrada gratuita

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