Grande Fafi!
MarÃlia Alves Cunha
De repente bate aqui no peito uma saudade grande da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araguari e de idos tempos (1979). E saudade tem que ser exorcizada de alguma maneira, nem que seja difÃcil, que saudade é dor pungente, saudade mata a gente...
Corro atrás das lembranças, faço um esforço de memória e folheio alguns bem guardados recortes de jornal. Consigo reviver com emoção, retalhos de um tempo longe, um tempo bom. Ano de 1979. Passei no vestibular de Pedagogia da FAFI. Senti-me como uma adolescente em plena ebulição – voltar à escola, conviver de novo com colegas, professores, participar de um mundo que deixara de ser meu há muito tempo, ocupada à época em dar aulas para crianças e cuidar das minhas próprias. O primeiro dia de aula uma redenção e uma alegria. Qual jovem ansioso, o coração cheio de vontade e curiosidade, fiz a travessia da ponte que me levaria para a outra dimensão.
Numa época de grandes dificuldades em minha vida pessoal, A FAFI era o oásis. Refrigério dos livros, das ótimas aulas, das pesquisas, do calor humano, do ambiente acolhedor que energizava o coração da gente. Lembro-me do carinho, do respeito e da energia dos professores, que lutavam acima de elogios ou crÃticas para fazer daquela faculdade um lugar onde se respirasse educação, onde o importante era servir um propósito mais alto: formar pessoas para educar outras pessoas.
E o resultado era maravilhoso para aqueles que realmente queriam iluminar-se à chama daquela escola superior, pequena e acanhada em seus aspectos fÃsicos, grande na sua organização, nas suas finalidades e no seu corpo docente.
Muitos dizem hoje em dia que escola vai ficar em segundo plano. É tanta tecnologia a desvendar o saber, é tanto equipamento posto a seu serviço, que os professores, em pouco tempo, perderiam sua função, substituÃdos pelas invenções da modernidade. Acredito não! Nenhuma maquininha poderia substituir Teotônio, Cleonice, Else, Aparecida Peixoto, Leda Borela, Selma Amui, Chiquinho Póvoa, William, Elida, Terezinha, Newton de Abreu, Marilene Liegio, Marta, Maria Eleonora Scalia, Vicente e tantos outros grandes professores. Abriram portas para muita gente, despertando inteligências e transmitindo alguma coisa que só pessoas podem transmitir: o amor pelo saber, o desejo de descobrir potencialidades e o desvendamento destas potencialidades.
Lembro-me com alegria da época em que fui diretora de imprensa do Jornal “O Coruja”, do DA XV de outubro. Era difÃcil fazer o jornal, com edição mensal. Cabia à diretora de imprensa quase tudo: ir atrás de propagandas para manter o jornal, correr na tipografia dos Brandão, chorando por um preço baixinho, que dinheiro de aluno era pouco e incerto, escrever quase tudo, usando até pseudônimo para não parecer pretensioso. Quando o jornal circulava, depois de muito empenho e suor, era uma alegria só. Vinha elogio do prefeito Fausto, da Câmara dos Vereadores (o Patesco gostava do jornal, como todos os vereadores), dos professores que sabiam do esforço em reinventar algo que estava quase acabado, das pessoas em geral que se acostumaram com a leitura mensal de “O Coruja”.
Foi através do jornalzinho que o Afif Rade chegou à faculdade e disse: quero falar com a diretora de imprensa. O Afif descobriu a MarÃlia, a MarÃlia descobriu o Afif. Daà prá frente foi amor puro e sincero. A paixão por escrever apossou-se de mim e fez-me prisioneira. E por que não dizer, a vaidade veio junto e a galope quando vi pela primeira vez meu nome nas páginas da “Gazeta do Triângulo”, jornal que muitas vezes ajudei a montar, letra a letra, ofÃcio de artesão. Escrevi certa vez: ”O nome do autor maior, Afif Rade não está nunca impresso nas páginas da Gazeta. Esta vaidade ele não se dá ao luxo. Lega para nós a glória de vermos estampados os nossos. E a gente não pode deixar de dizer que, realmente, é uma embalação esta vaidade, cada artigo um filho parido no esforço e no prazer da criação”. Até hoje, sempre levanto os olhos para o céu e digo: a benção, Afif!
Partilho com os leitores palavras de Henry Van Dyke, que expressam bem o que sinto em relação ao professor e sua importância no contexto da educação atual, um contexto em que tantas vezes é desvalorizado e deserdado de sua grande importância: "Transmite sua alegria pelo aprender e partilha com os alunos os tesouros de sua mente. Acende muitas velas que brilharão mais tarde, iluminando outras mentes. Esta é a sua recompensa. Conhecimentos podem ser adquiridos em livros, mas o amor ao saber só é transmitido pelo contato pessoal”.
De repente bate aqui no peito uma saudade grande da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araguari e de idos tempos (1979). E saudade tem que ser exorcizada de alguma maneira, nem que seja difÃcil, que saudade é dor pungente, saudade mata a gente...
Corro atrás das lembranças, faço um esforço de memória e folheio alguns bem guardados recortes de jornal. Consigo reviver com emoção, retalhos de um tempo longe, um tempo bom. Ano de 1979. Passei no vestibular de Pedagogia da FAFI. Senti-me como uma adolescente em plena ebulição – voltar à escola, conviver de novo com colegas, professores, participar de um mundo que deixara de ser meu há muito tempo, ocupada à época em dar aulas para crianças e cuidar das minhas próprias. O primeiro dia de aula uma redenção e uma alegria. Qual jovem ansioso, o coração cheio de vontade e curiosidade, fiz a travessia da ponte que me levaria para a outra dimensão.
Numa época de grandes dificuldades em minha vida pessoal, A FAFI era o oásis. Refrigério dos livros, das ótimas aulas, das pesquisas, do calor humano, do ambiente acolhedor que energizava o coração da gente. Lembro-me do carinho, do respeito e da energia dos professores, que lutavam acima de elogios ou crÃticas para fazer daquela faculdade um lugar onde se respirasse educação, onde o importante era servir um propósito mais alto: formar pessoas para educar outras pessoas.
E o resultado era maravilhoso para aqueles que realmente queriam iluminar-se à chama daquela escola superior, pequena e acanhada em seus aspectos fÃsicos, grande na sua organização, nas suas finalidades e no seu corpo docente.
Muitos dizem hoje em dia que escola vai ficar em segundo plano. É tanta tecnologia a desvendar o saber, é tanto equipamento posto a seu serviço, que os professores, em pouco tempo, perderiam sua função, substituÃdos pelas invenções da modernidade. Acredito não! Nenhuma maquininha poderia substituir Teotônio, Cleonice, Else, Aparecida Peixoto, Leda Borela, Selma Amui, Chiquinho Póvoa, William, Elida, Terezinha, Newton de Abreu, Marilene Liegio, Marta, Maria Eleonora Scalia, Vicente e tantos outros grandes professores. Abriram portas para muita gente, despertando inteligências e transmitindo alguma coisa que só pessoas podem transmitir: o amor pelo saber, o desejo de descobrir potencialidades e o desvendamento destas potencialidades.
Lembro-me com alegria da época em que fui diretora de imprensa do Jornal “O Coruja”, do DA XV de outubro. Era difÃcil fazer o jornal, com edição mensal. Cabia à diretora de imprensa quase tudo: ir atrás de propagandas para manter o jornal, correr na tipografia dos Brandão, chorando por um preço baixinho, que dinheiro de aluno era pouco e incerto, escrever quase tudo, usando até pseudônimo para não parecer pretensioso. Quando o jornal circulava, depois de muito empenho e suor, era uma alegria só. Vinha elogio do prefeito Fausto, da Câmara dos Vereadores (o Patesco gostava do jornal, como todos os vereadores), dos professores que sabiam do esforço em reinventar algo que estava quase acabado, das pessoas em geral que se acostumaram com a leitura mensal de “O Coruja”.
Foi através do jornalzinho que o Afif Rade chegou à faculdade e disse: quero falar com a diretora de imprensa. O Afif descobriu a MarÃlia, a MarÃlia descobriu o Afif. Daà prá frente foi amor puro e sincero. A paixão por escrever apossou-se de mim e fez-me prisioneira. E por que não dizer, a vaidade veio junto e a galope quando vi pela primeira vez meu nome nas páginas da “Gazeta do Triângulo”, jornal que muitas vezes ajudei a montar, letra a letra, ofÃcio de artesão. Escrevi certa vez: ”O nome do autor maior, Afif Rade não está nunca impresso nas páginas da Gazeta. Esta vaidade ele não se dá ao luxo. Lega para nós a glória de vermos estampados os nossos. E a gente não pode deixar de dizer que, realmente, é uma embalação esta vaidade, cada artigo um filho parido no esforço e no prazer da criação”. Até hoje, sempre levanto os olhos para o céu e digo: a benção, Afif!
Partilho com os leitores palavras de Henry Van Dyke, que expressam bem o que sinto em relação ao professor e sua importância no contexto da educação atual, um contexto em que tantas vezes é desvalorizado e deserdado de sua grande importância: "Transmite sua alegria pelo aprender e partilha com os alunos os tesouros de sua mente. Acende muitas velas que brilharão mais tarde, iluminando outras mentes. Esta é a sua recompensa. Conhecimentos podem ser adquiridos em livros, mas o amor ao saber só é transmitido pelo contato pessoal”.
MarÃlia,
ResponderExcluirVocê me fez lembrar de uma briguinha particular entre o Curso de Direito e o de Pedagogia em Catalão. Segundo os estudantes de Direito o curso de Pedagogia era pra aqueles que não conseguiam passar no vestibular de Direito, então, um cunhado meu, estudante de Pedagogia, mandou fazer camisetas para todo o curso de Pedagogia, onde estampou: ESTUDO PEDAGOGIA PARA ENSINAR DIREITO.
Grande MarÃlia!
ResponderExcluirQuantos da sua geração gostariam de dizer as mesmas palavras que sua mente talentosa elaborou! Quantos de nós vimos, naquela época, aqueles professores gurus, armados de muita tolerância, repassando carinhosamente conhecimentos tão preciosos que foram capazes de mudar nosso caráter, nossas potencialidades, modelando nosso comportamento social e a virtude de saber ouvir e o momento de falar. Eu passei pela FAFI alguns dias, em 1975, como ouvinte nas aulas de Geografia, enquanto aguardava o momento de sair da cidade. Mas a saudade não mata, MarÃlia! É somente pungente! Mas profunda e misteriosa como o MAR! E quanta alegria nos provoca essa saudade, como se estivéssemos hoje abandonados numa ILHA, quando encontramos os velhos amigos para compartilhar tantas histórias! E saber o quanto é bom viver, lutar pela vida, demonstrar o amor ao conhecimento e testemunhar que tudo passa, mas o amor e a amizade não morreram! E a sensibilidade da gratidão uma virtude das grandes almas! Ainda bem que você não acredita que a tecnologia possa substituir a sinergia entre as pessoas, senão, e se isso fosse possÃvel, mais máquinas humanas terÃamos...
Também HENRY VAN DYKE disse o seguinte:
“O tempo é lento demais para os que esperam... rápido demais para os que temem... longo demais para os que sofrem... curto demais para os que celebram... mas para os que amam, o tempo é eterno.”
Natal
Você havia dito tudo. É quase irrelevante saber se uma pessoa fez direito ou pedagogia. Você disse: "transmitindo alguma coisa que só pessoas podem transmitir: o amor pelo saber, o desejo de descobrir potencialidades e o desvendamento destas potencialidades". Então, seja qual curso fizer o estudante, o que muda o mundo e a vida individual é a capacidade de liderança, capacidade de comunicação, respeito às diferenças, afabilidade, etc., virtudes que você trouxe de suas raizes, sua essência, que sobressaem de você, melhoradas com os conhecimentos adquiridos na escola, especialmente quando você semeia essas sementes que a torna amiga e profissional querida apesar do tempo que passou...!
ResponderExcluirNatal