As Carolinas
José Roberto Peters *
Estava (re)lendo o Grande Sertão: Veredas, do Guimarães Rosa – grande mineiro – e, nas muitas linhas, me deparei com a frase: “Era um nome, ver o que. Que é um nome? Nome não dá: nome recebe.” E é mesmo assim, nome se recebe e a gente tem que viver a vida com o nome que ganhou dado.
É vê nome de gente: todo recebimento tem uma história, muitas vezes perdida no tempo, mas tem. E eu, como também disse o Guimarães, “me inventei neste gosto, de especular idéia” e saà atrás das histórias pessoais dos nomes Carolina.
Cada vez que descubro que alguém chama Carolina quero saber. E fui colecionando histórias. Tem a Carolina do Quintão, que ganhou o nome por causa do Karl Marx. A Carolina da Veruska, que chama assim porque o pai é o Carlos. Tem a Carolina da Vani, que veio pra homenagear o papa João Paulo II: Karol Wojtyla.
Inúmeras Carolinas têm o nome das avós, como a da Sandra e a da Jane. Tem a Carolina que é uma homenagem a uma bisavó, como a da Vera. Tem uma, da Marlene, que é por causa de uma música do grande Luiz Gonzaga – Karolina com K -, mas, apesar disso foi grafada Carolina, como as outras.
Tem a Carolina da Carla, que descobriu num livro de nomes que uma é o diminutivo da outra: mãe Carla, filha Carolina: nada mais lógico. Carolina por causa da novela O Casarão, que a Rede Globo transmitiu na década de 70, tem várias, como a da Mariana, a da Débora e a da Sônia.
A novela contava o amor – encontros e desencontros - de João Maciel e Carolina através do tempo. O protagonista foi vivido por Gracindo Júnior (moço) e Paulo Gracindo (velho). A jovem Carolina era a Sandra Barsotti – sonho de consumo de uma geração – e a velha Carolina foi magistralmente vivida pela atriz Yara Côrtes.
A personagem principal do romance A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo, inspirou a Carolina da LÃdia. A moçoila do romance era "travessa como o beija-flor, inocente como uma boneca, faceira como o pavão, e curiosa como... uma mulher".
Por fim, mas não encerrando a minha pesquisa – que sempre há de andar onde houver Carolinas – tem a minha, inspirada na música do Chico Buarque, como tantas outras que encontrei: também a da Mônica, a da Célia, da Silmara e a da Paula.
Apesar da inspiração, a minha Carolina não tem os olhos fundos de tanta dor. Tem olhos brilhantes de pesquisar e aprender com o mundo ao seu redor. E, diferente da música, não fica à janela vendo a vida passar. Deixou a janela e saiu pela porta a ver o mundo construindo a sua história a partir de um nome que recebeu.
* José Roberto Peters é matemático, mestre em Educação CientÃfica e Tecnológica e pai da Carolina
Estava (re)lendo o Grande Sertão: Veredas, do Guimarães Rosa – grande mineiro – e, nas muitas linhas, me deparei com a frase: “Era um nome, ver o que. Que é um nome? Nome não dá: nome recebe.” E é mesmo assim, nome se recebe e a gente tem que viver a vida com o nome que ganhou dado.
É vê nome de gente: todo recebimento tem uma história, muitas vezes perdida no tempo, mas tem. E eu, como também disse o Guimarães, “me inventei neste gosto, de especular idéia” e saà atrás das histórias pessoais dos nomes Carolina.
Cada vez que descubro que alguém chama Carolina quero saber. E fui colecionando histórias. Tem a Carolina do Quintão, que ganhou o nome por causa do Karl Marx. A Carolina da Veruska, que chama assim porque o pai é o Carlos. Tem a Carolina da Vani, que veio pra homenagear o papa João Paulo II: Karol Wojtyla.
Inúmeras Carolinas têm o nome das avós, como a da Sandra e a da Jane. Tem a Carolina que é uma homenagem a uma bisavó, como a da Vera. Tem uma, da Marlene, que é por causa de uma música do grande Luiz Gonzaga – Karolina com K -, mas, apesar disso foi grafada Carolina, como as outras.
Tem a Carolina da Carla, que descobriu num livro de nomes que uma é o diminutivo da outra: mãe Carla, filha Carolina: nada mais lógico. Carolina por causa da novela O Casarão, que a Rede Globo transmitiu na década de 70, tem várias, como a da Mariana, a da Débora e a da Sônia.
A novela contava o amor – encontros e desencontros - de João Maciel e Carolina através do tempo. O protagonista foi vivido por Gracindo Júnior (moço) e Paulo Gracindo (velho). A jovem Carolina era a Sandra Barsotti – sonho de consumo de uma geração – e a velha Carolina foi magistralmente vivida pela atriz Yara Côrtes.
A personagem principal do romance A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo, inspirou a Carolina da LÃdia. A moçoila do romance era "travessa como o beija-flor, inocente como uma boneca, faceira como o pavão, e curiosa como... uma mulher".
Por fim, mas não encerrando a minha pesquisa – que sempre há de andar onde houver Carolinas – tem a minha, inspirada na música do Chico Buarque, como tantas outras que encontrei: também a da Mônica, a da Célia, da Silmara e a da Paula.
Apesar da inspiração, a minha Carolina não tem os olhos fundos de tanta dor. Tem olhos brilhantes de pesquisar e aprender com o mundo ao seu redor. E, diferente da música, não fica à janela vendo a vida passar. Deixou a janela e saiu pela porta a ver o mundo construindo a sua história a partir de um nome que recebeu.
* José Roberto Peters é matemático, mestre em Educação CientÃfica e Tecnológica e pai da Carolina
CARTA DE ABRAHAN LINCOLN AO PROFESSOR DO SEU FILHO:
ResponderExcluir"Caro professor, ele terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas por favor diga-lhe que, para cada vilão há um herói, que para cada egoÃsta, há também um lÃder dedicado, ensine-lhe por favor que para cada inimigo haverá também um amigo, ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada, ensine-o a perder, mas também a saber gozar da vitória, afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso, faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros no céu, as flores no campo, os montes e os vales.
Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa, ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos.
Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros, ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.
Ensine-o a ouvir todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho, ensine-o a rir quando estiver triste e explique-lhe que por vezes os homens também choram.
Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só contra todos, se ele achar que tem razão.
Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço, deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.
Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.
Eu sei que estou pedindo muito, mas veja o que pode fazer, caro professor."
Abraham Lincoln, 1830.
Taves falte mais participação de todos na melhor evolução da sociedade e sobre tudo na volorização do ensino e nossos mestres.
Marcelo Chioato.