Macaco pintor
Neiton de Paiva Neves
Assunto é aquilo a respeito do que se escreve ou se fala. Portanto, para se escrever é indispensável ter um assunto, um tema.
Fogo (que além de ser um bom tema é um dos quatro elementos da natureza) é quando não se tem um, como acontece neste momento em que digito estas “mal traçadas linhas” (expressão que combina bem com a falta de assunto).
AÃ, penso em escrever algo profundo sobre a natureza, por exemplo. Mas, é muita a pretensão e pouco o espaço para assunto tão esmiuçado nestes tempos de tempo louco, de chuvas e secas catastróficas, de agressões ao meio ambiente, de bombas atômicas explodindo, da sobrevivência da raça humana, da continuidade do nascer e do por sol e das cachoeiras que ainda resistem.
Ah, as cachoeiras, coisas mais lindas que eu queria uma só pra mim.
Nascer e por do sol, que o meu ritmo biológico faz preferir o por antes do nascer, como a perfeição do ovo (ex-vilão reabilitado) antes de ser quebrado para tornar possÃvel a omelete.
Vilão é quem simplesmente vive numa vila ou quem é desprezÃvel, sórdido. Sentidos diferentes que uma palavra tem.
Sentidos diferentes que certas palavras não podem ter, sob pena de nada significarem. “Liberdade vigiada” e “democracia relativa”, dentre outras, são palavras que, juntas, se anulam.
Liberdade só pode ser liberdade, segundo CecÃlia Meireles, “essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”. Se é vigiada, liberdade não é.
Democracia só pode ser democracia, segundo Winston Churchill, “o pior regime que existe, mas ainda não foi inventado melhor”. Se é relativa, democracia não é.
Criar coisas e palavras, inventar objetos, descobrir caminhos, são dons que o ser humano recebeu. E têm sido usados para o bem e para o mal, salvado vidas e curado doenças, tirado vidas e inutilizado pessoas.
O grande e histórico paradoxo da inteligência humana, a secular bipolaridade entre fazer o bem e fazer o mal, a válida mas muitas das vezes maniqueÃsta discussão sobre o que é certo e o que é errado. Sobre o preto e o branco, sem cogitar as nuanças do cinza.
Nuanças, pode não parecer, mas são o revestimento das coisas mais singelas e mais importantes da vida, costumeiramente ignoradas e trocadas pela insinuante sedução do aparente, do simplismo que acomoda e da ambição descontrolada.
A sedução do aparente é poderosa e provoca os instintos, o que em si não é mal porque todos os têm e sem eles ninguém vive. O perigo é deixar que tomem conta e prevaleçam sobre a razão, o bom senso, o equilÃbrio, a tolerância, e outras caracterÃsticas inerentes do homem e que podem fazê-lo, de fato, um animal especial e diferente dos outros.
Bem, “de grão e grão a galinha enche o papo”. E, de assunto em assunto, completo este espaço, reservando para o final um pretenso Haikai (ou Hai Kai, forma oriental de poesia com três linhas, tradicionalmente com 5, 7 e 5 sÃlabas, embora hoje sem essa rigidez):
Assunto é aquilo a respeito do que se escreve ou se fala. Portanto, para se escrever é indispensável ter um assunto, um tema.
Fogo (que além de ser um bom tema é um dos quatro elementos da natureza) é quando não se tem um, como acontece neste momento em que digito estas “mal traçadas linhas” (expressão que combina bem com a falta de assunto).
AÃ, penso em escrever algo profundo sobre a natureza, por exemplo. Mas, é muita a pretensão e pouco o espaço para assunto tão esmiuçado nestes tempos de tempo louco, de chuvas e secas catastróficas, de agressões ao meio ambiente, de bombas atômicas explodindo, da sobrevivência da raça humana, da continuidade do nascer e do por sol e das cachoeiras que ainda resistem.
Ah, as cachoeiras, coisas mais lindas que eu queria uma só pra mim.
Nascer e por do sol, que o meu ritmo biológico faz preferir o por antes do nascer, como a perfeição do ovo (ex-vilão reabilitado) antes de ser quebrado para tornar possÃvel a omelete.
Vilão é quem simplesmente vive numa vila ou quem é desprezÃvel, sórdido. Sentidos diferentes que uma palavra tem.
Sentidos diferentes que certas palavras não podem ter, sob pena de nada significarem. “Liberdade vigiada” e “democracia relativa”, dentre outras, são palavras que, juntas, se anulam.
Liberdade só pode ser liberdade, segundo CecÃlia Meireles, “essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”. Se é vigiada, liberdade não é.
Democracia só pode ser democracia, segundo Winston Churchill, “o pior regime que existe, mas ainda não foi inventado melhor”. Se é relativa, democracia não é.
Criar coisas e palavras, inventar objetos, descobrir caminhos, são dons que o ser humano recebeu. E têm sido usados para o bem e para o mal, salvado vidas e curado doenças, tirado vidas e inutilizado pessoas.
O grande e histórico paradoxo da inteligência humana, a secular bipolaridade entre fazer o bem e fazer o mal, a válida mas muitas das vezes maniqueÃsta discussão sobre o que é certo e o que é errado. Sobre o preto e o branco, sem cogitar as nuanças do cinza.
Nuanças, pode não parecer, mas são o revestimento das coisas mais singelas e mais importantes da vida, costumeiramente ignoradas e trocadas pela insinuante sedução do aparente, do simplismo que acomoda e da ambição descontrolada.
A sedução do aparente é poderosa e provoca os instintos, o que em si não é mal porque todos os têm e sem eles ninguém vive. O perigo é deixar que tomem conta e prevaleçam sobre a razão, o bom senso, o equilÃbrio, a tolerância, e outras caracterÃsticas inerentes do homem e que podem fazê-lo, de fato, um animal especial e diferente dos outros.
Bem, “de grão e grão a galinha enche o papo”. E, de assunto em assunto, completo este espaço, reservando para o final um pretenso Haikai (ou Hai Kai, forma oriental de poesia com três linhas, tradicionalmente com 5, 7 e 5 sÃlabas, embora hoje sem essa rigidez):
Macaco pintor
na novela das sete
o melhor ator.
Neiton escritor
ResponderExcluirAssunto não vai faltar
Sou fã do rigor.
Ler Neiton de Paiva é sempre diletante.
ResponderExcluirMas Prefeito o Senhor pode até não achar um tema de repente, mas ficar sem assunto é aparência; o senhor pode enganar-se, mas não a nós outros. Afinal sabemos que o Senhor é um manancial de assuntos. Talvez o Aloisio esteja pagando mal para os cronistas deste Jornal mas eu vou reivindicar um ato secreto em seu favor, afinal o Senhor não é um homem comum a nossos olhos. É certo que o debate nacional está pobre, aparentemente sem assunto, mas é evidente que é aparência, pois o pais não parou, ou parou? Sei lá entende? É tudo relativo, com nuanças mil, mas é muito relativo para a sua biografia, pois a depender do Ponto de Vista pode até ter assunto sobre o falecido Banco Nacional. Mas não é ilusão que o debate Nacional não está sendo capaz de inspirar nem os polÃticos, mas bem que o Senhor poderia se inspirar na indignação da MarÃlia (haja assunto!), falar da “camarÃlia” recentemente criada (a palavra), poderia falar da que queda do uso de camisinhas, sem dramáticas conclusões sacais, do aumento do uso de papel higiênico que, aliás, foi uma injustiça a conclusão da análise, pois foi o aumento da renda da classe pobre que permitiu a compra de mais papel higiênico, já que o rico continua usando a mesma quantidade, obviamente. Isso para dizer que palavras são palavras, e tem gente falando de mais sem nenhuma necessidade.... Então é melhor a gente falar senão vem outro e fala....
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