Quem é a majestade?
Aristeu Nogueira Soares
Roberto Carlos faz aniversário no Dia do Índio e eu nunca me esqueci disso porque sempre fui indigenista e fã do cantor perna-de-pau.
Sei que o Rei deva ter seus motivos, mas aquela dedicação de amor, expressa pelo autor-jornalista de um grande livro, sobre a vida do cantor, sendo interditado pelo agraciado, me fez rebaixá-lo na galeria dos meus ídolos. Embora tendo o arquivo do livro “Roberto Carlos em Detalhes”, de Paulo Cesar de Araújo, com 619 páginas, ainda não me atrevi a lê-lo por completo. Quanto trabalho do autor! Parece uma gravidez eterna. Um dia será um tesouro desenterrado, não pela grandiosidade indiscutível do Roberto, mas pela magnitude do autor, pelo pouco que li achei-o habilíssimo.
Roberto, daqui dois anos, deverá completar setenta anos e ouvi dizer que seu atual amor contará então com vinte e sete. Lembro-me da sua primeira esposa, a cheia de classe Nice. Depois nos apaixonamos juntos por uma atriz, só que ele a levou ao altar. Magoei. Com Maria Rita ele tornou-se súdito, servil, religioso... Por falar nisso, talvez ele tenha passaporte garantido para os Céus devido às belas canções direcionadas ao Pai, o verdadeiro Rei.
Quando eu era pequeno, mal nutrido, atrevido, na flor da idade, e com alguma nascitura intimidade com as letras, fiz uma música pra quando o Roberto Carlos morresse. Achava que seria logo, pois o Evaldo Braga tinha morrido recentemente. Eu acreditava que para eu fazer sucesso bastaria que o Roberto morresse e pronto, era eu nas paradas. O condenado continua em voga esbanjando saúde, sucesso, trabalhando uma vez por ano e vivendo na plenitude das emoções de um cruzeiro.
Costumo brincar dizendo que se ele fizer uma canção para a mulher goiana terá que se ver comigo, pois fez pras baixinhas e a minha esposa é, fez pras de óculos e a minha usa, fez pras gordinhas e a minha se encaixa, fez pras de quarenta e a minha tinha...
Aprendi a admirar o Roberto através de um dos meus irmãos. Ele deve ter sido o fã número um do Roberto, principalmente porque não tinha dinheiro e enchia a casa de pôsteres. Imitava-o nas vestes, no cabelo, nos colares e na cantoria. Lutou muito pra ser cantor e acho que ainda não desistiu o coitado. Chegou a gravar um LP vinil como integrante de uma dupla sertaneja, aquele com a voz sumida, mas também compositor.
O Roberto é intitulado como Rei e eu gostaria de saber em quais critérios. Rei da Jovem Guarda? Sim. Rei de vendagens? Não. Rei de Shows? Não. Rei em composições? Não. Rei na quantidade de canções? Não. Rei na feiúra? Não. O mais tocado? Não.
Para todos os “nãos” a resposta correta é Amado Batista, simplesmente amado!
Garanto que se algum escritor for escrever sobre o Amado também terá uma grande história e receberá todo o apoio do biografado.
Mas vivas agora ao Dia do Índio e às flechadas certeiras que o Roberto Carlos dá nos corações brasileiros.
PS: A minha letra em homenagem ao não acontecido falecimento do Rei Roberto foi se transformando e ficou mais ou menos assim: (Eu cantando é risada pra mais de metro)
ROBERTO, ROBERTO, ROBERTO,/ ROBERTO, ROBERTO!/NÃO PRECISAVA CHAMÁ-LO, /CHEGAVA E IA ENTRANDO,/ ROBERTO, O MARGINAL!/ RAPAZ SEM AMOR,/ INFANTE DE TODO MAL/ TINHA OS BRAÇOS LARGOS/ E O PEITO FORTE,/ QUEM O DESAFIAVA,/ ELE LHE DAVA A MOOORTE/ ROBERTO, ROBERTO, ROBERTO,/ ROBERTO, ROBERTO!/ UM DIA NA PRAÇA,/ UM PAQUERADOR/ FALOU QUE ÍA MATÁ-LO/ NINGUÉM ACREDITOU./ O PAQUERADOOOR/ ANDAVA ARMADO./ PARA MATAR ROBERTO/ ELE FORA CONTRATADO./ ATIROU DE LONGE, / TINHA MEDO DE ATIRAR DE PERTO/ E TOMBOU MORTO/ O NOSSO ROBERTOOO/ ROBERTO, ROBERTO, ROBERTO,/ ROBERTO, ROBERTO!/ FINADO ROBERTO.
Roberto Carlos faz aniversário no Dia do Índio e eu nunca me esqueci disso porque sempre fui indigenista e fã do cantor perna-de-pau.
Sei que o Rei deva ter seus motivos, mas aquela dedicação de amor, expressa pelo autor-jornalista de um grande livro, sobre a vida do cantor, sendo interditado pelo agraciado, me fez rebaixá-lo na galeria dos meus ídolos. Embora tendo o arquivo do livro “Roberto Carlos em Detalhes”, de Paulo Cesar de Araújo, com 619 páginas, ainda não me atrevi a lê-lo por completo. Quanto trabalho do autor! Parece uma gravidez eterna. Um dia será um tesouro desenterrado, não pela grandiosidade indiscutível do Roberto, mas pela magnitude do autor, pelo pouco que li achei-o habilíssimo.
Roberto, daqui dois anos, deverá completar setenta anos e ouvi dizer que seu atual amor contará então com vinte e sete. Lembro-me da sua primeira esposa, a cheia de classe Nice. Depois nos apaixonamos juntos por uma atriz, só que ele a levou ao altar. Magoei. Com Maria Rita ele tornou-se súdito, servil, religioso... Por falar nisso, talvez ele tenha passaporte garantido para os Céus devido às belas canções direcionadas ao Pai, o verdadeiro Rei.
Quando eu era pequeno, mal nutrido, atrevido, na flor da idade, e com alguma nascitura intimidade com as letras, fiz uma música pra quando o Roberto Carlos morresse. Achava que seria logo, pois o Evaldo Braga tinha morrido recentemente. Eu acreditava que para eu fazer sucesso bastaria que o Roberto morresse e pronto, era eu nas paradas. O condenado continua em voga esbanjando saúde, sucesso, trabalhando uma vez por ano e vivendo na plenitude das emoções de um cruzeiro.
Costumo brincar dizendo que se ele fizer uma canção para a mulher goiana terá que se ver comigo, pois fez pras baixinhas e a minha esposa é, fez pras de óculos e a minha usa, fez pras gordinhas e a minha se encaixa, fez pras de quarenta e a minha tinha...
Aprendi a admirar o Roberto através de um dos meus irmãos. Ele deve ter sido o fã número um do Roberto, principalmente porque não tinha dinheiro e enchia a casa de pôsteres. Imitava-o nas vestes, no cabelo, nos colares e na cantoria. Lutou muito pra ser cantor e acho que ainda não desistiu o coitado. Chegou a gravar um LP vinil como integrante de uma dupla sertaneja, aquele com a voz sumida, mas também compositor.
O Roberto é intitulado como Rei e eu gostaria de saber em quais critérios. Rei da Jovem Guarda? Sim. Rei de vendagens? Não. Rei de Shows? Não. Rei em composições? Não. Rei na quantidade de canções? Não. Rei na feiúra? Não. O mais tocado? Não.
Para todos os “nãos” a resposta correta é Amado Batista, simplesmente amado!
Garanto que se algum escritor for escrever sobre o Amado também terá uma grande história e receberá todo o apoio do biografado.
Mas vivas agora ao Dia do Índio e às flechadas certeiras que o Roberto Carlos dá nos corações brasileiros.
PS: A minha letra em homenagem ao não acontecido falecimento do Rei Roberto foi se transformando e ficou mais ou menos assim: (Eu cantando é risada pra mais de metro)
ROBERTO, ROBERTO, ROBERTO,/ ROBERTO, ROBERTO!/NÃO PRECISAVA CHAMÁ-LO, /CHEGAVA E IA ENTRANDO,/ ROBERTO, O MARGINAL!/ RAPAZ SEM AMOR,/ INFANTE DE TODO MAL/ TINHA OS BRAÇOS LARGOS/ E O PEITO FORTE,/ QUEM O DESAFIAVA,/ ELE LHE DAVA A MOOORTE/ ROBERTO, ROBERTO, ROBERTO,/ ROBERTO, ROBERTO!/ UM DIA NA PRAÇA,/ UM PAQUERADOR/ FALOU QUE ÍA MATÁ-LO/ NINGUÉM ACREDITOU./ O PAQUERADOOOR/ ANDAVA ARMADO./ PARA MATAR ROBERTO/ ELE FORA CONTRATADO./ ATIROU DE LONGE, / TINHA MEDO DE ATIRAR DE PERTO/ E TOMBOU MORTO/ O NOSSO ROBERTOOO/ ROBERTO, ROBERTO, ROBERTO,/ ROBERTO, ROBERTO!/ FINADO ROBERTO.
Senhor (nem sei mais se doutor, engenheiro, compositor, violeiro) Aristeu,
ResponderExcluirSua Majestade o Rei Roberto Carlos é inderrubável! Especialmente que esse negócio de chamar o senhor de Doutor, ou também ao Doutor Edilvo, sem vocês terem curso de doutorado, e o cantor Roberto Carlos de Magestade, sem ser Rei, é por puro respeito à capacidade de vocês em se manterem em elevada reputação e notória capacidade técnica e profissional. Mas comparar o Rei com o Amado Batista...! Evidentemente que o senhor sabe bem as diferenças entre um e outro. Agora, chegar a compor essa letra aí, guardar essa letra por tanto tempo, além de sinistro comprometeu a sua reputação de melhor cronista do Blog e quiçá a imagem do editor! Ouvi falar que milhares de pessoas pararam de acessar esse Blog. Eu, por muitos anos, nutria uma completa indiferença pelo Rei Roberto, mas modifiquei muito minha opinião depois que assisti, ao vivo, ao show dele. Essa história de mais 11000 livros incinerados por decisão judicial sem haver nos autos calúnias ou difamação, ocorreu em acordo firmado com o cantor, a editora e o autor da biografia. O autor até se comprometeu a nem comentar esse assunto... Mesmo assim muita gente fez download do livro. A proibição das vendas do livro, segundo os jornais da época, se deveu a duas referências relatadas sobre a vida do Rei: sobre o acidente que sofreu e outra referência à morte da esposa que incomodou o cantor. Creio que são fatos desvinculados da arte e muito pessoais do cantor que não podem modificar a opinião de quem gostava dele e de suas músicas. Quem gostava continua gostando das músicas dele. A proibição poderá aumentar as vendas do livro algum dia. Como isso tudo ocorreu há alguns anos atrás se vê pelo sucesso atual do artista que o livro incomodou somente os colegas escritores... e o Rei continua amado por quem sempre o amou e desde o batismo...
Natal
Ídolo Natal, isto mesmo, enquanto o Roberto cai na minha particular galeria de ídolos, você vai galgando postos de magnitude. Devo manifestar que acima de você ainda estão, por exemplo, Ayrton Senna e Zico.
ResponderExcluirQuanto ao tratamento a mim direcionado poderia ser simplesmente "meu fã" ou qualquer outro, mesmo que soe irônico, pois assim o sou em grande parte de meus manifestos.
Pra ser doutor o que me faltou foi a continuidade dos estudos, um detalhe. Na Engenharia também dei minha parcela contribuição, apesar da referida carência de estudos, principalmente na Cartografia, hoje imageamento de satélites. Compositor é uma insistência, talvez um vício que me persegue, apesar de ter tido apenas uma canção gravada. Violeiro é algo inatingível, depois de tentativas múltiplas defini que do violão só preciso das cordas pra me enforcar ou da madeira pra fazer uma cruz.
Nos relatos bíblicos pode-se notar claramente que o Rei Davi e Moisés, por exemplo, são referências, mas com defeitos explícitos. A gente procura, erroneamente, endeusar pessoas por serem expoentes em alguma coisa que façam e eles não o são: O Ronaldo não pode ser baladeiro, o Pelé não pode rejeitar uma filha e um bispo católico não pode ter filhos.
Não tem como desmistificar o Roberto Carlos nem em séculos vindouros. A gente procura rotulá-lo pra sentir maior proximidade de grande pecador. Na minha tenra idade corria um boato que ele tinha uma perna de pau e um olho de vidro, quanta mentira, a perna é de titânio e o olho é brilhante.
Existem muitas majestades que pagam pra encobrir seus erros, muitas vezes em dinheiro. A rainha dos baixinhos sumiu com cópias de filmes onde praticava pedofilia. O Roberto com os livros.
Biografia é uma história de vida e a vida não é constituída apenas de heroísmo.
"Faça-se o último e serás exaltado."
Aquela letra que compus, sobre o Finado Roberto, pode parecer sinistra, mas é o espelho de uma mente infantil em seus delírios sem fim e, se a guardei por tanto tempo, foi porque para jogá-la fora teria que amputar minha cabeça, onde ela martela incessantemente.
O melhor cronista do Blog do Aloísio jamais seria eu, talvez logo após o Neiton e a Marília.
Eu posso ser o maior comentarista, mas em quantidade, pois em qualidade você é estupendo e,nem como anônimo, consegue passar despercebido. Ainda assim, se somássemos as linhas de comentários, com certeza, os seus ultrapassariam os meus.
O Roberto ainda é seu Rei, e de tantos da elite, certamente porque você não passou muitas de suas noites em cabarés, em botecos copos sujos, em acampamentos de sem-terras, em vilarejos de barrageiros ou no cotidiano de um interiorano, porque lá quem reina é o Amado Batista, o maior vendedor de discos e de shows. Tenho dito.