Vade retro, corrupção!
Marília Alves Cunha
“Quando os homens são puros, as leis são desnecessárias; quando são corruptos, elas são inúteis."
(B. Disraeli)
Por falta de melhor opção ou talvez atendendo a seu lado “voyeur” e fofoqueiro, milhões de pessoas assistem o BBB. O Zé Simão, da Folha de São Paulo, apelidou o programa de Big Tédio Brasil, explicando-se: mais animado é espreitar o circuito interno de segurança do prédio (vigia tirando meleca do nariz, vizinhas contando as últimas, porteiro azarando toda mulher que passa e coisas mais). Parece que o Brasil está passando por uma idade das trevas em seus aspectos culturais, principalmente na música (todas as “frutas” resolveram cantar e compor, com enorme sucesso). Blackout no intelecto!
E pior, o que em parte desencadeia muitos males é a corrupção. CORRUPÇÃO, ensina o mestre Aurélio, significa perversão, putrefação, depravação, devassidão. Os habitantes deste lodo mal cheiroso têm plena consciência da amplidão de seus crimes. Usurpadores do bem público vivem confortavelmente em seus espaços, de costas voltadas para milhões de pessoas ungidas pela conseqüência de seus atos, pessoas que já não sabem amar, brincar, sorrir, porque lhes foi negado o essencial para viver com dignidade. Os usurpadores praticam uma espécie de genocídio físico e moral, abrigados quase sempre pela impunidade, sem que nada lhe prive da liberdade ou os obrigue a devolver os bens desviados.
Não é pela graça divina que castelos valiosos (e de péssimo gosto) caiam no colo de alguém, ou que ilhas paradisíacas sobrem para outros, mansões de luxo aqueçam os bens de funcionários públicos, Tribunais que têm o dever de controlar gastos públicos desafiem a paciência do povo brasileiro abrigando em seu interior supersalários, benefícios e privilégios e o Senado Federal, nobre casa legislativa, pague horas extras a 3884 funcionários em pleno recesso, num total de CR$ 6.2 milhões. Santa Barbaridade!
Apesar de tudo, ainda atrevemo-nos a sonhar que o país vai ser guiado por outro norte, que um belo dia a decência e a moralidade vão marcar presença nestas plagas. Atrevemo-nos a pensar que o começo não dá para mudar, mas um “happy end” é sempre possível.
Não adianta esperar que o combate à corrupção seja bandeira apenas de políticos e de poderosos. A sociedade precisa transformar-se em força ativa e participativa para que se logre êxito no combate a este mal que, tal qual praga daninha, trança suas raízes por todo o território nacional. Comecemos com a intolerância pelas pequenas corrupções, como dispensar ou fraudar nota fiscal, tentar lavar a mão do guarda para esquecer uma multa, corromper funcionários públicos para obter pequenos favores. A cultura anticorrupção deve começar em nós mesmos, em nossas casas, em nosso círculo social, em nosso trabalho. A educação, bem dirigida e orientada e os bons exemplos serão, sem dúvida alguma, a maior arma a ser usada para este movimento de intolerância. Chega de aceitação submissa ao mal feito. Se pequenos e grandes pecados tornarem-se rotineiros e banais, incorporando-se de vez a nossa cultura, certamente nunca poderemos, com a cabeça erguida e liberdade no coração dizer: tenho orgulho de viver aqui, este é um país sério!
“Quando os homens são puros, as leis são desnecessárias; quando são corruptos, elas são inúteis."
(B. Disraeli)
Por falta de melhor opção ou talvez atendendo a seu lado “voyeur” e fofoqueiro, milhões de pessoas assistem o BBB. O Zé Simão, da Folha de São Paulo, apelidou o programa de Big Tédio Brasil, explicando-se: mais animado é espreitar o circuito interno de segurança do prédio (vigia tirando meleca do nariz, vizinhas contando as últimas, porteiro azarando toda mulher que passa e coisas mais). Parece que o Brasil está passando por uma idade das trevas em seus aspectos culturais, principalmente na música (todas as “frutas” resolveram cantar e compor, com enorme sucesso). Blackout no intelecto!
E pior, o que em parte desencadeia muitos males é a corrupção. CORRUPÇÃO, ensina o mestre Aurélio, significa perversão, putrefação, depravação, devassidão. Os habitantes deste lodo mal cheiroso têm plena consciência da amplidão de seus crimes. Usurpadores do bem público vivem confortavelmente em seus espaços, de costas voltadas para milhões de pessoas ungidas pela conseqüência de seus atos, pessoas que já não sabem amar, brincar, sorrir, porque lhes foi negado o essencial para viver com dignidade. Os usurpadores praticam uma espécie de genocídio físico e moral, abrigados quase sempre pela impunidade, sem que nada lhe prive da liberdade ou os obrigue a devolver os bens desviados.
Não é pela graça divina que castelos valiosos (e de péssimo gosto) caiam no colo de alguém, ou que ilhas paradisíacas sobrem para outros, mansões de luxo aqueçam os bens de funcionários públicos, Tribunais que têm o dever de controlar gastos públicos desafiem a paciência do povo brasileiro abrigando em seu interior supersalários, benefícios e privilégios e o Senado Federal, nobre casa legislativa, pague horas extras a 3884 funcionários em pleno recesso, num total de CR$ 6.2 milhões. Santa Barbaridade!
Apesar de tudo, ainda atrevemo-nos a sonhar que o país vai ser guiado por outro norte, que um belo dia a decência e a moralidade vão marcar presença nestas plagas. Atrevemo-nos a pensar que o começo não dá para mudar, mas um “happy end” é sempre possível.
Não adianta esperar que o combate à corrupção seja bandeira apenas de políticos e de poderosos. A sociedade precisa transformar-se em força ativa e participativa para que se logre êxito no combate a este mal que, tal qual praga daninha, trança suas raízes por todo o território nacional. Comecemos com a intolerância pelas pequenas corrupções, como dispensar ou fraudar nota fiscal, tentar lavar a mão do guarda para esquecer uma multa, corromper funcionários públicos para obter pequenos favores. A cultura anticorrupção deve começar em nós mesmos, em nossas casas, em nosso círculo social, em nosso trabalho. A educação, bem dirigida e orientada e os bons exemplos serão, sem dúvida alguma, a maior arma a ser usada para este movimento de intolerância. Chega de aceitação submissa ao mal feito. Se pequenos e grandes pecados tornarem-se rotineiros e banais, incorporando-se de vez a nossa cultura, certamente nunca poderemos, com a cabeça erguida e liberdade no coração dizer: tenho orgulho de viver aqui, este é um país sério!
kkkkkk. O BBB não tá com nada, mas não tente desafiá-lo. Experimente marcar uma reunião exatamente no horário de exibição do mesmo, vai ser um fracasso... a reunião!
ResponderExcluirGrande Marília!
ResponderExcluirIsso é que é artigo simples e rico da nossa talentosa artista das letras! Exuberante descrição da corrupção que tangencia os recônditos dos meandros de muitas almas humanas imperfeitas que ainda se comprazem em viver como parasitas da sociedade. Não não vejo no corrupto falta de inteligência; ao contrário, imagino que o corrupto faz um esforço intelectual extenuante, maquinando o mal que na sua própria construção intelectual carrega um fardo pesado de muito sofrimento, pânico, desespero, angústia, solidão e fuga. Imagino que o medo do corrupto é medido milimetricamente para evitar o flagrante e o terror pela ameaça da marginalização da sua pessoa. Essas são as almas mal formadas em casa, na escola e na vida. Portanto, um fenômeno mundial onde existir o ser humano. Várias classes de seres humanos, vários níveis de atos de corrupção doméstica e socializada. Pior ainda, quanto mais desenvolvido o país mais sofisticado os artifícios e o grau de corrupção e os danos são previstos nos projetos e na contabilidade das empresas. Felizmente são minorias na sociedade, mas o risco sistêmico da ação de somente um corrupto é uma catástrofe nos efeitos que produzem na vida de vários prejudicados pela falta dos recursos desperdiçados pela indolência. Infelizmente, muitos de nós somos impotentes contra essa patologia social e vamos continuar desconfiados de tudo e de todos diante de tantas notícias de corrupção e a honestidade em nós sempre será semelha a uma ilha no lamaçal. Mas o lamaçal da corrupção ainda não é do tamanho do mar, ao menos no país do Ministério Público, da Polícia Federal, COAF, Bacen, TCU, TCE, CGU, ABIN, STJ, STF, e, felizmente, tenho fé que as ondas da corrupção são fortes, mas o MAR não invadirá a ILHA. Tenhamos fé, MARÍLIA! Mas continuemos alerta e usando os blogs de boa vontade, antes de todos nos tornarmos dedos duros! (e orai e vigiai).
Natal
Grande Marília!
ResponderExcluirIsso é que é artigo simples e rico da nossa talentosa artista das letras! Exuberante descrição da corrupção que tangencia os recônditos dos meandros de muitas almas humanas imperfeitas que ainda se comprazem em viver como parasitas da sociedade. Não vejo no corrupto falta de inteligência; ao contrário, imagino que o corrupto faz um esforço intelectual extenuante, maquinando o mal que na sua própria construção intelectual carrega um fardo pesado de muito sofrimento, pânico, desespero, angústia, solidão e fuga. Imagino que o medo do corrupto é medido milimetricamente para evitar o flagrante e o terror pela ameaça da marginalização da sua pessoa. Essas são as almas mal formadas em casa, na escola e na vida. Portanto, um fenômeno mundial onde existir o ser humano. Várias classes de seres humanos, vários níveis de atos de corrupção doméstica e socializada. Pior ainda, quanto mais desenvolvido o país mais sofisticado os artifícios e o grau de corrupção e os danos são previstos nos projetos e na contabilidade das empresas. Felizmente são minorias na sociedade, mas o risco sistêmico da ação de somente um corrupto é uma catástrofe nos efeitos que produzem na vida de vários prejudicados pela falta dos recursos desperdiçados pela indolência. Infelizmente, muitos de nós somos impotentes contra essa patologia social e vamos continuar desconfiados de tudo e de todos diante de tantas notícias de corrupção e a honestidade em nós sempre será semelhante a uma ilha no lamaçal. Mas o lamaçal da corrupção ainda não é do tamanho do mar, ao menos no país do Ministério Público, da Polícia Federal, COAF, Bacen, TCU, TCE, CGU, ABIN, STJ, STF, e, felizmente, tenho fé que as ondas da corrupção são fortes, mas o MAR não invadirá a ILHA. Tenhamos fé, MARÍLIA! Mas continuemos alerta e usando os blogs de boa vontade, antes de todos nos tornarmos dedos duros! (e orai e vigiai).
Natal
Natal, já ouvi dizer que o correto da evangelização é anunciar e denunciar. Tem até uma passagem assim: "Em cima dos telhados, proclamai" e, agentes da comunicação, veem nisto as antenas e satélites. Bloguemos!
ResponderExcluirEra para proclamar a boa nova aos quatro cantos do mundo... anunciar coisas boas. Mas temos lá no evangelho a corrupção histórica de Judas que entregou o Mestre por dinheiro, e o arrependimento o torturou tanto que suicidou, mas também tem o Mestre garantindo na cruz para o ladrão ao lado que naquele dia estaria com Ele no paraíso (me disseram que foi somente para fazer uma visita e voltou logo). Mas quantos pecados a alma humana poderá cometer antes de ser um anjo?
ResponderExcluirNatal