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A farra dos vereadores

Da Folha de S. Paulo. Um par de sapatos seria pouco. Se um cidadão exaltado quisesse reagir à altura, nada menos do que 58 senadores haveriam de ser o alvo de projéteis semelhantes aos atirados pelo jornalista iraquiano Muntader al Zaidi contra o presidente norte-americano George W. Bush, em episódio de vasto apelo midiático.

Foram 58 os votos favoráveis, numa sessão do Senado que se estendeu noite adentro, à emenda constitucional que aumenta o número dos vereadores em atividade -se cabe o termo- nos municípios brasileiros.

Como se não bastassem os mais de 50 mil que já existem, o Senado apoiou, por ampla maioria, a criação de mais 7.343 cadeiras nas Câmaras Municipais de todo o país.

Não apenas os fisiologistas contumazes do PMDB e os seus cúmplices da base governista se associaram nessa expedição de assalto aos interesses do contribuinte e à credibilidade das instituições democráticas.
Dos santarrões da oposição, foram poucos os que não viram nesse inchaço artificial das tropas legislativas uma oportunidade para acomodar novos e velhos correligionários. Apenas seis senadores (cinco votos contrários e uma abstenção) não quiseram endossar a medida.

A emenda já constituía um insulto quando foi aprovada, dias antes, pela Câmara dos Deputados. No Senado, decidiu-se ir além, retirando um dispositivo que previa -pelo menos- limitar os gastos que a medida fatalmente haveria de provocar.

A própria Mesa da Câmara, considerando que o Senado modificou o teor da emenda, resolveu submetê-la a nova avaliação. Não será, portanto, promulgada agora -o que pelo menos impedirá que a medida entre em vigor na legislatura a ser iniciada no mês que vem. Ganha-se algum tempo, e ninguém perde os seus sapatos. Artigo de valor, sem dúvida, nos dias que correm.

Um comentário:

  1. Que sapatos que nada... Qualquer depuptado ou senador que aparecer por estas paragens será tratado com mesuras, canapés e a costumeira babação de ovo.
    Anos atrás, no auditória da ACIA, quando questionei um deputado federal sobre o arquivamento da CPI dos Medicamentos, acharam que fui deselegante. Mas o homem não conseguiu explicar...
    Da mesma forma, quando era secretário de saúde, durente "entrega" de uma ambulância, disse ao então senador Aelton Freitas que o veículo era bem vindo, mas a Saúde precisava de muito mais, principalmente da aprovação da regulamentação da Emenda Constitucional 29/2000. Alguns acharam (novamente) que fui deselegante.
    Em tempo: a Emenda 29, que define percentuais MÍNIMOS de gastos com Saúde, aguarda regulamentação desde 2002. Enquanto isso, a emenda dos Vereadores foi aprovada a toque de caixa.
    Esse é o nosso Brasil. E somos todos nós quem fazemos o país. O país continuará sendo essa piada pronta, enquanto o culto ao personalismo se sobrepor à cidadania.

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