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Haja tempo!



Neiton de Paiva Neves







“1.000 lugares para conhecer antes de morrer”, “1.000 livros para ler antes de morrer”, “1.000 filmes para ver antes de morrer”, “1.000 discos para ouvir antes de morrer”, e outros listando coisas que deveríamos fazer antes de partir, chamam a atenção nas livrarias.

São volumes fartos, bonitos, com excelente impressão em cores, relativamente baratos, de leitura fácil e prazerosa. A primeira vista, apenas fontes e boas referências e indicações.

Mas, diante daquilo que sugerem, as perguntas inescapáveis: vai dar tempo de conhecer 1.000 lugares, ler 1.000 livros, assistir 1.000 filmes e ouvir 1.000 discos, antes de morrer? E alguém quer mesmo conhecer esse número de lugares, de livros, de filmes e de discos?

Eu, por exemplo, não quero e mesmo se quisesse sei da impossibilidade, o que não me faz nenhuma diferença. E por isso, não 1.000, vendo filmes, ouvindo discos etc., enquanto vivo a minha idade secreta.
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Quando digo idade secreta refiro-me à expressão que a escritora espanhola Eugenia Rico, em seu livro “A Idade Secreta” (ed. Rocco, tradução de Ebréia de Castro Alves), sobre o qual já falei aqui, assim definiu: “Todos temos a mesma idade. Eu, ela, você também. Porque a verdadeira idade são os anos que nos restam para viver, e esses ninguém sabe. Esses são a verdadeira Idade Secreta. Um dia, entretanto, sem querer, você conhece sua verdadeira idade”.

Assim, é possível conhecer alguns lugares, aqui, ali e acolá. Ler, alguns livros, por exemplo, o de Palmério Dória (com a ajuda de Mylton Severiano), “Honoráveis Bandidos”, já na 4ª edição e com mais de 30 mil exemplares vendidos, de conteúdo demolidor. E também o último best-seller de Dan Brow (na linha dos anteriores (“Código da Vinci”, e ‘Anjos e Demônios’, por exemplo), “O signo perdido”, é obra de consumo rápido e nem por isso desinteressante, no sucesso da qual, gerados por oportunistas, surgiram inúmeros “filhotes”, como “Segredos do signo perdido”, “Chaves do signo perdido”, “Filosofia do signo perdido, com os quais não perco tempo.

E assistir filmes, como o milionário “Avatar”, de James Cameron (diretor de “Titanic”) espetáculo visual nunca visto no cinema, com um enredo que está provocando especulações diversas, campeão de bilheteria e candidato ao Oscar, disputando, dentre outros, com “Guerra ao Terror”, de baixo orçamento, dirigido por Kathryn Bigelow, ex-mulher de Cameron. E também “Sherlock Holmes”, versão atual de uma aventura do mais famoso dos detetives da ficção que, embora se desenrole no final do século XIX, é cheia de modernismos, e novidades, com destaque para as habilidades marciais do herói, antes conhecido apenas por sua incrível habilidade de raciocínio dedutivo.

Ou ainda para ouvir uns poucos discos, dentre os quais “Slow Music” (gravadora Biscoito Fino), da cantora e compositora Joyce, leve, que apreciei muito e recomendo.

Pois é, nem passa perto de 1.000, cada qual, os lugares, os livros, filmes e discos que consegui ir, ler, assistir e ouvir. Mas, foram suficientes para desfrutar de bons momentos e ajudar a conviver com as notícias da bandidagem em Brasília e em muitos outros lugares, das tragédias causadas por terremotos, enchentes e secas e tantos mais fatos lamentáveis que invadem nosso cotidiano e provocam nossa indignação e consternação. E, o que é pior, nossa quase impotência diante deles, com tempo ou sem tempo.

3 comentários:

  1. Eu tenho muitas coisas ainda pra fazer antes de morrer e uma delas é curvar-me em reverência perante o Dr Neiton.

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  2. Aproveito a oportunidade para falar de outro livro escrito há mais de 2.300 anos e a leitura é recomendada com muita freqüência e parte dele é dedicada às futilidades da vida. Foi bom tê-lo lido antes de morrer. Diz lá, mais ou menos assim e com minhas palavras: “É possível ser feliz num mundo tão competitivo? Quanto mais conhecimento conseguimos acumular mais entendemos que ainda falta muito a aprender. É por isso que sofremos. Trabalhar em excesso é como perseguir o vento. A felicidade só existe para quem conseguir aproveitar agora os frutos do seu trabalho”. Tão antigo e hoje nem precisamos ir até uma biblioteca ou levantar da cadeira para ir até a estante, basta escrever no Google a palavra Eclesiastes e ver um show de sabedoria que não podemos aqui estender, mas está na Bíblia como inspiração e fonte de vários livros...

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