Header Ads

Promessa é dívida


Marília Alves Cunha

Tenho a impressão de que pouquíssimos brasileiros ainda guardam na memória os discursos e promessas feitas durante a campanha presidencial de 2010. Se fosse para escolher um candidato pelo visto e ouvido, creio que o dilema seria grande, pois os mesmos acabaram se desnorteando e desnorteando a platéia brasileira com temas que não representavam uma resposta às necessidades deste Brasil gigante. Aconteceu o previsto: o presidente Lula ganhou a parada, depois de apontar por meses e fio sua tutelada. E ela assegurou o lugar no alto do pódio.

Do discurso de posse da Presidente penso que muitos se lembram. Discurso forte, emocionado, de agradecimento e de promessas, merecendo destaque a política de continuidade do governo anterior com foco na área social. Indicou a necessidade de várias reformas e exaltou o pré-sal como o caminho mágico para o maior desenvolvimento do país. Exaltou, entre outras, a necessidade de colocar a educação no lugar que merece e abordou temas como a segurança, o meio ambiente, a saúde e o grande desafio: retirar l8 milhões de pessoas da pobreza.

Palavras são palavras e as dificuldades enfrentadas são reais, pondo em risco qualquer boa intenção de cumprir o alegado. A presidente sabia, por exemplo, que teria diante de si, à frente dos ministérios, o pior conjunto de pessoas que se poderia imaginar? E que tudo a um tempo pareceria desabar, tantas as fraudes, os golpes, as propinas? Sabia a presidente que os brasileiros não estão mais a fim de explicações superficiais e nem irão engolir esta história de “demite e pronto, está solucionado o malfeito” e que há de se tocar a fundo na questão e levantar todo o tapete que encobre os crimes dos Ministérios já apontados como suspeitos? Sabia a Presidente da quantidade de ONGs que se alastrou pelo país, grande parte delas existentes apenas no papel e fartamente escoradas pelo dinheiro público? Este fato penso que a presidente não sabia, pois a imprensa somente agora descortinou a história: a bolsa família, tão valorizada, tão aplaudida, está também servindo a grupos indígenas estrangeiros de fronteira, que usam documentos falsos para receber o benefício e outros que já nem conseguimos enunciar, tantos são... Sabotamos nossa miséria para acolher a de fraudadores. Vale a pena ver reportagem do EM “Dos filhos de outro solo também és mãe gentil”, de 07/11/2011. A saúde pública não só está na UTI por falta de vaga. E a segurança? Nunca se viu neste país tanta violência, tanta droga, tanta prisão superlotada e inútil à recuperação de presos. Um país onde uma juíza é morta por combater os crimes das milícias e onde um deputado do RJ é obrigado a deixar o país, tais as ameaças recebidas do crime organizado, não é digno de chamar-se democrático e defensor dos direitos humanos.

A presidente em seu discurso pediu coragem ao povo brasileiro. Isto temos tido e uma dose elevada de paciência. E pedimos aos nossos governantes uma coragem ainda maior para enfrentar de peito aberto a corrupção, que é um dos males que esfrangalha este país, o impede de crescer e tornar-se o país dos sonhos de todos os brasileiros. E que não se abatam contra os que, com sua ganância e caráter nada recomendável, lutam para transformar o país num canteiro irrecuperável de desprezo para com a coisa pública.

Um comentário:

  1. De modo geral as promessas nada mais são que metas divulgadas pelos políticos. A promessa apenas serve para comunicar a sua capacidade em assumir desafios e de mentir ou não, mas nada garante que se realizarão. O eleitor faz de conta que acredita e o político faz de conta que vai cumprir. Para todas as promessas uma programação orçamentária anual para deputados e senadores discutirem depois de consultadas as bases... E assim, “prometer não é dar, mas a tolos contentar.”

    ResponderExcluir

Os comentários neste blog passam por moderação, o que confere
ao editor o direito de publicá-los ou não.