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Vinicius de Moraes


Marília Alves Cunha

“Eu possa me dizer do amor que tive
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.”


Só mesmo um poeta maior para dizer assim do amor. Dele disse Carlos Drummond de Andrade: “Vinicius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural”.

Nascido no rio de Janeiro morreu prematuramente em 09/07/1980. Alguém como ele deveria ter vivido no mínimo 100 anos, para enriquecer com sua arte e sensibilidade ainda mais a nossa literatura, a nossa música. Como deixar ir embora uma pessoa que escreve “... e se ao luar que atua desvairado, vem se unir uma música qualquer, aí então é preciso cuidado, porque deve estar perto uma mulher...”

Formado em Direito, em 1943 ingressou por Concurso na Carreira diplomática e ocupou diferentes postos em diferentes países. No decurso deste tempo, o gênio do poeta, dramaturgo, músico, jornalista nunca se apagou ou deixou de produzir vasto e rico acervo artístico. Dirigiu suplementos literários de jornais, lançando figuras importantes da nossa cultura. Chegou a estudar a Sétima Arte com ninguém menos que Orson Welles. Dentre os poemas monumentais que escreveu cito o emocionante “Pátria Minha”, em 1949.

Escreveu Orfeu da Conceição, que transformada em peça de teatro e posteriormente no filme “Orfeu Negro”, dirigido pelo grande diretor francês Marcel Camus, rendeu Palma de Ouro no Festival de Cannes e o Oscar como melhor filme estrangeiro. Teve grandes parceiros e destas parcerias nasceu um acervo artístico de rara beleza e brasilidade. É imensa e maravilhosa a obra do artista e a maior homenagem que ele recebe ainda hoje, da nação brasileira é a imortalidade. Sua lembrança é inesquecível, suas músicas são tocadas, seus versos são os primeiros lembrados quando se quer dizer do amor para uma mulher, sua figura irreverente, boêmia e indomável é sempre presença na conversa daqueles que o conheceram de perto e de todos que acompanharam sua vida artística e que compõem o rol de seus ardorosos fãs. Várias e merecidas homenagens póstumas foram prestadas ao grande poeta.

Em 1969 é exonerado do Itamaraty, encerrando sua carreira como 1º. Secretário. Cá para nós e como se dizia a boca pequena na época, o espírito indomável do “Poetinha”, como era carinhosamente chamado, não se deixava subordinar pelos rituais e salamaleques palacianos e ele não deixou de viver sua vida e sua arte em função da carreira no Itamaraty. Depois de passar algum tempo na Itália, numa espécie de auto-exílio gravando discos e fazendo shows, volta ao Brasil, vive ainda muito sua arte e morre em sua casa no Rio de Janeiro, no dia 09/07/1980.
Projeto de Lei 6.417/09, oriundo do Poder Executivo e já aprovado pelo plenário da Câmara, promove “post mortem” Vinicius de Moraes ao mais alto posto da diplomacia brasileira. Justifica o relator que, apesar da carreira ter sido interrompida, “o poeta revelou o mais profundo do Brasil e o mais poético e criativo de sua cultura”. O projeto é generoso: concede aos atuais dependentes do artista os benefícios de pensão correspondentes ao Cargo de Ministro.

Estamos todos nós brasileiros, velhos, moços, os contra, os a favor e até os que não tinham nascido naqueles idos de 64 a 85, pagando o preço alto por um tempo de incertezas e sombras para grande maioria da nação brasileira. E o governo continua mostrando-se mestre em fazer mesura com chapéu alheio...

O Poetinha deve estar lá de cima, achando isto tudo muito interessante e talvez até engraçado, ele com seu espírito indomável que viveu a vida como lhe ditavam as regras do coração e os acordes do sentimento. Saravá, Vinicius!

Um comentário:

  1. Marília,

    Em vez de Pátria Amada deveríamos ser Pensão Brasil. É incrível o lesa Pátria nos últimos tempos. Uma descendente de Tiradentes recebe pensão, um herói pra muitos não convincente. Existem pensionistas ainda da Guerra do Paraguai e 1a Grande Guerra. Até o Lula tem Pensão considerável, em torno R$5.000 mensais, referente a ter permanecido alguns dias, nos anos oitenta, em mãos de supostos ditadores. Lula tenta emplacar uma indenização de R$100.000,00 e pensão, também em torno de R$5.000 como a sua, a ex-jogadores da Seleção Brasileira que conquistaram os nossos três primeiros títulos mundiais. São nossos heróis, mas o que devia ser feito a todos estes deveria ser feito quando vivos, por exemplo o Garrincha. Quanto ao Poetinha, nosso maior poeta dos tempos modernos, ele era um fanfarrão, um bêbado inveterado e certamente ídolo de nosso popular Lula.

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