Sobre eleições
Há dois meses, em entrevistas que me fizeram os bons amigos (Cláudia, Canal 15) e Muíla (Rádio Planalto), em seus programas de larga audiência, fui questionado sobre o que pensava das possibilidades de eleição dos candidatos a deputado estadual e federal, com domicílio eleitoral em Araguari.
Respondi, e peço o testemunho dos dois jornalistas, que temia pela eleição deles porque, embora tudo indicasse que seriam muito bem votados aqui, precisariam de muitos votos fora para completar o necessário para ganharem.
Acrescentei que, da mesma forma como em Araguari estariam candidatos de fora disputando votos, deveriam todos eles buscar votos fora.
Disse, mais, que ninguém se qualifica para receber votos simplesmente porque é daqui e ninguém se desqualifica simplesmente porque não é. Pensar que sim, em ambas os casos, é um raciocínio pobre e simplista, abaixo dos padrões de lucidez de Araguari.
Ponderei que seria muito importante prestigiar os candidatos de Araguari que apresentassem condições pessoais e eleitorais, sem desqualificar os candidatos de fora, com iguais condições e que tivessem já prestado serviços concretos ao Município.
Queria muito ter “queimado a língua”, e que todos os candidatos ditos locais tivessem sido eleitos e tivessem somado à excelente votação que receberam aqui outro tanto de votos obtidos fora.
Infelizmente, e lamento por isso, nenhum deles conseguiu votos para se eleger. Aconteceu o que vem acontecendo, e a história assim registra há 24 anos: ninguém daqui ganha eleição se não tiver boa votação local e em outros lugares. Para ser claro, Raul Belém (amigo ex-corde, a cuja memória tributo especial homenagem às vésperas dos dez anos de seu falecimento, ocorrido em 13/10/2001) e Milton Lima, se elegeram e se reelegeram muitas vezes seguidas deputado estadual e deputado federal (na eleição de 1986, a última deles para o parlamento, ambos se elegeram federais constituintes), porque souberam e conseguiram ser muito bem votados aqui e muito bem votados fora.
A tese de que a cidade tem de lançar menor número de candidatos é uma quimera. Nesta realidade pluripartidária, com as normas eleitorais vigentes, não há como convencer e muito menos impedir um partido de lançar seus candidatos e, pelo menos em tese, qualquer um (até o Tiririca) tem direito de sê-lo, por convicção ou por inconfessáveis motivos.
Só há um caminho para o futuro: quem for de Araguari e quiser um dia ser deputado, já deve começar a amealhar alguns milhares de votos em outras cidades, não se esquecendo que lá serão ”de fora”.
Alguns resultados das eleições em Araguari foram lamentáveisl, assim como foram sofríveis algumas das campanhas eleitorais, marcadas por erros primários de estratégia e burrices explícitas de discursos.
Não censuro, absolutamente, o apelo para o voto em candidatos locais, que é legítimo, acabou sendo o palavreado principal das campanhas, mas se mostrou insuficiente para que alguém se elegesse. E, definitivamente, não foi bom para a cidade o sentimento de xenofobia plantado e o consequente linchamento eleitoral dos candidatos de fora, mesmo os que têm trabalhos prestados a Araguari, todos eles muito pouco votados aqui (citando alguns: Bonifácio, Gilmar, Salgado, Montes, por exemplo). Deve ser por isso que os locais também não tiveram votos fora.
Quando escrevo essas linhas (dia 04/10/10), já sabemos que vai haver segundo turno na eleição presidencial, que Minas reelegeu seu governador e elegeu seus dois senadores.
Enquanto não se definir o quadro eleitoral, e mesmo até que se formem os novos governos do Estado e da República, muita coisa pode acontecer. Vencedores poderão perder; perdedores poderão ganhar. A nós, resta esperar. Esperar só não, até 31/10/2010, ainda podemos ajudar e participar.
* Advogado. Ex Prefeito de Araguari
Sr Neiton,
ResponderExcluirO Senhor seria um bom nome, pois não basta ser de Araguari tem que ser de dentro do coração.
Neiton,,
ResponderExcluircomo sempre, falou a voz da lucidez...
Abraço amigo,
Marília