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Fila de banco ou banco não fila

Aristeu Nogueira Soares

De início quero contar que a Câmara de Goiandira não aprovou a Lei de Espera em Fila de Banco. Primeiro porque o Banco do Brasil é a única agência bancária na cidade e opera praticamente de favor. O lucro é pouco ou inexistente. Caso multas fossem aplicadas sistematicamente poderiam fechar a agência e, como se diz por aqui, "nem tico nem taco nem farinha no saco".

O segundo motivo é que os próprios usuários são responsáveis pelos atrasos. O terminal eletrônico dá um banho nos clientes - poucos são aqueles desenvoltos com a máquina. É preferível ir à fila normal que levar uma surra tecnológica do caixa eletrônico. Quem nunca apanhou? Também há a falta de confiança nos depósitos em envelopes bem como do pagamento em débito em conta. A melhor autentificação é aquela da boca do caixa.

A agência abre às onze horas e fecha, não sei o porquê, às quinze horas.

Outro dia eu era o primeiro da fila externa à maldita porta rotatória. Para tal façanha tive que chegar cinquenta minutos antes. Naqueles cinquenta minutos, quatro clientes foram atendidos pela gerência com uma certa facilidade, antes do horário oficial de abertura. Como cidadãos normais, no caso excepcional eu, invejam aqueles de influência!

Antes mesmo daquele lerdo relógio bancário marcar onze horas, quatro idosos já estavam à minha frente. Se eles podem chegar quarenta minutos antes por quê não podem esperar este mesmo tempo numa fila sem preferências? Esta é uma Lei que pegou tanto que apenas vão entrando à frente sem dizer nada, sem pedir licença e nem se justificar da intromissão. Não se estampa atualmente a idade facilmente em muitas caras, nem sintomas de gravidez e, quando muito, uma deficiência bem acentuada. Resumindo, o pessoal beneficiário desta exclusividade são abusados, o que permite, inclusive, que alguns caras-de-pau utilizem indevidamente tal Lei.

Ao ir na agência de Goiandira relaxe, pois a maioria dos clientes são idosos caras-de-pau que vão viver ainda por muito tempo.

Eu não sei qual a política bancária na satisfação da clientela, pois, no caso de Goiandira, existem apenas dois caixas e sempre em um há uma tabuleta com os seguintes dizeres: "Dirija-se ao caixa ao lado". Nunca vi os dois trabalhando conjuntamente. O que me deixa risonho é que nesta tabuleta existe uma seta supostamente desnecessária indicando o caixa ao lado... tão próximo!

Dentro do banco, ainda cinco idosos e ou outros beneficiários da Lei dos sem tempos, a mais cumprida no Brasil, me ultrapassaram.

O único caixa saiu pra almoçar e o substituto levou cerca de dez minutos pra receber o caixa. Quando chegou a minha vez, o meu estômago marcava muito mais que o meio dia e meia do relógio lerdo bancário. Dava impressão que estava ali há séculos. O pior é que eu precisava de apenas dois minutos a sós com o caixa. Com fome e puto, pessoas bipolares emputecem sem muita razão, abandonei a agência amaldiçoando-os a todos com toda a minha falta de fé.

No dia seguinte, ao conferir minhas transações, via internet (que felicidade este terminal meu a qualquer hora), notei um depósito não-identificado de pouco mais de cinco reais em minha conta. Na minha outra visita obrigatória à agência a caixa informou-me que no momento do fechamento do seu caixa, da outra vez, havia exatamente aquela pequena sobra. Identificou-a como minha e fez o estorno. Achei-os muito corretos, pelo menos com aquela quantia. Às vezes um só caixa trabalhando permite-nos ser reconhecidos.

Moral da história: Até um grande matemático, quando nervoso, erra na conferência do troco. hehehehe

2 comentários:

  1. O GOLPE NO BANCO

    Doutra feita, ainda comigo em Brasília, num tempo que longe vai, lembro-me de uma agência do BEG, Banco do Estado de Goiás, na quadra 505 Sul, muito movimentada. Por mais que fosse repleta mantinha um equipamento do século pretérito muito mais que imperfeito. Os arredores goianos tornavam tal agência primordial, mas as filas eram intermináveis. O que mais deixa a gente, brasileiros profissionais de fila, enraivecida é a pouca importância que os funcionários de banco dão ao tamanho da fila, pelo menos naquela época, período mesozóico de multas, ou seria paleolítico? Parecia que quanto maior a fila mais ficavam morosos – operação catraca de tartaruga. Outra coisa de impaciência é ver alguém, ao ser atendido, ficar batendo papo com o caixa, sobre assuntos de novela, aumentando ainda mais a permanência na fila de nós outros.
    De vez em quando eu era forçado a viver tal filme na Asa Sul, pois mantinha algum tipo de negociação com minha cunhada, cliente daquela espelunca, e havia necessidade de fazer alguns depósitos à distinta. Como a agência era uma espelunca reiterada – e eu também – então ia de qualquer jeito. Chinelo de dedo, short “tak-e-tel” e camiseta cavada era minha indumentária, além de uma cara inimitável de muito coitado.
    Naquele tempo e lugar, haviam filas personalizadas: Filas Vips BEG-Master, filas medianas para clientes especiais Super BEG, Fila diminuta BEG-FIVE STARS para executivos e Hiper BIG-BEG Fila, chamada de “que-deus-nos-acuda”, para aquela massa mal-vestida, sudorenta e impaciente, o meu grupo.
    Eu, num ato de desespero, apesar do figurino não combinar, entrei na menor fila – a dos executivos. Tinham dois bacanas à minha frente e, eu ali folgadão, me senti o próximo, aquele que é amado. Atendimento muito rápido, assustador aos desacostumados, pois nem deu tempo do guarda ver-me e tirar da fila que não me pertencia. Era lógico e evidente que eu não me tratava de um Executivo, quando muito um Zé do cultivo.
    A fila de onde eu devia me figurar é bem capaz de ainda não ter chegado a minha vez. Acredito que muitos entraram na fila do BEG e chegaram ao caixa do Itaú, muito depois da incorporação ou privatização ou fusão ou confusão ou tapeação.
    A Caixa, quando chegou a minha vez, parecia que, sádica, estava sedenta a me dizer: “A sua fila é aquela láaaaa... longe”, mas antes dela sonorizar tais pensamentos eu disse num tom de dar dó: “Ôu, dôna, guardaí pra mim”.
    Entreguei, parecendo um cigarro de palha, a ficha de depósito com o dinheiro enrolados um no outro. Ela tentou argumentar: “Senhor, esta fila não é para o senhor, é para clientes executivos.”
    Com cara, agora de piedade infinita, balbuciei: “Pusquê? Vim nela porcaudequê azôtra tá muito grande e eu num sô bôbo tomem”.
    Ela foi firme então: “Senhor está escrito ali naquela tabuleta.”
    E eu, retorcido, quase choroso, falando mais próximo, como que envergonhado, disse a ela: “Me adiscurpe... É que num tenho leitura”.
    Diante do caso de enorme anomalia, ela atendeu-me alertando que da próxima vez procurasse a fila devida. Acho que de morte...
    Ainda disse-lhe do fundo do coração, desta vez sem fingimento: “Muito gardicido” e saí saltitante por mais um golpe na praça.

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  2. Por educação, acho que o idoso ou outros que tenham prioridade devem justificar-se quando entram na frente das outras pessoas nas filas. Muitas pessoas abusam do benefício. Conheço um rapaz que, antes de ir ao banco vai em casa pegar o bebê... Tenho a impressão que o bebê vai ser bancário... e tem a moça que, antes de ir ao banco, corre a buscar a vovozinha. Êta gente abusada!!!! O comentário do Aristeu é outra crônica interessante e divertida. "Muito gardicida" por nos proporcionar momentos bons com suas escritas...

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