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Combatente Internético Off-line

Aristeu Nogueira Soares

Às vezes a gente sai de cena e o espetáculo muda de palco, de gênero e, de autores, passamos às vias de vitimados. A mente se perturba e voltamos ao mundo dos seres normais, problemáticos, frágeis e, o mais duro, reais.

Numa bela manhã, princípio dos fatos, mesmo não acreditando em astrologia, a gente se lê no horóscopo. Dá uma risadinha quando o número da sorte é treze e a cor do dia o vermelho sangue. Sai de retro, Satanás! Mas não sai: É apenas o começo do raiar de uma desesperança mal acompanhada.

O dente dói – o plano não cobre, o ciático ataca toda a parte anterior e posterior abaixo do umbigo e ainda não se tem como recusar um convite para ajudar como servente de pedreiro em obra sem fim.

Os amortecedores da tampa traseira relaxam e repousam a tampa sobre a nossa cabeça com a força de uma guilhotina sem corte. O farol queima em plena escuridão sem lua.

Os Correios extraviam encomenda. A conta telefônica vem superfaturada e o melhor é pagar que chegar até o fim com a reclamação – um caminho sem volta.

Ainda bem que o caroço do pescoço do filho, chamado de cisto branquial, não é maligno, mas cresce sufocando a carótida e jugular. A esperança de intervenção cirúrgica reside no SUS. Durma com um barulho desses.

O cão velho, fiel até o fim, tremula para partir. A cadela ex-sorrateira agoniza em pós-cirúrgico piométrico.

A esposa insone, último baluarte e esteio, acumula mais dores na casa dos horrores.

A campainha toca e não é visita – É o oficial de Justiça cobrando fiança no salário minguado que deveria sim ser complementado. Tal fiança, dada em aluguel a um ex-amigo, sumido para a Justiça, há mais de uma década, deveria servir de exemplo ao, cada vez mais mortal, que o próximo vale tão quanto o afastado.

Qualquer gigante tomba. Preciso de socorro em terra, céus e mares.

Fui.

Mas eu volto.

Ficha limpa e eleito.

2 comentários:

  1. Nossa, Aristeu! Espero que a maior parte destes horrores seja apenas mais um fruto da sua saborosa imaginação...

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  2. Marília, agora sim é que eu preciso de imaginação para acordar deste real pesadelo...

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