Sou bolivariano. E você?
José Roberto Peters *
Há um livro delicioso de Paulo Freire — A Importância do Ato de Ler — que toda gente devia ler. E entender, diga-se. O educador fala de sua prática pedagógica como prática política — aliás, todos os atos humanos são atos políticos —, e, como tal, nos ensina que a compreensão do texto a ser alcançada por uma leitura crítica “implica a percepção das relações entre o texto e contexto”.
Para Freire, ler vai além de decifrar códigos. E como a cobra mordendo o próprio rabo, ler o mundo precede a leitura da palavra, que, por sua vez, se volta para a leitura do mundo. Numa constante evolução.
Todos têm uma visão de mundo. Perdi a conta de quantas vezes já me disseram: “conheço uma pessoa que pouco foi à escola, mas que discute qualquer assunto”. Ora, todo mundo pode discutir qualquer assunto. O problema está na profundidade que o faz e nas referências que usa ao fazê-lo.
Se você não tem mata-burro na sinapse vai ler, comparar o que leu com suas referências, e correr o risco de melhorar a sua visão de mundo, numa eterna dialética. Mas, se preferes ouvir o cara da TV ou ler o cara da revista, sinto informar que quando dizes “gosto desse cara porque ele fala verdades”, estás a repetir as “verdades” dele. E olhe que essa gente não é boba. Sabem muito bem que você é presa fácil para espalhar o que quer que seja: até coisas tortas.
Quer ver? Anda por aí um novo xingamento, propalado pelo cara da TV, o da revista e até por um juiz do STF. E porque você não lê não vai além dessa opinião emprestada, e quando vê alguém que pensa diferente vai logo gritando: seu bolivariano.
Arrisco a dizer que se você fosse atrás de outras fontes poderia encontrar um Bolívar que lutou contra o colonialismo espanhol. Pela abolição da escravidão. Por um sistema republicano contra a monarquia, e que defendia um conjunto de medidas para propiciar uma educação pública para todos.
Portanto, você tem uma escolha. Eu fiz a minha: sou bolivariano. E não me ofendo se me chamares assim. Não acho que seja xingamento.
* José Roberto Peters – Mestre em Educação Científica e Tecnológica, professor universitário e consultor técnico da OPAS no Ministério da Saúde.
Há um livro delicioso de Paulo Freire — A Importância do Ato de Ler — que toda gente devia ler. E entender, diga-se. O educador fala de sua prática pedagógica como prática política — aliás, todos os atos humanos são atos políticos —, e, como tal, nos ensina que a compreensão do texto a ser alcançada por uma leitura crítica “implica a percepção das relações entre o texto e contexto”.
Para Freire, ler vai além de decifrar códigos. E como a cobra mordendo o próprio rabo, ler o mundo precede a leitura da palavra, que, por sua vez, se volta para a leitura do mundo. Numa constante evolução.
Todos têm uma visão de mundo. Perdi a conta de quantas vezes já me disseram: “conheço uma pessoa que pouco foi à escola, mas que discute qualquer assunto”. Ora, todo mundo pode discutir qualquer assunto. O problema está na profundidade que o faz e nas referências que usa ao fazê-lo.
Se você não tem mata-burro na sinapse vai ler, comparar o que leu com suas referências, e correr o risco de melhorar a sua visão de mundo, numa eterna dialética. Mas, se preferes ouvir o cara da TV ou ler o cara da revista, sinto informar que quando dizes “gosto desse cara porque ele fala verdades”, estás a repetir as “verdades” dele. E olhe que essa gente não é boba. Sabem muito bem que você é presa fácil para espalhar o que quer que seja: até coisas tortas.
Quer ver? Anda por aí um novo xingamento, propalado pelo cara da TV, o da revista e até por um juiz do STF. E porque você não lê não vai além dessa opinião emprestada, e quando vê alguém que pensa diferente vai logo gritando: seu bolivariano.
Arrisco a dizer que se você fosse atrás de outras fontes poderia encontrar um Bolívar que lutou contra o colonialismo espanhol. Pela abolição da escravidão. Por um sistema republicano contra a monarquia, e que defendia um conjunto de medidas para propiciar uma educação pública para todos.
Portanto, você tem uma escolha. Eu fiz a minha: sou bolivariano. E não me ofendo se me chamares assim. Não acho que seja xingamento.
* José Roberto Peters – Mestre em Educação Científica e Tecnológica, professor universitário e consultor técnico da OPAS no Ministério da Saúde.
É isso, Peters!
ResponderExcluirNa esteira dessa tendência a desqualificar os latinos, a atitude mais eficaz é aviltar os heróis, referências históricas, sugerindo a eles personalidades e atos caricatos, apoucados, próprios dos bufões. Mesmo sabendo da importância da pessoa, impõem charges, paródias e mentiras que desmoralizam e ridicularizam. Referem-se pejorativamente aos líderes e muitas vezes conseguem transmutar em pusilânimes, termos e ideias. Muitos dos liderados por desinformação ou desinteresse acabam por sucumbir ao proselitismo midiático ligado, na maior parte das vezes, à direita conservadora.
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