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Quanto mais mexe...

Marília Alves Cunha

O Conselho Nacional de Educação muda os critérios de matrícula no ensino fundamental de todo o país, medida esta que irá provocar atrasos de um ano na vida escolar de milhares de crianças das redes pública e particular. A partir de 2011 as instituições de ensino terão de seguir nova determinação: a entrada no ensino fundamental (pré escola) somente será permitida a crianças com 6 anos completos ou que completem até dia 31 de março.Este prazo fatal era, até então, 30 de junho. É evidente que esta alteração vai trazer reflexos diretos para crianças já matriculadas na educação infantil e que não poderão mudar de nível caso façam aniversário de abril a dezembro. Há crianças que estudam em instituições de ensino sérias e comprometidas, que não foram adiantadas por vontade dos pais ou da escola, que são constantemente submetidas a avaliações por profissionais íntegros. No mundo de hoje, com a evolução dos meios de comunicação e a maior atenção dada aos pequenos, crianças de 5 anos já sabem ler, escrever, fazer continhas e pequenos problemas. Vão ter que permanecer um ano a mais na pré-escola e entrar na 1ª. Série do ens. Fundamental com quase 8 anos. Baita desestímulo!

Mas como no Brasil, nem sempre a regra é a regra, a Secretária da Educação Básica do MEC já avisou que a Resolução do Conselho é para organizar e não para prejudicar e o foco é fazer uma transição que respeite a trajetória escolar dos alunos... O ideal é que o direito das crianças seja respeitado. Entenderam?

Ao mesmo tempo tramita ma Câmara Federal um projeto que autoriza matrícula em Universidade aos estudantes que passaram no vestibular tendo concluído apenas a 2ª. série do ensino médio, o que contraria a LDB, nossa lei nacional da educação. O autor da proposta, dep. Federal, Sebastião Bala Rocha considera justo que os alunos que demonstrem conhecimento, possam entrar num curso superior, não obstante sua condição de não concluintes do 2º. Grau. Deus queira que o nobre deputado não seja vitorioso em seu absurdo intento. Daqui a pouco teremos que reduzir o ensino médio (que já é considerado pelos entendedores no assunto fraquíssimo) para dois anos... E a meu ver, a serventia do ens. Médio não é apenas como rito de passagem para o nível superior...

Quanta contradição! Parece que neste país coisas sérias podem ser resolvidas a bel prazer de alguns, sem que ninguém procure escutar ninguém. Muitas vezes ao analisar as esquisitices que são cometidas “a bem” da educação, fico pensando que algumas autoridades brasileiras poderiam brincar de estátua, ficando bem quietinhas sem inventar qualquer tipo de asneira. Porque, pelo visto, com muita gente despreparada pegando na pá para mexer os ingredientes da panela, coisa boa não vai dar...

2 comentários:

  1. Amiga Marília,
    Eu te acompanho também no Correio de Uberlândia e, por isto, na Educação, eu te tenho como referência, além do Senador Cristovam. O Senador Cristovam chega a ser tarado da Educação, pois qualquer assunto ele verte para a Educação - desde os “royalts” do pré-sal até a exploração turística da Amazônia.
    A diferença é que talvez pra ele seja trabalho e pra você paixão.
    A Educação é a saída embora esteja banalizada. O capitalismo tem permitido que portas se abram no ensino privado onde o lucro obtido nada tenha a ver com o aprendizado. A mensalidade escolar tem caído tanto quanto passagens de avião e o que se antevê é um grandioso desastre.
    Entrei à Escola com a idade de oito anos e num tal de primeiro ano atrasado. A minha infância, até esta idade, foi vivida intensamente, pois com tantos irmãos não sobrava tempo pra a mãe aplicar reprimendas banais.
    O mundo mudou e a saída da mãe para o mercado de trabalho abrigou o filho sob o teto da escola.
    Estudar não é fácil. Quando se torna algo obrigatório pode até encontrar resistências eternas.
    Até a sétima série tive um desempenho estupendo e ininterrupto, mas fui obrigado a abandonar os estudos por dois anos. Terminei aos trancos e barrancos a oitava série para entrar no Exército mais preparado, o que me garantiu uma carreira de subsistência.
    Fora da escola nunca deixei de ser leitor, tanto que num Provão, no DF, eliminei integralmente o Ensino Médio. Três anos de sala de aula resumiram-se a dois dias de provas. Este é o milagre da educação brasileira: graduando despreparado.
    A verificação de conhecimento é tão falha que no mesmo ano passei em Vestibular da UnB. Estudei apenas três semestres e tive que abandonar por problemas de carreira e de saúde.
    Nego veementemente qualquer alusão de superdotado, muito pelo contrário. A leitura é a arma que levo no meu coldre e um senso sempre crítico é a minha munição.
    O que eu quero dizer com tudo isso é que tempo de escola sempre se recupera quando se quer e a infância não. A recuperação por quem não passar pela professora mãe ou professor amiguinho poderá ser em num ambiente hostil.
    Aqui em Goiandira tem uma escola chamada de Centro de Convivência Juvenil. Ela é voltada no contra-turno para os estudantes, mas os principais atores da aprendizagem são os adultos.
    Cheguei a bolar um “slogan” assim: Educação é pra quem não tem tempo a perder.
    Enquanto o Governo prega que lugar de criança é na escola são os pais que precisam aprender.
    Inclusive, dar aulas assim deve ser muito mais prazeroso aos professores mestres.

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  2. Creio ser importante para as crianças o acesso à escola um ou dois anos antes do normal. É uma realidade muitas crianças entrarem na escola aos sete anos já devidamente alfabetizadas. As crianças de seis anos devem ter as peculiaridades de sua faixa etária respeitadas, mas essa rigidez de idade, se entra antes ou depois de março, é uma regra que desmente a tese, talvez não atenda o espírito da lei, mas no mínimo não respeita o potencial específico de cada criança e claramente ignora os superdotados. Se fosse possível, melhor seria confirmar a matrícula depois de uma entrevista ou outro critério que avalie honestamente a aptidão para a próxima série, tanto no início do ensino fundamental quanto para o acesso ao ensino superior. Dessa forma os cursos de “madureza” (extintos) ou supletivos de ensino médio confirmam que a depender do aluno, passando no vestibular, pode acessar o curso superior. Mesmo com esses contratempos, iniciar aos seis anos já foi uma atitude inclusiva importante, ocupando a criança mais cedo. Melhor que isso é a educação em tempo integral, nos moldes apregoados por Anísio Teixeira.

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