Capital da América
![]() |
Foto: Reprodução/Wikipédia |
Inocêncio Nóbrega (*)
inocnf@gmail.com
Por mais de cinco décadas Havana presidiu o centro das atenções do mundo, em relação às outras capitais latino-americanas e caribenhas. A frustrada invasão à Baía dos Porcos, em abril de 1961, que deixou transtornado o presidente J. Kennedy, e o adiamento golpista, meses depois, no Brasil, pela vitoriosa Campanha da Legalidade, permitiram que dois grandes líderes, Fidel Castro e Leonel Brizola, motivassem a preocupação nº 01 do Departamento de Estado norte-americano. Quanto a nós, um país de tamanha potencialidade, a fatura foi liquidada em 1964, já amplamente discorrida. Na esperança de conter o ímpeto revolucionário de Cuba decretaram o bloqueio econômico, o corte nas relações diplomáticas, além de outras sanções. Apesar de garganta cortada o povo cubano respondeu com trabalho, dedicando 1961 à alfabetização. Nas casas, nos lares, nas fábricas, nas ruas, não ficou um só analfabeto ou alfabetizador.
As retaliações sofridas não cessaram. Expulsa da OEA o convívio com países do Continente tornou-se difícil. Ainda que medidas inovadoras, sociais, na economia, educação, medicina, a persistência e a fé no idealismo, calcadas na sua soberania, só aos poucos foram sentidas pelos irmãos americanos, facilitada pela queda das ditaduras localizadas. Os primeiros governantes brasileiros pós-64 não davam demonstrações de abertura mais significativa com Havana. O intercâmbio se cingia, basicamente, na área da cultura, esportes e comércio. A promessa de George Bush, de um fundo bilionário a empresários e convocação de dissidentes castristas, garantindo que a “liberdade na Ilha está próxima”, deixava governos do Continente medrosos. Menos um, que já acenava com um novo mapa na geopolítica da América não britânica: Venezuela.
Da reorganização do território venezuelano acrescenta aos 23 estados dez territórios federais de desenvolvimento, injetando maciços recursos diretamente nos conselhos comunitários e comunas, controladas pela situação, nasceu o ego patriótico, necessário ao impulso bolivariano. Hugo Chavez levaria avante seu projeto de soberania. Por ser fiel a tal princípio Nicolás Maduro e seu país são tratados como ameaça à segurança nacional dos EUA, porém estes procedem incentivando protestos internos, visando desestabilizar governos progressistas, Equador incluso. Por outro lado, estavam em curso entendimentos entre Barack Obama e Raul Castro, com a inegável intermediação do Papa Francisco, tentando a reaproximação oficial dos dois povos, positivando a troca das duas embaixadas, uma delas já reinstalada em Washington, nesse 20 de julho. Refeitas as pazes, nos recíprocos respeitos, pelas circunstâncias da hegemonia estadunidense Caracas assume a condição de capital da América Latina e do Caribe.
(*) Inocêncio Nóbrega Filho é jornalista e escritor
inocnf@gmail.com
Por mais de cinco décadas Havana presidiu o centro das atenções do mundo, em relação às outras capitais latino-americanas e caribenhas. A frustrada invasão à Baía dos Porcos, em abril de 1961, que deixou transtornado o presidente J. Kennedy, e o adiamento golpista, meses depois, no Brasil, pela vitoriosa Campanha da Legalidade, permitiram que dois grandes líderes, Fidel Castro e Leonel Brizola, motivassem a preocupação nº 01 do Departamento de Estado norte-americano. Quanto a nós, um país de tamanha potencialidade, a fatura foi liquidada em 1964, já amplamente discorrida. Na esperança de conter o ímpeto revolucionário de Cuba decretaram o bloqueio econômico, o corte nas relações diplomáticas, além de outras sanções. Apesar de garganta cortada o povo cubano respondeu com trabalho, dedicando 1961 à alfabetização. Nas casas, nos lares, nas fábricas, nas ruas, não ficou um só analfabeto ou alfabetizador.
As retaliações sofridas não cessaram. Expulsa da OEA o convívio com países do Continente tornou-se difícil. Ainda que medidas inovadoras, sociais, na economia, educação, medicina, a persistência e a fé no idealismo, calcadas na sua soberania, só aos poucos foram sentidas pelos irmãos americanos, facilitada pela queda das ditaduras localizadas. Os primeiros governantes brasileiros pós-64 não davam demonstrações de abertura mais significativa com Havana. O intercâmbio se cingia, basicamente, na área da cultura, esportes e comércio. A promessa de George Bush, de um fundo bilionário a empresários e convocação de dissidentes castristas, garantindo que a “liberdade na Ilha está próxima”, deixava governos do Continente medrosos. Menos um, que já acenava com um novo mapa na geopolítica da América não britânica: Venezuela.
Da reorganização do território venezuelano acrescenta aos 23 estados dez territórios federais de desenvolvimento, injetando maciços recursos diretamente nos conselhos comunitários e comunas, controladas pela situação, nasceu o ego patriótico, necessário ao impulso bolivariano. Hugo Chavez levaria avante seu projeto de soberania. Por ser fiel a tal princípio Nicolás Maduro e seu país são tratados como ameaça à segurança nacional dos EUA, porém estes procedem incentivando protestos internos, visando desestabilizar governos progressistas, Equador incluso. Por outro lado, estavam em curso entendimentos entre Barack Obama e Raul Castro, com a inegável intermediação do Papa Francisco, tentando a reaproximação oficial dos dois povos, positivando a troca das duas embaixadas, uma delas já reinstalada em Washington, nesse 20 de julho. Refeitas as pazes, nos recíprocos respeitos, pelas circunstâncias da hegemonia estadunidense Caracas assume a condição de capital da América Latina e do Caribe.
(*) Inocêncio Nóbrega Filho é jornalista e escritor
Deixe um comentário