Pura imaginação
Marília Alves Cunha
Igual a maioria dos brasileiros acompanhei comovida e inquieta o martírio da menina Eloá. Diante do fatal desfecho e da novela em que se transformou o caso, passei a dar asas à imaginação, conjeturando sobre variadas possibilidades e rumos que poderiam ter alterado o quadro da tragédia:
- Se a polícia tivesse usado métodos tipo SWAT, tirando a vida de Lindemberg (o mocinho bom e trabalhador, diferente de um criminoso comum), coitada da Polícia! Entrariam em cena os arautos dos Direitos Humanos, advogados doidos para aparecer, opinião pública, dizendo da precipitação, da falta de tática, das falhas da negociação, da brutalidade exercida contra um rapaz que simplesmente amava demais...
- Se depois de algum tempo de negociação Lindemberg se rendesse e libertasse as reféns (coisa que ele não tinha a mínima intenção de fazer), talvez saísse sob aplausos e a polícia teria simplesmente cumprido o seu dever. Apenas um susto. O bom mocinho pagaria um preço pelo seu ato, mas poderia até dar uma entrevista para a TV e as meninas certamente tornar-se-iam celebridades por um breve tempo.
- Se a polícia conseguisse lograr êxito em seu intento (libertar sãos e salvos os três jovens), usando algum tipo de tática mais agressiva, todo mundo ficaria feliz. Mas apesar do êxito, a ação da polícia ainda seria criticada por muitos: Como é possível expor a risco a vida do agressor ( menino bonzinho, não é criminoso comum) e das reféns? E se a polícia acerta alguma das meninas, no calor da operação? Ai, Deus!
Difícil a situação das nossas polícias. Difícil a situação do povo brasileiro, cercado pela violência crescente e que parece ter se entronizado para sempre em nossas vidas. Violência contra a qual nos sentimos desprotegidos, órfãos, vítimas reais ou em potencial...
Existiram erros neste terrível caso que abalou a sociedade brasileira? Creio que sim. Muitos. A polícia tentou acertar, quis fazer o melhor? Trabalhou com o coração e a mente para dar à história um desfecho feliz? Creio que sim. Existem excelentes policiais, dedicados à profissão e fiéis ao lema de servir a sua comunidade. Quero acreditar que eles sejam maioria dentro de uma corporação.
A vida nos dá lições às vezes dolorosas e destas lições é preciso retirar proveito. Nossa polícia é mal equipada, mal preparada, mal paga. Muitas vezes é depreciada pela sociedade que não a reconhece como autoridade ou guardiã e sim como força repressora e hostil. Ao inverso, ela deve ser amada e respeitada, merecer confiança por parte da população para que cumpra com excelência seu dever. Ao Poder Público cabe repensar urgentemente a situação das Polícias, para que possam verdadeiramente ter condições de proteger o cidadão de bem, ser por eles respeitadas e temidas por quem de direito. Já levantamos todos os muros, já reforçamos todas as grades, já acionamos todos os alarmes, já nos aprisionamos em espaços cada vez menores. Não há mais nada a fazer a não ser exigir que o Estado cumpra o seu dever.
Ultimamente, vendo tanta violência nos jornais e TV, lembrei-me do jornalista Paulo Francis e no que contam as más línguas: morando em New York, de quando em vez lhe baixava um “banzo” danado, uma saudade imensa do Brasil. Mas bastava ele ler alguns jornais e revistas brasileiros, a vontade de voltar sumia logo... É isto aí!
MARÍLIA ALVES CUNHA
PROFESSORA
mariliacunha16@hotmail.com
(Crônica publicada originalmente no jornal Correio de Uberlândia)
Igual a maioria dos brasileiros acompanhei comovida e inquieta o martírio da menina Eloá. Diante do fatal desfecho e da novela em que se transformou o caso, passei a dar asas à imaginação, conjeturando sobre variadas possibilidades e rumos que poderiam ter alterado o quadro da tragédia:
- Se a polícia tivesse usado métodos tipo SWAT, tirando a vida de Lindemberg (o mocinho bom e trabalhador, diferente de um criminoso comum), coitada da Polícia! Entrariam em cena os arautos dos Direitos Humanos, advogados doidos para aparecer, opinião pública, dizendo da precipitação, da falta de tática, das falhas da negociação, da brutalidade exercida contra um rapaz que simplesmente amava demais...
- Se depois de algum tempo de negociação Lindemberg se rendesse e libertasse as reféns (coisa que ele não tinha a mínima intenção de fazer), talvez saísse sob aplausos e a polícia teria simplesmente cumprido o seu dever. Apenas um susto. O bom mocinho pagaria um preço pelo seu ato, mas poderia até dar uma entrevista para a TV e as meninas certamente tornar-se-iam celebridades por um breve tempo.
- Se a polícia conseguisse lograr êxito em seu intento (libertar sãos e salvos os três jovens), usando algum tipo de tática mais agressiva, todo mundo ficaria feliz. Mas apesar do êxito, a ação da polícia ainda seria criticada por muitos: Como é possível expor a risco a vida do agressor ( menino bonzinho, não é criminoso comum) e das reféns? E se a polícia acerta alguma das meninas, no calor da operação? Ai, Deus!
Difícil a situação das nossas polícias. Difícil a situação do povo brasileiro, cercado pela violência crescente e que parece ter se entronizado para sempre em nossas vidas. Violência contra a qual nos sentimos desprotegidos, órfãos, vítimas reais ou em potencial...
Existiram erros neste terrível caso que abalou a sociedade brasileira? Creio que sim. Muitos. A polícia tentou acertar, quis fazer o melhor? Trabalhou com o coração e a mente para dar à história um desfecho feliz? Creio que sim. Existem excelentes policiais, dedicados à profissão e fiéis ao lema de servir a sua comunidade. Quero acreditar que eles sejam maioria dentro de uma corporação.
A vida nos dá lições às vezes dolorosas e destas lições é preciso retirar proveito. Nossa polícia é mal equipada, mal preparada, mal paga. Muitas vezes é depreciada pela sociedade que não a reconhece como autoridade ou guardiã e sim como força repressora e hostil. Ao inverso, ela deve ser amada e respeitada, merecer confiança por parte da população para que cumpra com excelência seu dever. Ao Poder Público cabe repensar urgentemente a situação das Polícias, para que possam verdadeiramente ter condições de proteger o cidadão de bem, ser por eles respeitadas e temidas por quem de direito. Já levantamos todos os muros, já reforçamos todas as grades, já acionamos todos os alarmes, já nos aprisionamos em espaços cada vez menores. Não há mais nada a fazer a não ser exigir que o Estado cumpra o seu dever.
Ultimamente, vendo tanta violência nos jornais e TV, lembrei-me do jornalista Paulo Francis e no que contam as más línguas: morando em New York, de quando em vez lhe baixava um “banzo” danado, uma saudade imensa do Brasil. Mas bastava ele ler alguns jornais e revistas brasileiros, a vontade de voltar sumia logo... É isto aí!
MARÍLIA ALVES CUNHA
PROFESSORA
mariliacunha16@hotmail.com
(Crônica publicada originalmente no jornal Correio de Uberlândia)
É Marília, o Francis fazia assim mesmo, mas o melhor que o ser humano pode fazer não é ir morar num Paraíso e sim transformar onde mora num paraíso.
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