Fora do contexto
Neiton de Paiva Neves *
(Artigo publicado originalmente no jornal Botija Parda, edição de 31/12/2014)
Não sei se devemos ser pessimistas ou otimistas com relação a 2015 .
Circulam por aí previsões nada boas para o Brasil e para o mundo. Em alguns casos, a situação desalentadora, antes apenas anunciada e aparentemente distante, é real e piora a cada ano.
Quem acreditava, pergunto, nas anunciadas e sérias consequências das mudanças climáticas do planeta,causadas pela descontrolada e irracional ação humana que já destruiu grande parte da natureza, devastando florestas, provocando a poluição do ar, dos rios e do mar, a degradação das terras pela ação dos agrotóxicos etc?
(Artigo publicado originalmente no jornal Botija Parda, edição de 31/12/2014)
Não sei se devemos ser pessimistas ou otimistas com relação a 2015 .
Circulam por aí previsões nada boas para o Brasil e para o mundo. Em alguns casos, a situação desalentadora, antes apenas anunciada e aparentemente distante, é real e piora a cada ano.
Quem acreditava, pergunto, nas anunciadas e sérias consequências das mudanças climáticas do planeta,causadas pela descontrolada e irracional ação humana que já destruiu grande parte da natureza, devastando florestas, provocando a poluição do ar, dos rios e do mar, a degradação das terras pela ação dos agrotóxicos etc?
Poucos ligavam para isso e muitos achavam que se de fato viesse a acontecer algo grave seria daqui a anos e a milhares de quilômetros de distância, como tempestades, enchentes, vendavais, enchentes, tsunamis, coisas assim ou parecidas, mas não aqui e agora.
No entanto, as tragédias previstas estão ocorrendojá e em nossa porta, aqui e não só longe de nós, além das que, por enquanto, distantes estão até nos alcançarem.
Fiquemos, como exemplo, na falta de chuvas. No Brasil, a seca era estigma do nordeste, hoje não mais.
Itu, cidade paulista famosa pelo exagerado tamanho de suas coisas e pela visita de um extraterrestre que lá supostamente esteve,viveu meses de total falta de água para o consumo.
Na cidade de São Paulo, megalópole afogada na poluição, nos congestionamentos e na violência, o povo sofre pela pouca água que lhes resta.
Água é vida. Segundo a ciência, os primeiros seres vivos da Terra foram microrganismos que se alimentavam de substâncias existentes nos oceanos, dando origem a todos os outros que vieram depois. Segundo a religião, Deus criou o homem a partir de uma porção de barro, mistura de água e de terra, à qual animou com Seu sopro.
E lhe disse: “Crescei, multiplicai e dominai a Terra”. Mas, parece que o Homem entendeu que era para crescer, multiplicar e arrasar a Terra, e levando isso a sério a tem tratado muito mal eagressivamente.
O fato é que todo ser vivo, dentre eles o homem, não vive sem água. A história da humanidade se fez e se faz com total dependência dela. Aldeias e cidades surgiram às margens de rios e riachos. É vital para o homem e essencial na indústria, na agricultura, na pecuária, na geração de energia etc.
A escassez da água em muitos países gerou atividade lucrativa nova, que é sua venda em grande quantidade e a alto preço, como uma simples mercadoria, commodities, como são as frutas, legumes, soja, milho, minério etc., com a diferença de ser finita e impossível a vida sem ela.
Há estudo sério concluindo que dentro de 20 anos o consumo mundial de água potável vai ser mais de 50% superior à quantidade dela hoje disponível.
E já existe ação do Banco de Mundial, articulada com grandes corporações multinacionais, para a privatização do fornecimento de água, temendo-se que as populações mais carentes não possam pagar pelo consumo. Isso já ocorreu na cidade de Cochabamba, na Bolívia (onde a experiência não deu certo e tiveram que voltar atrás) e em outros lugares.
Por outro lado, ainda tímidas, multiplicam-se ações de pessoas e algumas instituições, conscientes da gravidade dessa situação, no sentido de implantar políticas e ações para o uso sustentável e melhor aproveitar a água, tanto no cotidiano doméstico, onde todos podem fazer sua parte, quanto em escala maior, como no reuso, na captação da água da chuva, em instalações e equipamentos hidráulicos inteligentes, por exemplo.É apenas um tardio, porém, um bom começo para tentar evitar o pior.
Muitos líderes de hoje chegam a dizer que, se no século passado as guerras foram pelo petróleo, neste e no próximo serão pela água, ou por sua falta.
Espero que me desculpem, porque este não é um assunto ideal no contexto desta edição de fim de ano deste jornal, em que é de estilo a irrestrita adesão ao espírito de festa, descontração e comemoração.
Mas, é claro, como todos, meu desejo é que todos tenham dias melhores e felizes, saúde, paz, prosperidade e alegria no ano novo. E muita disposição de se aplicarem em fazer tudo o que puderem para que assim possa ser e para que a Esperança resista em nossos corações.
*Advogado
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