Borra de café é usada no combate à dengue em bairro nobre de Brasília
Uma parceria entre moradores, administradores e comerciantes de um bairro da capital federal permitiu hoje (16) a aplicação de borra de café em focos potenciais do mosquito Aedes aegypti. A estratégia tem o aval de pesquisadores da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) para o combate à dengue.
O local escolhido foi um canteiro de obras no Lago Norte, área nobre de Brasília. Weymer Quintas, moradora do bairro há mais de 20 anos, conseguiu recolher, com a ajuda de parentes e amigos, entre 5 e 6 quilos de borra de café.
“Como cidadãos, a gente tem que dividir e aprender, um com o outro, a se preocupar com o vizinho, com o próximo. Todo mundo fala que é uma obrigação [combater a dengue], mas eu acho que é uma conscientização de cada um, para evitar que o problema se agrave”, explicou.
Weymer Quintas não conhece ninguém que tenha sido vítima do mosquito, mas teme que a situação, grave em estados como o Rio de Janeiro, possa se estender para outras partes do país. “É um engano achar que não acontece comigo”, disse.
Para o administrador do Lago Norte, Marcos Woortmann, o morador deve estar consciente de que precisa não apenas abrir as portas de casa para os agentes de vigilância ambiental, mas, também, agir por conta própria.
“A solução do café tem amparo científico, foi testada e precisa ser divulgada. Uma vez por semana, se a pessoa colocar a borra no vaso de planta, ela resolve o problema da dengue na casa dela”, ressaltou. “É algo que não tem custo algum – pelo contrário, é uma solução extremamente prática.”
Créditos:
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Texto: Paula Laboissière / Repórter da Agência Brasil
Texto: Paula Laboissière / Repórter da Agência Brasil
Que pena! Bairro pobre não anda mais tomando café.
ResponderExcluirEsse uso no Lago Norte de Brasília é mais uma prova de que a solução para o problema impõe às pessoas a busca de alternativas. Além da borra não é a única, além dos larvicidas tem até peixes sendo usados em cacimbas do nordeste. É o caos devido à demora dos laboratórios, governos e cientistas para encontrarem a solução definitiva. Mesmo quando encontrada a fórmula o desenvolvimento da técnica é demorada. Por exemplo, no momento está em desenvolvimento no Brasil o mosquito transgênico. É criado com o material genético das drosófilas – aquelas pequenas “moscas-de-frutas”, que têm o hábito de rodear alimentos doces – e é, exatamente, esse “ingrediente” que dá à espécie o poder de exterminar a dengue. Segundo os cientistas, a combinação dos genes das drosófilas com os do mosquito da dengue torna o inseto transgênico mais atraente sexualmente, aos olhos das fêmeas do Aedes aegypti, do que os machos da própria espécie. Logo, elas vão optar pelo “mosquito fake” na hora da cópola, que, graças ao seu material genético, só pode gerar filhotes machos. Conclusão: não nascerão mais fêmeas do Aedes aegypti e, com o tempo, a espécie entrará em extinção. A nova técnica de combate à dengue foi estudada pela bióloga Margareth Capurro, da USP – Universidade de São Paulo, e aprovada pela CTNBio – Comissão Técnica Nacional de Biossegurança. Por enquanto, a cidade de Itaberaba, na Bahia – onde os casos de dengue são frequentes – está servindo de cobaia para a experiência: mais de 10 mil mosquitos transgênicos foram soltos no município e outros 50 mil estão em “fase de fabricação”. A eficácia da técnica só poderá ser comprovada em cerca de 20 meses.
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