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Beleza Interior num parágrafo

Aristeu Nogueira Soares

Cá estou eu, há quase um ano residindo no Interior. Quanta diferença da nossa capital federal! No princípio a gente estranha, mas o tempo é o melhor remédio. É outro mundo! A média de idade é um tanto quanto mais avançada e a pressa não existe. Poucos são aqueles usuários que conseguem utilizar caixas eletrônicos sem ajuda. Supermercados não têm leitores óticos de código de barras. Os cães vira-latas se proliferam com a aquiescência de todos e, se a carrocinha aparece, um protetor animalesco sai soltando fogos de artifício pra afugentar os futuros sabões. Não existem paradas de transporte coletivo com coberturas do sol, do vento e da chuva. Esgoto, kkkk, ainda está por chegar, então vivemos na fossa, mas o novo prefeito, que é o antigo também, vai resolver. É promessa do saneamento juntamente com um lago, mas, estive pensando, e se o lago for um esgoto a céu aberto? Ainda assim a cidade vai progredindo, então chegará um dia que não mais existirá Interior? Deus me livre, inclusive votei contra candidatos que prometiam desenvolvimento, pois isto eu tinha em Brasília. Preciso mesmo é de uma parada no tempo, se possível retroceder... Por falar nisso, a verdura a gente planta e vê crescer. A água é muito barata... O leite puro chega à nossa casa junto com o mugido do sedento bezerro. Não existem mais subdivisões de preços ou qualidade da carne bovina, ou é carne de primeira ou de segunda. As galinhas gritam várias vezes “botei ovo” anunciando-nos a produção. O gorjeio dos pássaros substitui plenamente toda a MPB. São aves de muitas espécies e fazem ninhos até nos xaxins da nossa casa. É tempo de manga, jabuticaba, pequi e caju... Lá, na miserável capital, lembro-me de pagar mais de cinco reais por um litro destas iguarias... Uvas e goiabas estão em cachos e flores, já já a vizinhança divide. Bananeira dá o ano inteiro, igualzinho ao côco da Bahia. Guariroba, jurubeba, mandioca e cana são pragas. Laranja e mexerica a gente corta pra queimar, kkkk. Capital, como o próprio nome diz, precisa-se de muito dinheiro, aqui não. Meu carro está a quase um mês parado, mas a bicicleta tem rodado muito. Poucos possuem carteira de habilitação e a fiscalização precária só cobra o uso de capacete aos motoqueiros. Troquei meu cartão de crédito por uma tal caderneta, vulgo prego. Existem muitas solteironas elegantes e resolvidas... É uma pena para a perpetuação da Humanidade. Tenho uma teoria de que o que acontece é que elas conhecem o passado dos pretendentes e os rejeitam. Todo mundo conhece todo mundo. Qualquer estranho ou forasteiro poderá cativá-las, kkkkk, como aconteceu comigo. Estão fazendo duas barragens no Rio Veríssimo e os trabalhadores de lá estão desencalhando aviões, kkkkk. Não vou dar mais nenhuma dica deste meu paraíso porque senão daqui a pouco meus leitores serão meus vizinhos, além do quê pescar é aqui do meu lado e tenho estado muito estressado. Kkkkk.

PS: Sei que a Língua Portuguesa exige distribuição do texto acima em outros parágrafos, mas o vernáculo, no conjunto, também não reina por aqui.

2 comentários:

  1. Aristeu, você é fora de série. Suas matérias são excelentes. Esta estão nem se fale.
    A vida primitiva é gostosa de se viver.
    Quando morávamos em Catalão, idos de 48, aí era nosso caminho. Depois, já aqui em Araguari, a Cia. Prada exigia a ida de meu pai constantemente em Catalão. Nós íamos com ele.
    Continue a nos brindar de forma salutar e alegre.
    Um abraço,
    Peron Erbetta

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  2. O Aristeu é assim mesmo!
    Agora, resolveu duplicar a inveja que sinto dele. É que, além de ter o dom da poesia no coração, qualidade inacessível a nós - simples mortais -, ele agora decidiu usar essa arma para falar das coisas boas do interior brasileiro. Sei que a arte da poesia jamais alcançarei, contudo, espero, um dia, compartilhar dessa vida boa, só que do outro lado rio, na minha já não tão pacata (mas sempre amada) Araguari.

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