História que teima em não acabar
Hamilton Flávio de Lima *
Artigo publicado originalmente no jornal Botija Parda, edição do dia 31/12/2014)
Mais um ano se esvai sem que a cidade tenha motivos e razões para qualquer tipo de comemoração. Aliás, na ausência de acontecimentos positivos, dignos de comemoração, sobram motivos para festejar o término de mais um ano estéril e ansiar para a chegada do próximo, cultivando sempre a esperança de que dias melhores enfim chegarão.
Nisto, o araguarino tem se mostrado crente e otimista há mais de 20 anos. A cada fim de ano, diante das oportunidades perdidas, de eventuais escândalos que teimam em não sair dos noticiários e de balanços insossos, a comunidade não perde o otimismo e a esperança, insistindo em enxergar no horizonte a chegada de boas novas.
Um exemplo digno de ser comentado é o continuado fracasso na tentativa de eleger um deputado local, para chamar de nosso e para ter a quem recorrer nos casos em que interesses do Município nos governos do Estado e da União, estiverem pendentes e dependentes da força política e do dinamismo de um parlamentar realmente interessado, não só pela votação aqui obtida, mas também e principalmente por ter aqui suas origens.
Infelizmente, a cada eleição os mesmos erros se acumulam, os interesses pessoais prevalecem e as diferenças se acentuam, fazendo com que candidatos locais, mesmo aqueles com comprovada densidade eleitoral fiquem de fora, muitas das vezes por mínimas circunstâncias.
Na eleição deste ano não foi diferente. Atolados em erros e recorrentes equívocos, ninguém foi eleito, e, até quando não se sabe, a cidade vai continuar desfilando sua indigência política junto aos governos da União e do Estado, mendigando recursos financeiros indispensáveis ao financiamento das legítimas e inadiáveis necessidades do Município.
Inegavelmente a culpa é da classe política local, incluindo o Prefeito, autoridade máxima do Município, que parece não ter se convencido da necessidade de se dedicar com afinco, para ter alguém na Assembléia Legislativa que lhe pudesse dar suporte e fazer acompanhamento dos pleitos levados ao Governo do Estado.
Desta vez, um pouquinho mais de esforço e união teriam feito a diferença. Passada a eleição, a janela de oportunidades para alavancar o futuro do município foi fechada e isto vai ser sentido mais intensamente por quem tem a responsabilidade da sua administração, pois será dele a incumbência de continuar passando o chapéu, mesmo sabendo que o resultado será pífio e decepcionante.
Disto ele deve ter consciência. Depois de dois anos no comando do Município não há como alegar falta de experiência ou deficiências de assessoria.
Mesmo transcorrido a metade do mandato, é nítida a impressão de que o governo não conseguiu impor uma forma consistente e planejada de administração, se dedicando tão somente a atuações pontuais e de última hora quase sempre para correção de rumos e atendimento a determinações legais.
Mesmo sem ter em mãos elementos oficiais para análise, o que está sendo divulgado pela imprensa e até mesmo admitido por assessores, leva a conclusão que a situação financeira do Município é preocupante, já que o endividamento é alto e a previsão do ingresso de recursos não é nada animadora.
Isto agravado ainda pela indisponibilidade de parte da receita prevista para o próximo ano, já compromissada com o pagamento de débitos decorrentes da prestação de serviços ocorridas no ano em curso, negociadas com instituições financeiras.
Deve ser lembrado que a situação financeira não se deteriora abruptamente, mas sim através de um processo continuado de erros e déficits operacionais, que podem ser corrigidos com a tomada de medidas drásticas voltadas a redução de despesas e aplicação seletiva das disponibilidades existentes.
Esta deve ser a principal preocupação do governo municipal no ano de 2015, pois as suas já conhecidas carências podem se agravar pelos reflexos produzidos no âmbito federal e estadual, que se preparam para enfrentar a austeridade de um início de governo extremamente difícil, com a tomada de medidas impopulares como redução de créditos e investimentos e limitação de recursos não vinculados postos à disposição dos Municípios.
Se nada for providenciado neste momento crucial e decisivo, o Prefeito Municipal, jovem, hábil na arte de fazer política e com promissor futuro, pode sucumbir na mediocridade de uma administração carregada de improvisos, a qual somente restará torcer para acabar logo, enquanto continua a rolar dívidas através do recriminável expediente de comprometer a receita futura, com a conseqüente postergação do pagamento de débitos vencidos, negociados com instituições financeiras.
Neste contexto causa estranheza a euforia do governo com a realização da licitação para a construção de um viaduto, dizem que com recursos próprios, obra de substancial valor e a que mais entusiasma o Prefeito.
Lamentavelmente, se a pretensão do Prefeito for mesmo a realização de tal obra com recursos próprios, a situação se complica ainda mais, pois, historicamente, os recursos da arrecadação própria, mal conseguem manter as despesas ordinárias do Município. O exemplo está na sua própria administração.
Exercitando o otimismo próprio da comunidade araguarina, a esperança é que profundas mudanças no âmbito da administração pública sejam promovidas no próximo ano, possibilitando ao governo a realização das suas metas e à população, concretização das suas legítimas reivindicações e necessidades.
Um ótimo ano a todos!
* Advogado
Artigo publicado originalmente no jornal Botija Parda, edição do dia 31/12/2014)
Mais um ano se esvai sem que a cidade tenha motivos e razões para qualquer tipo de comemoração. Aliás, na ausência de acontecimentos positivos, dignos de comemoração, sobram motivos para festejar o término de mais um ano estéril e ansiar para a chegada do próximo, cultivando sempre a esperança de que dias melhores enfim chegarão.
Nisto, o araguarino tem se mostrado crente e otimista há mais de 20 anos. A cada fim de ano, diante das oportunidades perdidas, de eventuais escândalos que teimam em não sair dos noticiários e de balanços insossos, a comunidade não perde o otimismo e a esperança, insistindo em enxergar no horizonte a chegada de boas novas.
Um exemplo digno de ser comentado é o continuado fracasso na tentativa de eleger um deputado local, para chamar de nosso e para ter a quem recorrer nos casos em que interesses do Município nos governos do Estado e da União, estiverem pendentes e dependentes da força política e do dinamismo de um parlamentar realmente interessado, não só pela votação aqui obtida, mas também e principalmente por ter aqui suas origens.
Infelizmente, a cada eleição os mesmos erros se acumulam, os interesses pessoais prevalecem e as diferenças se acentuam, fazendo com que candidatos locais, mesmo aqueles com comprovada densidade eleitoral fiquem de fora, muitas das vezes por mínimas circunstâncias.
Na eleição deste ano não foi diferente. Atolados em erros e recorrentes equívocos, ninguém foi eleito, e, até quando não se sabe, a cidade vai continuar desfilando sua indigência política junto aos governos da União e do Estado, mendigando recursos financeiros indispensáveis ao financiamento das legítimas e inadiáveis necessidades do Município.
Inegavelmente a culpa é da classe política local, incluindo o Prefeito, autoridade máxima do Município, que parece não ter se convencido da necessidade de se dedicar com afinco, para ter alguém na Assembléia Legislativa que lhe pudesse dar suporte e fazer acompanhamento dos pleitos levados ao Governo do Estado.
Desta vez, um pouquinho mais de esforço e união teriam feito a diferença. Passada a eleição, a janela de oportunidades para alavancar o futuro do município foi fechada e isto vai ser sentido mais intensamente por quem tem a responsabilidade da sua administração, pois será dele a incumbência de continuar passando o chapéu, mesmo sabendo que o resultado será pífio e decepcionante.
Disto ele deve ter consciência. Depois de dois anos no comando do Município não há como alegar falta de experiência ou deficiências de assessoria.
Mesmo transcorrido a metade do mandato, é nítida a impressão de que o governo não conseguiu impor uma forma consistente e planejada de administração, se dedicando tão somente a atuações pontuais e de última hora quase sempre para correção de rumos e atendimento a determinações legais.
Mesmo sem ter em mãos elementos oficiais para análise, o que está sendo divulgado pela imprensa e até mesmo admitido por assessores, leva a conclusão que a situação financeira do Município é preocupante, já que o endividamento é alto e a previsão do ingresso de recursos não é nada animadora.
Isto agravado ainda pela indisponibilidade de parte da receita prevista para o próximo ano, já compromissada com o pagamento de débitos decorrentes da prestação de serviços ocorridas no ano em curso, negociadas com instituições financeiras.
Deve ser lembrado que a situação financeira não se deteriora abruptamente, mas sim através de um processo continuado de erros e déficits operacionais, que podem ser corrigidos com a tomada de medidas drásticas voltadas a redução de despesas e aplicação seletiva das disponibilidades existentes.
Esta deve ser a principal preocupação do governo municipal no ano de 2015, pois as suas já conhecidas carências podem se agravar pelos reflexos produzidos no âmbito federal e estadual, que se preparam para enfrentar a austeridade de um início de governo extremamente difícil, com a tomada de medidas impopulares como redução de créditos e investimentos e limitação de recursos não vinculados postos à disposição dos Municípios.
Se nada for providenciado neste momento crucial e decisivo, o Prefeito Municipal, jovem, hábil na arte de fazer política e com promissor futuro, pode sucumbir na mediocridade de uma administração carregada de improvisos, a qual somente restará torcer para acabar logo, enquanto continua a rolar dívidas através do recriminável expediente de comprometer a receita futura, com a conseqüente postergação do pagamento de débitos vencidos, negociados com instituições financeiras.
Neste contexto causa estranheza a euforia do governo com a realização da licitação para a construção de um viaduto, dizem que com recursos próprios, obra de substancial valor e a que mais entusiasma o Prefeito.
Lamentavelmente, se a pretensão do Prefeito for mesmo a realização de tal obra com recursos próprios, a situação se complica ainda mais, pois, historicamente, os recursos da arrecadação própria, mal conseguem manter as despesas ordinárias do Município. O exemplo está na sua própria administração.
Exercitando o otimismo próprio da comunidade araguarina, a esperança é que profundas mudanças no âmbito da administração pública sejam promovidas no próximo ano, possibilitando ao governo a realização das suas metas e à população, concretização das suas legítimas reivindicações e necessidades.
Um ótimo ano a todos!
* Advogado
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