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Teatro Municipal de Araguari

Aristeu Nogueira Soares

Inadmissível uma cidade sem palco com uma infinidade de artistas, inclusive globais!

Alguns membros da sociedade araguarina realizaram estudos em torno da transformação do antigo Cine Ritz em Teatro Municipal. Tal estudo já se encontra nas mãos do administrador maior do município para considerações e devidos fins. Tomara que o Projeto não pegue a contramão da História!

Imbuídos no Projeto encontram-se dois particulares amigos meus – o que me faz acreditar plenamente na lisura dos relatos – O vereador Evaldo e o Ex-secretário de Saúde Edilvo Mota.

Como ausente da cidade não consigo localizar onde teria sido este tal Cine Ritz. Lembro-me de Rex, Lux, Olido e Apolo.

O Cine Lux era na Rua Marciano Santos, logo após a Avenida Sanitária, sentido saindo do centro. Era onde as entradas custavam menos e onde, nós da periferia, baixávamos. Eu e meus amigos juntávamos ferro velho, cobre, alumínio e vidro para custear tais entradas. Os filmes de sucesso da época eram de Drácula e Kung-Fu. Os filmes nos envolviam tanto que virávamos verdadeiros Bruces Lees. No caminho de volta íamos dando voadoras nos muros e quebrando tijolos de obras no Karatê, além de alguns pescoçinhos mordidos...

O Cine Olido também era na Marciano Santos, mas encostado na Praça Getúlio Vargas. Fui poucas vezes e o que mais rodava por lá era o Bang-Bang, o que era suficiente para nos envidar esforços para comprarmos revólveres à espoleta. Teve um da turma que conseguiu uma espingarda e uma estrela de Xerife, colocando ordem na brincadeira.

O Cine Apolo, na Praça Manoel Bonito, era mais burguês e logo se transformou em clube recreativo de excelentes carnavais de salão. Não sei como foi, mas muito longe de ter a idade da censura, consegui assistir a “Dona Flor e seus dois Maridos” e a “Dama do Lotação”... Eta Sônia Braga! Virou-me insônia, a praga!

O Cine Rex, também na Manoel Bonito, quarteirão de baixo, foi minha grande escola. Eu era empregado doméstico de Argemiro Tomaz de Aquino, diretor da Rádio PRJ3, Rádio Araguari. Eu morava com sua família no Edifício Zackarias, a menos de cinqüenta metros do cinema. Nas promoções da Rádio sempre faltavam ouvintes para a quantidade de ingressos a serem distribuídos e ele os repassava a mim. No sacrifício eu ia quase todos os dias. Naquele ano nem lanterninha viu mais filme que eu!

O cinema deu asas à minha imaginação. Deu roteiro aos meus conflitos. Pôs o mundo distante, até intergaláctico, a palmos dos meus olhos. Despertou-me a crítica. Escancarou-me o belo.

A cine-dramaturgia fazia parte do meu cotidiano e no palco da minha vida nunca houve representação. Destarte as lágrimas e alegrias, de verdade, se revezassem temperando as dificuldades e anestesiando as dores do meu caminho.

O teatro é maior que o cinema, tanto pela personificação em carne e osso como pela luz que vem em sentido contrário, ou seja, do palco para a platéia!

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