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Pobres estudantes!


Marília Alves Cunha

Vida de estudante hoje em dia não é fácil. Digo, de “estudante” mesmo, não aquele que apenas freqüenta alguma instituição de ensino. Quando a criança inicia a vida escolar, os pais já ficam em estado de perturbação, escolhendo a dedo uma escola que, desde a mais tenra idade, as prepare para o vestibular. Parece que não existe horizonte, se falta o sucesso na carreira estudantil e diploma de curso superior na mão.

Não deixa de haver razão. Um país que não cuida do ensino básico, que não oferece cursos profissionalizantes que realmente qualifiquem as pessoas, onde as faculdades pululam (boas ou ruins), o curso superior parece ser a melhor saída para aqueles que almejam uma colocação mais rentável e segura. E multiplicam-se os Cursinhos pré-vestibulares e cursos preparatórios para concursos.

A vida do estudante brasileiro, na atualidade tornou-se ainda mais difícil, depois que o Governo Federal resolveu transformar o Enem (Exame Nacional de Ensino Médio) em porta de entrada para as Universidades. O ENEM, a meu juízo, pouco atendeu aos objetivos iniciais para os quais foi criado: avaliação do ensino. Avaliação sugere uma apreciação ou estimativa do curso em vários aspectos e consequente aproveitamento dos alunos. Sugere reestruturações para melhor, caso os resultados sejam negativos ou aquém dos esperados. Até o presente momento (posso estar enganada) nada demonstrou que o Ensino Médio tenha melhorado com base nas avaliações feitas. Afinal, avaliar por avaliar é o mesmo que chover no molhado... Ainda pior: desde que se transformou em vestibular, estabeleceu-se o caos. Foi adiado por denúncias de fraudes, abandonado por várias Universidades, houve divulgação erradas de gabaritos por parte do MEC e um alto índice de desistência por parte dos vestibulandos.

O problema continua. Para os que persistiram, a dificuldade na obtenção dos resultados e no entendimento do complexo modelo usado na correção da prova dificulta aos alunos a avaliação de seu desempenho. Se puder complicar, para que simplificar?

E leio agora nos jornais que, ao final da peleja pode ir tudo para o “beleléu”, ameaçando a tranqüilidade e provocando ainda mais o estado de ansiedade dos estudantes. Uma Ação Civil Pública proposta pelo MPF, com pedido de liminar, requer a suspensão de todo o processo ENEM 2009. Motivo da Ação: quebra de uma das regras básicas dos concursos públicos, a IMPESSOALIDADE. É brincadeira?

A continuar assim, com este despreparo e confusão, melhor será que o MEC sepulte para sempre a idéia de se apropriar dos vestibulares...

4 comentários:

  1. Cara educadora, aprendi com um tio deficiente uma frase que cabe em muitos assuntos e tenho-na usado com frequência. Ele tem dificuldades na fala e quando vê que algo não tem mais jeito ele exclama: Pó laigá! Então, diante do exposto asseguro-vos bem forte: PÓ LAIGÁ!

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  2. Meu caro Aristeu,

    eu sou daquele tipo de brasileiro bobo que não desiste nunca... Mas diante dos fatos atuais, eu estou quase dizendo que nem o seu tio: "PÓ LAIGÁ..."

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  3. Amigos....

    há décadas as administrações públicas já "laigáru"... começando pela falta de valorização dos professores, falta de investimento em infraestrutura escolar e falta de interesse no aculturamento do cidadão e, por consequência, o avivamento do senso crítico.

    Pra completar o quadro dantesco, pais cada vez mais relapsos e omissos abandonaram os filhos à própria sorte, imaginando que "educar" é tarefa exclusiva da escola e assim, "terceirizaram" suas atribuições.

    E tome BBB no país, recheado de analfabetos funcionais e gente alienada que beira à indigência intelectual.

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  4. Sobre a ação civil pública pretendendo suspender os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2009, ela foi proposta pelo Ministério Público Federal em Santa Catarina, em caráter liminar.
    O pedido alega que "o procedimento adotado pela entidade organizadora da prova não atende o princípio da impessoalidade". Isso ocorreu já pela segunda vez. Na primeira, em dezembro passado, mas o pedido foi indeferido pela juíza da 2ª Vara Federal de Joinville. O MPF queria que as notas do Enem, previstas para o dia 5 de fevereiro, não fossem divulgadas, mas os resultados foram antecipados e estão disponíveis desde o dia 28 no site do Ministério da Educação. O MEC acha que com a divulgação dos resultados a ação perdeu objeto. A ação pede ainda que os resultados do Enem não possam ser utilizados pelas instituições de ensino como critério de seleção, "a fim de evitar prejuízos irreparáveis aos candidatos".
    Segundo informações do MPF, denúncias anônimas indicam que as provas teriam sido envelopadas, ao final do exame, com a identificação dos candidatos. Dessa forma, as folhas de resposta que deveriam ser identificadas apenas por um número teriam permanecido com os nomes dos participantes.
    De acordo com o MPF, "é habitual que a desidentificação das provas seja promovida em cada uma das salas onde é realizado o concurso, sempre com a participação e fiscalização dos três últimos candidatos a entregarem a prova".
    A ação foi proposta contra a União, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB), que assumiu a aplicação da prova em outubro.
    Para os procuradores do MPF, "embora não seja obrigatória a participação dos candidatos no procedimento de lacração dos envelopes", o procedimento adotado "apresenta total vulnerabilidade uma vez que restringe exclusivamente ao âmbito do Cespe tanto a desidentificação quanto a reidentificação das provas".
    Eu sempre fui contra os vestibulares e entendo não recomendável acabar com o ENEM: um processo em plena evolução, inclusive em respeito aos alunos. O MPF a meu ver agiu com extremo zelo, mas inicialmente se baseando em denúncias anônimas relacionadas a procedimentos perfeitamente sanáveis ocorridos em Santa Catarina.

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