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Ranhuras na democracia


“É tão arriscado acreditar em tudo como não acreditar em nada.”
(Denis Diderot – filósofo francês)

Imprensa livre é um sinal importante de democracia, mesmo não constituindo todo seu arcabouço. No entanto, quando a mesma começa a perder espaço, a ser amordaçada, a sofrer ameaças, a ser considerada culpada por todos aqueles que têm insistentemente agredido a nação brasileira com inumeráveis crimes e contado com a impunidade para manter-se no poder, a coisa começa a ficar preocupante. A imprensa é uma importante via de informação, mesmo tendo seu lado obscuro e “marronzista”, como dizia o notável Odorico Paraguassú. Aliás, mais que uma caricatura, o Odorico é um retrato da nossa classe política, que se lixa para a opinião pública, se lixa para um projeto sério de desenvolvimento para o país, se lixa para a dignidade do seu cargo.

O homem público, mais que qualquer outro, tem de ser honesto. A sua desonestidade gera um preço para a sociedade, não apenas no aspecto monetário, um preço muito mais alto. Este preço recai como uma bomba na cabeça do povo brasileiro. Recai sobre a sua capacidade de acreditar, de confiar, de trabalhar com ânimo, de sentir-se livre e protegido dentro de seu país, no meio de sua comunidade. Recai sobre a sua capacidade de confiar no futuro e de ter esperança em uma vida melhor para seus filhos.

Os políticos receberam dos eleitores o direito de ocupar um cargo importante e necessário à vida nacional, receberam a confiança neles depositada. Têm traído esta confiança, embevecendo-se com o poder, julgando-se capazes de burlar a tudo e a todos, tentando manter-se sempre acima do bem e do mal. Chega de políticos corruptos e oportunistas. O Brasil não agüenta mais esta praga daninha...

Que a imprensa seja fortalecida, torne-se melhor a cada dia e continue livre para o bem de todos nós. Que não se acovarde nesta tarefa de tirar a máscara de muitos que se escondem no segredo e no silêncio para continuar usurpando do povo brasileiro o seu direito a uma vida feliz e digna.

7 comentários:

  1. Desta vez, Marília, você falou pouco e acertado. Das outras, muito e acertado. E no amanhã você continuará sempre com a medida certa. Todo tanto de você é bom, ou seja, nada é ruim. Falei pouco pra quem merece muito, mas acertado.

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  2. Parabéns, Marília! Belíssimo desabafo!
    Você tocou no cerne da questão. De fato, além do prejuízo aos cofres públicos, integrantes da classe política causam um inegável prejuízo moral aos brasileiros. Os maus exemplos contaminam parte da população, que passa a acreditar na "Lei de Gérson" e na certeza da impunidade. A outra parte, não se sentindo representada por esses maus políticos, torna-se cética quanto ao futuro da nação.
    Nessas condições, o papel da imprensa avulta em importância. A incessante exposição das nossas mazelas propicia um melhor entendimento da realidade que nos cerca. A médio e longo prazo, nos proporciona o senso crítico, condição essencial para que possamos separar o joio do trigo e exigir, cada dia mais, a efetivação dos direitos da coletividade.

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  3. Os atos dos políticos são o reflexo da omissão da sociedade!

    A sociedade se curva diante do poder que ela mesma concedeu a eles e se amedronta com a possibilidade de não os colocar mais lá, pois perderia também os privilégios pela venda de sua consciência.

    O papel da imprensa é de suma importância, mas infelizmente, com raras exceções, atuam somente para garantir, também, seus privilégios. Imprensa séria no Brasil ainda há de nascer.

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  4. O primeiro passo seria a imprensa nao depender de verbas/favores dos setores públicos, nem admitir que seus funcionários/colaboradores mantivessem vínculo de trabalho do políticos ou entidades públicas. Independência de fato.

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  5. Com a imprensa é ruim... Já pensaram sem ela??? Algum canal de comunicação há de haver para que, nós, pobres mortais, saibamos o que está acontecendo nos corredores do poder. Viva a imprensa livre, que não se vende, não troca favores. é Por esta imprensa que luto todos os dias. Prefiro o exagero da imprensa que o silêncio e a mordaça do poder.Marilia

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  6. As suas preocupações, Marília, são extremamente pertinentes.
    Em breve, postarei no www.observatoriodearaguari.blogspot.com , alguns trechos de um artigo escrito pelo Dr. Saulo Ramos, ex-Ministro da Justiça, falando justamente sobre a perda de legitimidade dos nos representantes no Parlamento. Embora escrito por um grande jurista, o texto não se limita ao Direito. Indo além desse ramo, traz preocupações que atormentam a mente de grande parte dos brasileiros.

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  7. Marília,
    Está em estudo no Congresso lei tipificando os crimes contra a administração pública (corrupção) no rol dos crimes hediondos, onde também acrescentaria o sequestro relâmpago, apesar de alguns juristas acreditarem não serem possíveis novas inclusões. A propósito tem uma frase também atribuída ao filósofo que você citou: Denis Diderot, que é bom ser citada já que segundo ele é arriscado acreditar em tudo: “Nos governos, toda inovação deve ser temida”. O processo de apuração desses crimes é penoso, mas é a imprensa o primeiro investigador a comparecer desvencilhado das ataduras oficiais e legais, agindo como porta-voz da população que às vezes ou são testemunhas dos fatos ou são vítimas sem acesso informal aos meios de punição ou justiça. Prova recente disso, além das passagens aéreas, foram algumas denúncias que chegaram à comissão de ética do Senado. Para dizer que nossa imprensa é ruim, precisamos saber em relação à qual estamos comparando, se for com a dos EEUU já tenho dúvida se é a melhor, depois de passar tantos anos sem reagir à crise econômica que causaram ao mundo (sub prime) mesmo estando sob o próprio nariz.

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