Assessoria de imprensa é outro departamento
Alberto Dines no Observatório de Imprensa - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que examina as atividades e conexões do empresário-contraventor Carlos Cachoeira esbarrou novamente em um profissional de comunicação, o radialista Luiz Carlos Bordoni, que nos últimos 14 anos trabalhou em campanhas eleitorais para o atual governador goiano, Marconi Perillo (PSDB).
Bordoni seria uma testemunha-chave se confirmado o recebimento de 45 mil reais de uma empresa-fantasma do esquema Cachoeira, comprovando-se assim as eventuais ligações entre o contraventor e o político.
O depoimento do comunicador – na quarta-feira (27/6) – foi marcado pela costumeira truculência, maus bofes e mau gosto dos excelentíssimos membros da Comissão. Oposição e situação revezaram-se na histeria, explorando todas as possibilidades de condenar ou legitimar as atividades eleitorais de Bordoni. Enquanto isso a mídia, desnorteada como sempre, oferecia farta cobertura dos bate-bocas sempre apresentando a testemunha como “jornalista”.
O problema não é Bordoni, é a sua identidade profissional. Em países onde a imprensa é rigorosa e conserva um mínimo de autoestima, jornalistas (ou radialistas) não trabalham para candidatos. Quem faz isto são as empresas de relações-públicas, marketing político e assessorias de comunicação devidamente caracterizadas.
Jornalista (ou radialista) faz a cobertura de eleições, não presta serviços a candidatos. Jornalistas (ou radialistas) têm compromissos com os respectivos leitores (ou ouvintes), assessores só prestam contas aos contratantes. Ambos produzem informações: as dos jornalistas devem ser rigorosamente objetivas, as dos assessores também podem ser objetivas, desde que atendam antes aos interesses dos pagantes.
Há um grave conflito de interesses quando um profissional de imprensa deixa de ser remunerado por uma empresa ou entidade jornalística e passa a ser pago por candidato ou partido. Esses guichês deveriam localizar-se em outro departamento; seus códigos deontológicos, idem.
Embora cursem as mesmas faculdades e assistam a aulas nas mesmas disciplinas, estamos diante de profissões não apenas distintas como conflitantes. Comunicadores estudam jornalismo, porém não são obrigatoriamente jornalistas. Mas jornalistas se obrigam a distanciar-se de qualquer vinculação com fontes de informação dirigida, sob pena de serem arrastados a situações constrangedoras.
Os sindicatos ou grêmios de assessores de imprensa e os de jornalistas deveriam ser claramente separados, mesmo que os últimos corram o risco de se tornarem minúsculos e os de assessores, dobrar de tamanho.
O “caso Bordoni”, na realidade, nada tem a ver com as infrações que geraram a CPMI do Cachoeira. É algo mais remoto, ancestral, fruto do “equívoco original” que acabou com uma profissão bimilenar e a converteu em mero exercício de agarrar oportunidades.
Bordoni seria uma testemunha-chave se confirmado o recebimento de 45 mil reais de uma empresa-fantasma do esquema Cachoeira, comprovando-se assim as eventuais ligações entre o contraventor e o político.
O depoimento do comunicador – na quarta-feira (27/6) – foi marcado pela costumeira truculência, maus bofes e mau gosto dos excelentíssimos membros da Comissão. Oposição e situação revezaram-se na histeria, explorando todas as possibilidades de condenar ou legitimar as atividades eleitorais de Bordoni. Enquanto isso a mídia, desnorteada como sempre, oferecia farta cobertura dos bate-bocas sempre apresentando a testemunha como “jornalista”.
O problema não é Bordoni, é a sua identidade profissional. Em países onde a imprensa é rigorosa e conserva um mínimo de autoestima, jornalistas (ou radialistas) não trabalham para candidatos. Quem faz isto são as empresas de relações-públicas, marketing político e assessorias de comunicação devidamente caracterizadas.
Jornalista (ou radialista) faz a cobertura de eleições, não presta serviços a candidatos. Jornalistas (ou radialistas) têm compromissos com os respectivos leitores (ou ouvintes), assessores só prestam contas aos contratantes. Ambos produzem informações: as dos jornalistas devem ser rigorosamente objetivas, as dos assessores também podem ser objetivas, desde que atendam antes aos interesses dos pagantes.
Há um grave conflito de interesses quando um profissional de imprensa deixa de ser remunerado por uma empresa ou entidade jornalística e passa a ser pago por candidato ou partido. Esses guichês deveriam localizar-se em outro departamento; seus códigos deontológicos, idem.
Embora cursem as mesmas faculdades e assistam a aulas nas mesmas disciplinas, estamos diante de profissões não apenas distintas como conflitantes. Comunicadores estudam jornalismo, porém não são obrigatoriamente jornalistas. Mas jornalistas se obrigam a distanciar-se de qualquer vinculação com fontes de informação dirigida, sob pena de serem arrastados a situações constrangedoras.
Os sindicatos ou grêmios de assessores de imprensa e os de jornalistas deveriam ser claramente separados, mesmo que os últimos corram o risco de se tornarem minúsculos e os de assessores, dobrar de tamanho.
O “caso Bordoni”, na realidade, nada tem a ver com as infrações que geraram a CPMI do Cachoeira. É algo mais remoto, ancestral, fruto do “equívoco original” que acabou com uma profissão bimilenar e a converteu em mero exercício de agarrar oportunidades.
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